Livraria da Folha

 
24/04/2010 - 14h01

80 anos de Sarney são uma "desgraça", diz autor de "Honoráveis Bandidos"

ADRIANA CHAVES
colaboração para a Livraria da Folha

Siga a Livraria da Folha no Twitter
Siga a Livraria da Folha no Twitter

Alvo de uma série de polêmicas e personagem principal do livro de não-ficção mais vendido pela Livraria da Folha em 2009, "Honoráveis Bandidos", da Geração Editora, o senador José Sarney comemora 80 anos neste sábado (24). Para o autor do best-seller, Palmério Dória, esse aniversário significa que "o pesadelo está longe de terminar".

"Só no Brasil o Sarney poderia ter chegado tão longe, com tantos escândalos e um filho envolvido em crimes internacionais. Em geral, 80 anos é sinônimo de sabedoria, mas no caso do Sarney simboliza o império da burrice. O que se está comemorando, se é que se pode comemorar algo, é uma desgraça", afirma Dória.

Divulgação
Dória evita revelar nome do político, alvo de próximo livro
Palmério Dória evita revelar nome do político, alvo de seu próximo livro
Divulgação
Capa de "Honoráveis Bandidos"
Autor diz que imagem de Sarney de óculos na capa não é montagem

Em "Honoráveis Bandidos", o autor revela o surgimento, o enriquecimento e a tomada do poder regional pela família Sarney no Maranhão. O livro aborda também o controle do político sobre o Senado, com suas alianças e indicações, além de citar nomes e histórias de vários políticos envolvidos, direta ou indiretamente, com o senador.

Dória destaca a capacidade de sobrevivência política de Sarney, que, para ele, fatalmente o levará a se unir a futuros governos para se manter no poder. "São como vampiros viciados em grana."

Paraense, o autor foi chefe de reportagem na Rede Globo, passou pelos jornais Folha de S.Paulo, "O Estado de S.Paulo", entre outros. A família Sarney começou a chamar sua atenção quando ainda comandava o jornal "O Nacional", uma publicação de oposição ao político, criado em 1986. E aumentou com a especulação da candidatura de Roseana Sarney para a Presidência da República, em 2002.

"Foi um interesse óbvio. Estava na cara que o Sarney era um bom assunto. Antes mesmo de assumir o Senado pela terceira vez, antes das maracutaias do filho. E depois soube que ele estava planejando biografias oficiais para limpar sua vida, armando um jogo para passar para a história como o presidente da transição democrática", disse.

Na época do lançamento do livro, o senador tentou impedir sua distribuição no Maranhão, mas acabou voltando atrás depois da repercussão negativa do caso. Segundo o jornalista, apesar de não ter sido vítima de processos judiciais vindos diretamente do político, duas pessoas citadas na publicação movem ações contra ele (uma contra o livro e outra contra uma nota veiculada na revista "Caros Amigos" de um caso também citado na biografia).

Em razão disso, Dória é cauteloso para falar de sua próxima empreitada, prevista para ser finalizada em agosto. O temor é que a obra possa ser embargada antes mesmo de chegar às livrarias. "Posso adiantar que é sobre um político. Até porque, é um ano eleitoral e depois da Copa as atenções se voltarão para isso. É preciso aproveitar a oportunidade."

 
Voltar ao topo da página