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07/10/2006 - 16h51

Jornalista que criticava guerra na Tchetchênia é assassinada em Moscou

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da France Presse, em Moscou

A jornalista russa Anna Politkovskaya, conhecida por sua cobertura crítica da guerra na república separatista da Tchetchênia, foi encontrada morta neste sábado em Moscou.

O corpo da jornalista, com marcas de tiro, foi encontrado à tarde por uma vizinha na entrada de seu edifício, no centro de Moscou, segundo uma autoridade policial que pediu anonimato.

Dmitri Muratov, o redator-chefe do jornal onde a jornalista trabalhava, o periódico bissemanal "Novaia Gazeta", confirmou a morte da jornalista na rádio "Eco" de Moscou.

A promotoria também confirmou a informação e abrirá uma investigação por "assassinato com premeditação", enquanto seus colegas afirmaram que a morte se deve, quase com certeza, ao trabalho jornalístico de Politkovskaya.

A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional manifestou sua "cólera" pela morte de Politkovskaya e afirmou que o assassinato se deveu "a seu trabalho de jornalista", que servia de testemunho das violações dos direitos humanos na Tchetchênia.

A entidade exigiu ainda "que as autoridades russas investiguem sua morte de forma minuciosa e imparcial, que publiquem os resultados da investigação e que os supostos autores sejam julgados, respeitando o direito internacional".

A Anistia Internacional também pediu às autoridades que "tomem medidas urgentes para garantir que todos os defensores dos direitos humanos e os jornalistas independentes, inclusive os que trabalham no Cáucaso, possam realizar sua atividade em total segurança".

Politkovskaya, 48, alcançou a fama na Rússia e no exterior por contar de forma persistente e geralmente arriscada as atrocidades das tropas russas e das milícias da Tchetchênia na guerra, assim como por revelar a corrupção dentro das Forças Armadas.

Seu trabalho contrastava cada vez mais com o restante dos meios de comunicação russos, que em sua maioria ignoram os temas politicamente explosivos desde que o presidente Vladimir Putin chegou ao poder, em 2000.

"Havia sempre um sentimento constante de que algo poderia acontecer com ela", disse Oleg Panfilov, do Centro de Jornalismo em Situações Extremas, um grupo que defende os direitos dos jornalistas.

Panfilov afirmou que a repórter já havia sido objeto de ataques antes. O carro de sua filha chegou a ser retido por pessoas que acreditam que Politkovskaya estaria dentro do mesmo.

"Está claro que a primeira coisa que vem à cabeça é um assassinato relacionado a suas atividades profissionais", disse o editor do jornal Moskovskiye Novosti, Vitaly Tretyakov.

Em janeiro de 2000, Politkovskaya recebeu o Golden Pen Award da União de Jornalistas Russos e em fevereiro de 2003 a Organização para a Segurança e a Cooperação da Europa concedeu a ela o prêmio Jornalismo e Democracia.

A jornalista russa publicou vários livros, entre eles "Viagem ao inferno. Diário da Tchetchênia", em 2000, e acabara de lançar "Rússia segundo Putin".

Tatiana Lokshina, diretora do grupo de defesa dos direitos humanos Demos e especialista na guerra da Tchetchênia, afirmou que a morte da repórter russa é uma "tragédia para a Tchetchênia". Panfilov a descreveu como "a consciência do jornalismo russo".

Especial
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