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06/11/2006 - 09h54

Ciclos de recessões e expansões marcam economia dos EUA

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VINICIUS ALBUQUERQUE
da Folha Online

A economia dos EUA viveu um período de relativa estabilidade entre o fim da década de 40 e o início dos anos 60. A partir de então, com os gastos com a Guerra do Vietnã (1965-75), o país passou a sofrer com ciclos de recessões e expansões, ambos sempre acentuados, com uma intensificação do efeito "montanha russa" a partir da década de 70, quando os choques do petróleo atingiram o país.

Os choques do petróleo provocaram uma alta de preços da energia que persistiu ao longo da década, mesmo após a relativa normalização do mercado petrolífero. O país passou a conviver com a "estagflação" --alta da inflação acompanhada de estagnação da atividade econômica, com aumento do desemprego.

Os EUA passaram a viver uma situação parecida com a que o Brasil viveria cerca de dez anos depois, com a hiperinflação: os contratos de trabalho no país passaram a incluir cláusulas de reajuste automático acompanhando o aumento do custo de vida --mecanismo conhecido no Brasil como "gatilho salarial".

Em 1983, a inflação cedeu, chegando a pouco mais de 3%, mas dois anos antes havia atingido pouco mais de 13%. A ação do Federal Reserve fez os preços cederem, depois de elevar seus juros para quase 20%.

Era Reagan

Durante o governo de Ronald Reagan (1981-1988) a economia encontrou espaço para se recuperar mais do tombo sofrido na década anterior. Reagan adotou uma política de liberalização da economia, incluindo medidas que seriam adotadas mais tarde, por George W. Bush: cortes de impostos para que as pessoas pudessem ficar com uma parte maior dos salários que ganhavam.

A expectativa era de que, embora beneficiando principalmente os americanos mais ricos, os benefícios de impostos mais baixos se estenderiam às pessoas que ganhavam salários menores, por levarem a novas oportunidades de emprego e salários mais altos.

As medidas de Reagan --que incluíram desregulamentação de setores da economia-- surtiram efeito e o país registrou recuperação. Em 1987, os sinais de crescimento se apresentaram de novo e já não se falava mais de "pouso". Em outubro daquele ano, no entanto, ocorreu um movimento de "correção" e, no dia 19, a Bolsa teve uma forte queda, surpreendendo o mercado financeiro.

Analistas dizem que o "crash" de 1987 se deveu a uma "sensação" entre os investidores de que a situação no mercado de ações estava começando a se parecer com a que antecedeu o "crash" de 1929, que jogou os EUA na "Grande Depressão". A disparada nas vendas de papéis provocou uma queda de mais de 22% em um único dia no índice Dow Jones.

Abertura com Clinton

"It's the economy, stupid" ("É a economia, estúpido") foi o slogan concebido pelo estrategista de campanha de Bill Clinton na eleição de 1992, James Carville. O país ainda vivia em clima de recessão, em que caiu durante o governo de George H. W. Bush (ex-vice de Reagan e pai do atual presidente americano), e também não engoliu os custos da campanha militar no golfo Pérsico.

Clinton manteve as estratégias de reduzir o tamanho da máquina governamental. O desempenho do governo levou a uma fase de desempenho cada vez mais saudável ao longo da década, com inflação e desemprego baixos, sólidos lucros corporativos e superávits orçamentários.

A expansão das redes de telecomunicações e o desenvolvimento da internet levou ao surgimento da "nova economia". As empresas "pontocom" se tornaram o foco das atenções dos investidores. Tanto que geraram uma "bolha" --processo em que, devido à intensa especulação, os preços de algum produto ou bem atingem patamares muito altos, até um ponto em que a escalada não mais se sustenta. Os altos preços tendem a afastar os compradores e a queda da demanda que se segue força uma parada brusca na atividade do setor.

Bolhas e o 11 de Setembro

O primeiro mandato do presidente George W. Bush começou sob o efeito do estouro da bolha das empresas "pontocom", ocorrido em 2000. 2001, seu primeiro ano de mandato, ainda seria marcado pelo episódio que dominou a agenda política americana, com efeitos no mundo todo, os atentados do 11 de Setembro.

Em 2001, a economia cresceu apenas 0,3% e o governo Bush reativou a economia com cortes de impostos e uma redução drástica de juros --de 6% em janeiro de 2001, a taxa do Federal Reserve (Fed, o BC americano) caiu para 1% em junho de 2003.

Juros menores baratearam o crédito e estimularam o consumo. Um sinal atual dessa onda de consumo, que ainda se mantém, é a atual taxa de poupança, que está em -0,2%. A queda dos juros também favoreceu o mercado imobiliário --tem lugar cativo no imaginário dos americanos a noção de que imóveis (ao contrário das ações), não perderiam valor. O barateamento das hipotecas provocou uma corrida ao mercado imobiliário, gerando assim a uma nova "bolha".

Nova volta

O temor hoje é que a roda da economia americana esteja para dar uma nova volta: com a queda na atividade no setor de construção, os imóveis começam a perder valor --a queda no preço de uma residência nova no país caiu 9,7% em setembro. Com essa desvalorização, os americanos podem passar a gastar menos. O consumo, no entanto, representa cerca de 70% de toda a atividade econômica do país hoje.

Como parte considerável desse consumo é de produtos importados (no ano passado, a balança comercial dos EUA com a China teve déficit de mais de US$ 200 bilhões, maior já registrado com um único país), uma crise acarretaria a redução das importações, o que começaria como um problema doméstico poderia culminar em um choque na economia mundial.

Para evitar o pior, o Fed teria de manter a pausa nos juros, para evitar um aperto excessivo e não estrangular o consumo através do encarecimento do crédito. No entanto, continua na mira do BC dos EUA a inflação --que, segundo o banco, mesmo depois de uma campanha de dois anos para derrotá-la, "ainda persiste".

Fontes: International Information Programs (http://usinfo.state.gov); Federal Reserve (www.federalreserve.gov)

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