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21/11/2006 - 12h06

EUA estão em um "atoleiro" no Iraque, diz líder da ONU

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da Efe, em Genebra

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, afirmou hoje que os EUA estão em um "atoleiro" no Iraque, porque "não podem ficar nem sair", mas disse que Washington deve lembrar que o momento da saída das tropas "não deve levar a uma maior deterioração da situação" no país.

"Deve se chegar a um nível no qual se [as forças americanas] se retirarem, os iraquianos sejam capazes de manter por eles mesmos um ambiente razoável de segurança", afirmou Annan em entrevista coletiva na sede européia da ONU (Organização das Nações Unidas), em Genebra.

Annan, que concluirá seu mandato em 31 de dezembro, expressou preocupação com a violência no Iraque e defendeu que se encontrem "meios para conseguir o controle" da situação.

Ele disse que para isso será fundamental "a revisão da Constituição iraquiana", aprovada por plebiscito há pouco mais de um ano, a fim de "garantir uma repartição justa da receita e do poder entre os diferentes grupos". "Tal como está a situação agora, os sunitas sentem que a Constituição e a repartição das receitas os colocam em desvantagem", disse Annan.

"O que estamos vendo agora é que cada grupo luta por seu lugar no Iraque, em termos de poder, de influência e de recursos", acrescentou, lembrando que é fundamental "reunir as diferentes comunidades para debater como podem resolver seus desacordos internos".

Vizinhos

Além disso, Annan considerou primordial a participação dos países vizinhos para conseguir a estabilização do Iraque, um assunto que abordou neste fim de semana em conversas telefônicas com os presidentes do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e da Síria, Bashar al Assad.

Ele também se referiu à questão nuclear e aos perigos da proliferação das armas atômicas.

A este respeito, Annan afirmou que enquanto as potências nucleares conservarem suas armas e tentarem produzir outras "ainda mais poderosas para sua segurança, outros governos quererão as mesmas armas também para sua segurança".

Por isso, considerou que "o desarmamento é tão importante quanto a não-proliferação" de armamento nuclear.

Sudão

Annan disse esperar até quarta-feira a resposta do governo sudanês sobre o posicionamento de tropas conjuntas da ONU e da União Africana (UA) na região de Darfur.

Annan disse que essa resposta marcará um ponto de inflexão nas negociações que a comunidade internacional mantém com o governo sudanês para que aceite o posicionamento dessas forças, cuja missão principal será proteger a população civil dos ataques de milícias e grupos rebeldes que operam na zona.

"Tenho confiança, mas depois [da resposta] temos que atuar imediatamente para implementar o acordo. Não podemos permitir um vazio ao entrar em 2007", disse, em referência à retirada das forças da UA prevista para 1º de janeiro.

Sobre as tarefas não concluídas, Annan destacou que a impossibilidade de modificar a estrutura do Conselho de Segurança "foi um problema para o processo de reforma da ONU em seu conjunto", que ele impulsionou em seu segundo mandato.

Nesse ponto, criticou os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança --Estados Unidos, França, Reino Unido, China e Rússia-- ao assinalar que "seu comportamento não foi sempre útil", embora tenha estendido essa avaliação a todos os países-membros, os quais reprovou por "verem tudo através do prisma do poder, de quem ganha e quem perde poder".

Direitos Humanos

Annan fez também uma crítica ao Conselho de Direitos Humanos (CDH) da ONU, um órgão criado em meados de ano para substituir a Comissão de Direitos Humanos, que nos últimos anos tinha caído em descrédito.

De acordo com os comentários do secretário-geral, o CDH corre o risco de cair nos mesmos erros que foram atribuídos a sua antecessora por ter se centrado na situação do Oriente Médio, particularmente dos territórios palestinos.

Após ressaltar que a situação nos territórios palestinos é alarmante, Annan disse que "abordar a questão palestina, sem tratar da situação em Darfur ou em outros lugares pode levar a se perguntar qual é o sentido de justiça ao se concentrar em certos casos e ignorar outros".

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Kofi Annan
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