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17/10/2006
-
10h43
FABIANO MAISONNAVE
da Folha de S.Paulo, em Quito
Nem o esquerdista Rafael Correa nem o megaempresário Alvaro Noboa: a principal notícia de ontem na eleição equatoriana não saiu dos dois candidatos que passaram para o segundo turno na véspera mas do consórcio brasileiro E-Vote, que fracassou no compromisso de entregar os resultados finais horas depois do fechamento das urnas e desapareceu sem dar explicações, tumultuando o ambiente político do país.
O consórcio E-Vote é formado pelas empresas Probank e a Via Telecom, contratadas no Brasil pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por cerca de R$ 98 milhões para dar suporte técnico na operação das urnas eletrônicas e a transmissão dos votos apurados nas eleições deste ano.
O fiasco do E-Vote foi o assunto do dia no Equador. Já pela manhã, o TSE equatoriano anunciou o cancelamento do contrato, que incluía o segundo turno, em 26 de novembro, e informou que estuda um processo judicial contra o consórcio por danos e prejuízos.
A confusão serviu também para dar mais combustível a Correa, que anteontem havia dito que as pesquisas de boca-de-urna e a apuração foram fraudadas "pelas oligarquias" para lhe tirar a vitória no primeiro turno.
Seu partido, Alianza Pais, pediu ontem ao Ministério Público a prisão do representante da empresa brasileira no país, Santiago Murray.
De acordo com a denúncia de Correa, a empresa publicou "resultados parciais que têm induzido a opinião pública ao erro para justificar um suposto triunfo do do senhor Alvaro Noboa, o que não corresponde à verdade do voto expressado pelo povo equatoriano".
Na imprensa, a atuação do E-Vote foi duramente criticada, sobretudo diante da falta de explicações do consórcio --que só se manifestou no fim da tarde, em uma entrevista coletiva (leia texto nesta página). Durante o dia, o escritório, montado no luxuoso hotel Swissotel, estava desocupado. Por volta do meio-dia, a empresa equatoriana que alugara os computadores para o E-Vote começou a desmontar a parafernália.
A irritação foi tanta que a rádio local "La Luna" chegou a pedir que seus ouvintes fossem ao aeroporto para impedir a "fuga" dos representantes.
Colapso
O problema começou por volta das 20h locais do domingo (22h Brasília), quando o sistema de transmissão de dados colapsou com a apuração presidencial em 70,59% e a legislativa no zero.
Pelo contrato de US$ 5,2 milhões, o E-Vote teria de entregar a apuração presidencial exatamente nesse horário --três horas depois do fechamento das urnas, às 17h. Já a eleição parlamentar deveria ter sido entregue às 22h.
A empresa foi contratada para fazer a chamada contagem rápida, em paralelo à apuração oficial, realizada de forma bem mais lenta.
Segundo o Jorge Valdospinos, porta-voz do TSE, os resultados finais para presidente serão conhecidos amanhã, mas não há previsão para conhecer os cem deputados eleitos anteontem. "A lei diz que o resultado deve sair em, no máximo, dez dias, mas há muitas contingências, não podemos dizer quando ficará pronto", disse à Folha, por telefone.
De acordo com Valdospinos, o TSE havia pago 50% do valor do contrato à empresa (US$ 2,6 milhões). A segunda parte seria paga depois do segundo turno.
O porta-voz disse que, pelo contrato, a empresa terá de devolver o dinheiro por não ter cumprido o estabelecido.
Valdospinos afirmou que o principal prejuízo é o de credibilidade. "Foi criada uma série de problemas políticos. Por causa dessa falha da empresa, o TSE está sendo acusado de fraude, apesar de os observadores internacionais terem dito que não houve problema. A única coisa que falhou foi essa empresa."
Apesar da apuração parcial, Noboa (26,66%), considerado o homem mais rico do país, e Correa (22,51%), aliado do venezuelano Hugo Chávez já estão matematicamente no segundo turno. Com isso, haverá ainda mais seis semanas de campanha presidencial.
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da Folha de S.Paulo, em Quito
Nem o esquerdista Rafael Correa nem o megaempresário Alvaro Noboa: a principal notícia de ontem na eleição equatoriana não saiu dos dois candidatos que passaram para o segundo turno na véspera mas do consórcio brasileiro E-Vote, que fracassou no compromisso de entregar os resultados finais horas depois do fechamento das urnas e desapareceu sem dar explicações, tumultuando o ambiente político do país.
O consórcio E-Vote é formado pelas empresas Probank e a Via Telecom, contratadas no Brasil pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por cerca de R$ 98 milhões para dar suporte técnico na operação das urnas eletrônicas e a transmissão dos votos apurados nas eleições deste ano.
O fiasco do E-Vote foi o assunto do dia no Equador. Já pela manhã, o TSE equatoriano anunciou o cancelamento do contrato, que incluía o segundo turno, em 26 de novembro, e informou que estuda um processo judicial contra o consórcio por danos e prejuízos.
A confusão serviu também para dar mais combustível a Correa, que anteontem havia dito que as pesquisas de boca-de-urna e a apuração foram fraudadas "pelas oligarquias" para lhe tirar a vitória no primeiro turno.
Seu partido, Alianza Pais, pediu ontem ao Ministério Público a prisão do representante da empresa brasileira no país, Santiago Murray.
De acordo com a denúncia de Correa, a empresa publicou "resultados parciais que têm induzido a opinião pública ao erro para justificar um suposto triunfo do do senhor Alvaro Noboa, o que não corresponde à verdade do voto expressado pelo povo equatoriano".
Na imprensa, a atuação do E-Vote foi duramente criticada, sobretudo diante da falta de explicações do consórcio --que só se manifestou no fim da tarde, em uma entrevista coletiva (leia texto nesta página). Durante o dia, o escritório, montado no luxuoso hotel Swissotel, estava desocupado. Por volta do meio-dia, a empresa equatoriana que alugara os computadores para o E-Vote começou a desmontar a parafernália.
A irritação foi tanta que a rádio local "La Luna" chegou a pedir que seus ouvintes fossem ao aeroporto para impedir a "fuga" dos representantes.
Colapso
O problema começou por volta das 20h locais do domingo (22h Brasília), quando o sistema de transmissão de dados colapsou com a apuração presidencial em 70,59% e a legislativa no zero.
Pelo contrato de US$ 5,2 milhões, o E-Vote teria de entregar a apuração presidencial exatamente nesse horário --três horas depois do fechamento das urnas, às 17h. Já a eleição parlamentar deveria ter sido entregue às 22h.
A empresa foi contratada para fazer a chamada contagem rápida, em paralelo à apuração oficial, realizada de forma bem mais lenta.
Segundo o Jorge Valdospinos, porta-voz do TSE, os resultados finais para presidente serão conhecidos amanhã, mas não há previsão para conhecer os cem deputados eleitos anteontem. "A lei diz que o resultado deve sair em, no máximo, dez dias, mas há muitas contingências, não podemos dizer quando ficará pronto", disse à Folha, por telefone.
De acordo com Valdospinos, o TSE havia pago 50% do valor do contrato à empresa (US$ 2,6 milhões). A segunda parte seria paga depois do segundo turno.
O porta-voz disse que, pelo contrato, a empresa terá de devolver o dinheiro por não ter cumprido o estabelecido.
Valdospinos afirmou que o principal prejuízo é o de credibilidade. "Foi criada uma série de problemas políticos. Por causa dessa falha da empresa, o TSE está sendo acusado de fraude, apesar de os observadores internacionais terem dito que não houve problema. A única coisa que falhou foi essa empresa."
Apesar da apuração parcial, Noboa (26,66%), considerado o homem mais rico do país, e Correa (22,51%), aliado do venezuelano Hugo Chávez já estão matematicamente no segundo turno. Com isso, haverá ainda mais seis semanas de campanha presidencial.
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