Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
11/10/2006 - 18h00

Fim da URSS arrasa economia da Coréia do Norte nos anos 90

Publicidade

VINICIUS ALBUQUERQUE
da Folha Online

A economia da Coréia do Norte sofreu um forte declínio nos anos 90, depois da extinção da União Soviética. O PNB (Produto Nacional Bruto, que é o PIB mais a renda líquida recebida do exterior) per capita caiu cerca de um terço entre 1990 e 2002, segundo estimativas do Departamento de Estado dos EUA.

Apesar de uma ligeira recuperação nos últimos anos, os padrões de vida dos norte-coreanos estão muito baixos, diz o departamento. Desde as enchentes ocorridas em 1995, a população do país enfrenta graves problemas de falta de alimentos e desnutrição.

O governo norte-coreano chegou a receber ajuda do WFP (sigla em inglês para o Programa de Alimentação das Nações Unidas), mas a ajuda foi suspensa no fim do ano passado. Desde então, a escala do programa foi significativamente reduzida.

As doações de alimentos vêm principalmente da China e da Coréia do Sul --este ainda doa fertilizantes e outros materiais (que foram suspensos depois dos testes com mísseis realizados pelo governo norte-coreano em julho deste ano), enquanto a China fornece energia.

A falta de combustíveis, peças de reposição e outros insumos prejudica o desenvolvimento da indústria no país. A infra-estrutura, além de insuficiente, é ultrapassada, o que impede um crescimento mais expressivo do PIB --que fica ainda mais comprometido com o nível de gastos militares do país.

Política de desenvolvimento

Em 1991, o governo da Coréia do Norte criou uma zona econômica especial nas cidades de Najin, Chongjin e Sonbong (nordeste do país), mas os problemas com infra-estrutura e burocracia e as incertezas sobre a viabilidade e a segurança dos investimentos prejudicaram o projeto.

Em 2002, o governo anunciou o plano de criação de uma zona administrativa especial na cidade de Sinuiju, próxima à fronteira com a China. Pouco se fez desde então e o futuro do projeto é incerto, na avaliação do departamento. Outra zona econômica especial é a cidade de Kaesong --aqui, empresas sul-coreanas investem na construção de fábricas, e a intenção é criar empregos para os norte-coreanos.

Em 2002, o governo realizou reformas que incluíram mudanças nas políticas salarial e de preços, nas leis que regulam os investimentos estrangeiros, desvalorização cambial e reformas no setor industrial.

A mudança não levou a um crescimento expressivo da indústria, mas teve como efeito incetivar a iniciativa privada no nível individual. O efeito colateral das reformas, no entanto, foi um acentuado crescimento da inflação, o que levou a uma ampliação da economia informal no país.

Norte-Sul

O governo norte-coreano legalizou o comércio com a Coréia do Sul em 1998. As trocas entre os dois países passaram de US$ 1 bilhão em 2005, e inclui uma quantia expressiva de bens doados pela Coréia do Sul em caráter de ajuda humanitária ou como parte de projetos de cooperação.

Desde o encontro de cúpula de junho de 2000, os dois países reconectaram ferrovias e rodovias que atravessam a zona desmilitarizada, além de virem trabalhando para melhorar essas vias. As ferrovias, no entanto, ainda não foram testadas.

Bloqueio

Os impedimentos às relações comerciais entre os EUA e a Coréia do Norte foram bastante relaxadas desde 1950, mas os contatos comerciais entre os dois países ainda é mínimo, diz o departamento.

Os EUA impuseram um embargo econômico severo à Coréia do Norte em junho de 1950, nos primeiros momentos da guerra com o Sul. A partir de 1989, no entanto, começou um relaxamento gradual, processo que ganhou fôlego a partir de 1994, com os acordos sobre os programas nucleares do país.

Em junho de 2000, o governo americano legalizou o comércio entre os dois países, retirando a exigência de licenças de exportação para a Coréia do Norte (a licença, no entanto, ainda é exigida para os produtos comprados do país asiático).

As restrições sobre investimentos americanos e viagens de cidadãos americanos à Coréia do Norte também foram relaxadas.

Em setembro, o Tesouro norte-americano adotou medidas financeiras contra a Coréia do Norte, sob o pretexto de que o Banco Delta Asia, em Macau, havia lavado dinheiro para o país --a acusação não foi comprovada. Em fevereiro deste ano, temendo uma ação do governo americano, o banco congelou ativos norte-coreanos avaliados em US$ 24 milhões.

Veja a seguir alguns indicadores econômicos do país:

Produto Nacional Bruto*: US$ 20,8 bilhões (26,7% - agricultura e pesca; 27,2% - mineração; 13,7% - manufaturas; 32,3% - serviços).

Renda per capita*: US$ 914

Principais produtos agrícolas: arroz, batatas, grãos de soja, gado bovino e suíno e ovos.

Principais setores manufatureiros: artigos militares; maquinário e produtos químicos; metalurgia; têxteis e processamento de alimentos.

Principais produtos de mineração: ouro, carvão, minério de ferro.

Exportações (2005): US$ 1,34 bilhão (principais produtos: minerais, produtos não-metálicos, maquinário, têxteis, produtos agrícolas e de pesca).

Importações: US$ 2,72 bilhões (principais produtos: petróleo, coque, maquinário, têxteis e grãos).

Principais parceiros comerciais: China, Coréia do Sul, Tailândia, Rússia e Japão.

A Coréia do Norte supostamente tem como outras fontes de receita vendas não registradas de mísseis, drogas e produtos falsificados, como cigarros, segundo o Departamento de Estado dos EUA.

Fonte: Departamento de Estado dos EUA

*Os dados são estimativas, feitas sobre dados incompletos e projeções, segundo o Departamento de estado dos EUA

Leia mais
  • Veja cronologia dos conflitos entre EUA e Coréia do Norte
  • Excêntrico, líder da Coréia do Norte é hábil estrategista
  • Entenda o caso dos testes nucleares da Coréia do Norte

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o programa nuclear da Coréia do Norte
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página