Livraria da Folha

 
10/05/2010 - 11h32

Companhia das Letras lança "2666", tido como melhor romance de Bolaño

da Livraria da Folha

AP/Efe
O escritor chileno Roberto Bolaño
O escritor chileno Roberto Bolaño morreu em 2003, aos 50 anos

Lançado um ano após a morte do autor, o livro "2666", do escritor chileno Roberto Bolaño (1953-2003), é composto por cinco romances, interligados por duas tramas --a busca por um autor recluso e uma série de assassinatos na fronteira México-EUA. O livro será lançado pela Companhia das Letras em 20 de maio.

A primeira história narra a trajetória de quatro pesquisadores de literatura --um espanhol, um italiano, um francês e uma inglesa-- que se dedicam à busca do obscuro autor alemão Benno von Archimboldi. Esses críticos começam a construir relações mais pessoais do que impessoais, dentro e fora dos seminários que participam. Um triângulo amoroso é iniciado. Ao mesmo tempo, von Archimboldi torna-se mais conhecido, a tal ponto de surgirem rumores de que ele possa ganhar o prêmio Nobel.

Na segunda, Bolaño conta sobre a agonia de um professor mexicano às voltas com seus problemas existenciais. O terceiro romance é sobre um jornalista esportivo que se envolve com crimes cometidos contra mulheres da cidade de Santa Teresa, no México.

Divulgação
Bolaño apresenta cinco narrativas interligadas por 2 tramas centrais
Bolaño apresenta cinco narrativas interligadas por 2 tramas centrais

A quarta parte, a mais extensa da obra, os crimes de Santa Teresa são narrados com toques de linguagem policial. Na última, o leitor retorna com o autor à Segunda Guerra Mundial e se torna testemunha do passado misterioso de von Archimboldi.

Vencedor do National Book Critics Circle Award nos Estados Unidos e eleito o livro do ano pela "Time Magazine", "2666" discute a natureza do mal, a relação entre cultura e violência e, mais uma vez, a situação do intelectual latinoamericano --tema sempre presente nas obras de Bolaño.

Bolaño nasceu no Chile e cresceu no México. Retornou ao país natal no começo dos anos 1970. Derrubado o regime de Allende, em 1973, o escritor foi perseguido e passou alguns dias na prisão. O chileno começou a publicar seus livros aos 40 anos, já residindo na Espanha.

Veja obras de Roberto Bolaño já publicadas no Brasil.

*

"Estrela Distante" (2009) : O autor faz do livro um retrato subjetivo da sua própria geração, que tinha em torno de 20 anos quando ocorreu a derrubada do governo Salvador Allende e a implantação de uma ditadura militar.

"Amuleto" (2008) : O livro trata da invasão do campus da Universidade Nacional Autônoma do México pelas tropas do exército, em 1968. Aqui, temos a única narradora feminina em toda a obra do escritor chileno. Seu relato configura uma homenagem aos poetas e artistas do México, mexicanos ou exilados espanhóis e latino-americanos.

"Putas Assassinas" (2008) : Do escritor desconhecido que vagabundeia pela França e pela Bélgica ao filho de uma prostituta que revê os filmes censurados da mãe grávida, Bolaño mergulha-os em sua amarga ironia e acaba se identificando com cada um deles.

"A Pista de Gelo" (2007) : Primeiro romance publicado por Bolaño, em 1993, este romance policial revela a trama aos poucos e envolve o leitor como o detetive que analisa as pistas e desvenda o mistério.

"Os Detetives Selvagens" (2006) : Com humor e ironia, Bolaño faz o balanço de uma geração intelectual jovem quando havia projetos de transformação radical da América Latina e do mundo.

"Noturno do Chile" (2004) : Um denso monólogo composto por dois parágrafos: o primeiro ocupa quase todo o livro, e o segundo é uma frase de apenas oito palavras. Bolaño mistura personagens reais e ficcionais, e acerta suas contas com a ditadura chilena e com a vida literária do país.

 
Voltar ao topo da página