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08/11/2006
-
16h36
da Folha Online
A renúncia do secretário de Estados dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, 74, é o primeiro duro revés sofrido pelo presidente George W. Bush após os republicanos perderem o controle da Câmara dos Representantes (deputados) nas eleições legislativas desta terça-feira.
Rumsfeld foi um dos principais conselheiros do presidente George W. Bush. Ao lado do vice-presidente Dick Cheney, Rumsfeld fazia parta da ala mais dura do governo Bush.
Especialista em questões antimísseis, Rumsfeld, foi também secretário da Defesa entre 1975 e 1977, durante a Presidência de Gerald Ford (1974-1977). Atualmente ele também ocupa o cargo de embaixador dos EUA na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Há poucos meses, ele disse que a "história ensina que a fraqueza é perigosa".
Crítica
A gestão de Rumsfeld como líder das forças armadas americanas foi alvo de uma série de críticas quanto aos métodos adotados na Guerra do Iraque e no tratamento de prisioneiros dos EUA.
Um dos principais escândalos que marcaram a atuação de Rumsfeld envolve a prisão de Abu Ghraib, nos arredores de Bagdá, que foi usada como locação para cenas de tortura e maus-tratos de prisioneiros iraquianos pelas forças do Exército americano.
Fotos e vídeos de prisioneiros sendo submetidos a tratamento desumano chegaram à imprensa em 2004 e chocaram o mundo. Sob pressão do Congresso e da mídia dos EUA, Rumsfeld assumiu a "completa responsabilidade" pelos abusos contra prisioneiros no Iraque e pediu "profundas desculpas" aos que sofreram maus-tratos sob a custódia de soldados dos EUA.
À época, os democratas exigiram a renúncia de Rumsfeld.
Oposição
Em setembro deste ano, diversos membros do Partido Democrata dos EUA apoiaram uma resolução para exigir a demissão de Rumsfeld.
Não é a primeira vez que a demissão do secretário de Defesa é pedida. Em abril, um grupo de ex-generais reivindicou sua saída pelos erros na condução da Guerra do Iraque.
Em 2005, a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) reivindicou a designação de um procurador independente para investigar a responsabilidade de Rumsfeld e do ex-diretor da CIA George Tenet em crimes de guerra e torturas a prisioneiros no Iraque.
A HRW afirmou na ocasião estar claro que as decisões e as políticas adotadas por Rumsfeld e outros altos funcionários do governo Bush favoreceram a banalização das torturas aos presos, em violação das Convenções de Genebra (1949).
Guantánamo
A prisão especial de Guantánamo (Cuba) também desencadeou críticas a Rumsfeld pelo tratamento dado aos prisioneiros. Em outubro de 2004, o jornal "New York Times" publicou uma reportagem na qual afirmava que vários suspeitos de terrorismo detidos na base americana haviam sido submetidos [até abril do ano anterior] a um tratamento brutal que, segundo especialistas, era comparável à tortura.
Membros do Pentágono, à época, afirmaram que era mínima a utilização de táticas agressivas nos interrogatórios, descritas detalhadamente em um manual especial --aprovado por Donald Rumsfeld. Mas papéis de governo divulgados em 2004 mostraram que, dois anos antes, o secretário de Defesa havia aprovado técnicas cruéis contra supostos membros do Taleban [grupo extremista islâmico afegão deposto por uma coalizão liderada pelos EUA no final de 2001] e da rede terrorista Al Qaeda mantidos em Guantánamo.
Dentre as regras aprovadas, estava o uso de cães em interrogatórios para amedrontar prisioneiros.
Perda de apoio
Bush havia reafirmado no último dia 1º que continuaria a dar seu apoio a Rumsfeld e a Cheney, ressaltando que esperava poder contar com ambos até o final de seu mandato, em 2008.
Apesar de eles serem os dois membros mais questionados do governo, Bush diziam eles "faziam um trabalho fantástico". "Eu os apóio totalmente", afirmou.
Especula-se que Rumsfeld tenha enfrentado dificuldade para dialogar com a secretária de Estado dos EUA, Condoleeza Rice. Em recente livro, o jornalista Bob Woodward, do jornal "Washington Post", acusou líderes do governo Bush de ignorar alertas da CIA [inteligência dos EUA] sobre os ataques de 11/9 em Nova York. Woodward afirma que, na ocasião, Rumsfeld se recusou a falar com Rice. A secretária de Estado nega a afirmação.
Com agências internacionais
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A renúncia do secretário de Estados dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, 74, é o primeiro duro revés sofrido pelo presidente George W. Bush após os republicanos perderem o controle da Câmara dos Representantes (deputados) nas eleições legislativas desta terça-feira.
Efe |
O secretário americano Donald Rumsfeld, que renunciou hoje |
Especialista em questões antimísseis, Rumsfeld, foi também secretário da Defesa entre 1975 e 1977, durante a Presidência de Gerald Ford (1974-1977). Atualmente ele também ocupa o cargo de embaixador dos EUA na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Há poucos meses, ele disse que a "história ensina que a fraqueza é perigosa".
Crítica
A gestão de Rumsfeld como líder das forças armadas americanas foi alvo de uma série de críticas quanto aos métodos adotados na Guerra do Iraque e no tratamento de prisioneiros dos EUA.
Um dos principais escândalos que marcaram a atuação de Rumsfeld envolve a prisão de Abu Ghraib, nos arredores de Bagdá, que foi usada como locação para cenas de tortura e maus-tratos de prisioneiros iraquianos pelas forças do Exército americano.
Fotos e vídeos de prisioneiros sendo submetidos a tratamento desumano chegaram à imprensa em 2004 e chocaram o mundo. Sob pressão do Congresso e da mídia dos EUA, Rumsfeld assumiu a "completa responsabilidade" pelos abusos contra prisioneiros no Iraque e pediu "profundas desculpas" aos que sofreram maus-tratos sob a custódia de soldados dos EUA.
À época, os democratas exigiram a renúncia de Rumsfeld.
Oposição
Em setembro deste ano, diversos membros do Partido Democrata dos EUA apoiaram uma resolução para exigir a demissão de Rumsfeld.
Não é a primeira vez que a demissão do secretário de Defesa é pedida. Em abril, um grupo de ex-generais reivindicou sua saída pelos erros na condução da Guerra do Iraque.
Em 2005, a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) reivindicou a designação de um procurador independente para investigar a responsabilidade de Rumsfeld e do ex-diretor da CIA George Tenet em crimes de guerra e torturas a prisioneiros no Iraque.
A HRW afirmou na ocasião estar claro que as decisões e as políticas adotadas por Rumsfeld e outros altos funcionários do governo Bush favoreceram a banalização das torturas aos presos, em violação das Convenções de Genebra (1949).
Guantánamo
A prisão especial de Guantánamo (Cuba) também desencadeou críticas a Rumsfeld pelo tratamento dado aos prisioneiros. Em outubro de 2004, o jornal "New York Times" publicou uma reportagem na qual afirmava que vários suspeitos de terrorismo detidos na base americana haviam sido submetidos [até abril do ano anterior] a um tratamento brutal que, segundo especialistas, era comparável à tortura.
Membros do Pentágono, à época, afirmaram que era mínima a utilização de táticas agressivas nos interrogatórios, descritas detalhadamente em um manual especial --aprovado por Donald Rumsfeld. Mas papéis de governo divulgados em 2004 mostraram que, dois anos antes, o secretário de Defesa havia aprovado técnicas cruéis contra supostos membros do Taleban [grupo extremista islâmico afegão deposto por uma coalizão liderada pelos EUA no final de 2001] e da rede terrorista Al Qaeda mantidos em Guantánamo.
Dentre as regras aprovadas, estava o uso de cães em interrogatórios para amedrontar prisioneiros.
Perda de apoio
Bush havia reafirmado no último dia 1º que continuaria a dar seu apoio a Rumsfeld e a Cheney, ressaltando que esperava poder contar com ambos até o final de seu mandato, em 2008.
Apesar de eles serem os dois membros mais questionados do governo, Bush diziam eles "faziam um trabalho fantástico". "Eu os apóio totalmente", afirmou.
Especula-se que Rumsfeld tenha enfrentado dificuldade para dialogar com a secretária de Estado dos EUA, Condoleeza Rice. Em recente livro, o jornalista Bob Woodward, do jornal "Washington Post", acusou líderes do governo Bush de ignorar alertas da CIA [inteligência dos EUA] sobre os ataques de 11/9 em Nova York. Woodward afirma que, na ocasião, Rumsfeld se recusou a falar com Rice. A secretária de Estado nega a afirmação.
Com agências internacionais
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