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22/09/2006 - 15h06

Relatório aponta negligência a vítimas dos ataques a Londres

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da Ansa, em Londres

As vítimas dos atentados de 7 de julho de 2005 em Londres não receberam o auxílio adequado dos serviços de emergência por falta de planejamento prévio, concluiu nesta sexta-feira um relatório oficial.

O documento do Ministério do Interior, intitulado "Lições Aprendidas", foi baseado em entrevistas com sobreviventes dos ataques a três vagões do metrô e um ônibus em Londres. No episódio, 52 pessoas morreram e cerca de 700 ficaram feridas.

De acordo com esse relatório, muitas vítimas não receberam o apoio e a ajuda de que necessitavam e centenas de familiares precisaram percorrer durante horas os hospitais da cidade em busca das pessoas atingidas pelos atentados.

O estudo, no entanto, elogiou o profissionalismo e a coragem dos funcionários dos serviços de emergência naquele dia.

A pesquisa, realizada pelo Ministério do Interior, centrou-se nas lições que poderiam ser aprendidas com os ataques de 7 de julho.

Barbárie

O relatório aponta que os ataques ao metrô londrino foram um ato de barbárie. Além disso, diz que as linhas telefônicas de emergência não conseguiram dar conta do volume de telefonemas de familiares preocupados com seus parentes.


O relatório criticou o fato de muitos dos feridos terem saído por conta própria das estações caminhando em busca de ajuda médica, em vez de receber esse tipo de atendimento no local e de imediata.

Para o governo, uma das possíveis soluções para resolver um problema similar poderia ser a criação de centros de recepção em várias partes do país, que trabalhariam em conjunto para dar assistência a vítimas de atentados.

O subcomandante da Polícia do Transporte Britânico, Andy Trotter, declarou ser normal que, depois de um atentado como o do ano passado, os serviços de emergência aprendam com os erros cometidos.

"Somos muito autocríticos. Acreditamos que cometemos erros e estamos analisando como aprender as lições. Apesar de, naquele dia, algumas coisas terem saído bem, sempre haverá o que melhorar", acrescentou.

A ministra da Cultura Tessa Jowell afirmou que a revolta das vítimas dos ataques pela resposta dos serviços de emergência "foi justificada" e que as desculpas pelas falhas "não devem servir como explicações".

O governo de Tony Blair se negou a realizar uma investigação independente sobre os erros cometidos na resposta aos atentados. Segundo Jowell, as autoridades do país são contra tal investigação oficial, pois significaria "um desvio enorme dos recursos econômicos de segurança, que são necessários para prevenir que um ataque semelhante volte a ocorrer".

Em maio passado, um grupo de parlamentares de vários partidos políticos concluiu, em um relatório, que os atentados de 7 de julho de 2005 poderiam ter sido evitados. Outros relatórios também foram publicados pelo Ministério do Interior e pela Assembléia de Londres, cada um deles analisando a resposta dos serviços de emergência, da polícia e do governo.

Contradição

Já o London Resilience Forum publicou nesta sexta-feira seu próprio relatório sobre os atentados terroristas contra Londres e concluiu que a resposta dos serviços de emergência "foi muito bem-sucedida".

O London Resilience Forum, uma coalizão formada pelos serviços de emergência e de transporte da cidade, pelo Serviço Nacional de Saúde e pelos governos central e local, foi criado depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos para estudar planos de resposta a eventuais ataques no país.

"Porque vimos uma ação rápida, profissional e efetiva depois dos atentados de 7 de julho em Londres, a situação pôde ser controlada e a potencial perda de vidas em massa foi reduzida consideravelmente", informa o relatório. "Quatro anos de planejamento e exercícios deram grandes resultados", afirma o texto, que contradiz o outro documento.

O Ministério do Interior indicou que serão feitas melhoras no departamento responsável pelas emergências, nos sistemas de comunicação e de pagamento de compensações.

"Em tempos de crise, a informação e o apoio devem estar facilmente disponíveis para aqueles que necessitam", disse o ministro britânico do Interior, John Reid. "Conseguir a ajuda correta é de importância crítica e estamos trabalhando duro para reforçar nossas respostas para os serviços de emergência", diz.

Especial
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