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28/11/2006
-
15h29
da Folha Online
Policiais que investigam a morte de Alexander Litvinenko, 43, detectaram vestígios de polônio radioativo em locais onde o ex-espião russo esteve logo após ser envenenado pelo material.
Entre os locais onde os vestígios foram encontrados está o escritório do magnata russo Boris Berezovsky, onde Livtinenko esteve antes de ser hospitalizado. O edifício onde fica o escritório foi fechado para que sejam procuradas mais vestígios do material, do qual uma quantidade significativa foi detectada no organismo do ex-espião.
A descoberta no edifício do centro de Londres faz parte do "rastro radioativo" deixado pelo envenenamento de Litvinenko. Policiais utilizam registros de ligações em telefones celulares e imagens do circuito interno de edifícios para refazer o trajeto do ex-espião antes de sua morte.
Aparentemente, ele deixou vestígios radioativos em vários locais onde esteve. Sete locais já foram identificados --entre eles, dois hospitais onde Livtinenko foi tratado.
Antes de morrer, o próprio ex-espião contou à polícia vários locais onde havia estado. A polícia analisa imagens de circuitos de segurança para checar se havia alguém seguindo Livtinenko, que recentemente havia obtido a cidadania britânica.
Traços de polônio radioativo também foram encontrados no prédio da empresa de segurança Erinys, onde o ex-espião também esteve. O material também foi encontrado em um local próximo do Hotel Millennium onde Litvinenko se reuniu com três russos em 1º de novembro.
Parte da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital University College, onde o ex-espião foi tratado, ficou fechada nesta terça-feira, assim como parte do Hotel Millennium Hotel e do restaurante Itsu, em Piccadilly, onde ele jantou com um italiano antes de sentir-se mal.
Três pessoas que comeram no local passaram por testes para contaminação radioativa.
Cerca de 500 pessoas entraram em contato com a polícia londrina para pedir informações.
No entanto, segundo especialistas em segurança, os traços de polônio detectados, até o momento, representam risco mínimo para a população.
Morte
Grande quantidade de polônio radioativo foi detectado no organismo de Litvinenko por meio de exames de urina. Ex-agente da KGB, ele era um feroz crítico do presidente russo, Vladimir Putin, e investigava a morte da jornalista russa Anna Politkovskaya, que também era uma opositora do governo e foi assassinada em Moscou em 7 de outubro último.
Antes de morrer, Litvinenko deixou uma carta acusando Putin por seu envenenamento. O Kremlin nega o envolvimento no caso, que acirrou as tensões entre Reino Unido e Rússia.
Uma autópsia no corpo do ex-espião deve ser realizada na sexta-feira (1), mas terá de ser feita sob condições especiais de segurança para evitar a contaminação radioativa da equipe médica.
Jantar
Um acadêmico italiano que jantou com Litvinenko em Londres no dia em que ele foi envenenado permanece em Londres e passa por exames médicos, segundo fontes legais de Roma.
Mario Scaramella, que foi assessor de uma comissão parlamentar italiana na era soviética da espionagem, está sendo examinado para que se constate se também foi contaminado.
Segundo a rede de TV britânica Sky, Scaramella está sendo mantido em um local protegido no subúrbio de Londres. A polícia britânica não confirma o paradeiro do acadêmico italiano.
Motivos
Especulações tomaram conta da imprensa russa e britânica a respeito do motivo da morte de Litvinenko --alguns jornais ligando o envenenamento à companhia de petróleo russa e outros ao assassinato de Politkovskaya.
Segundo a imprensa britânica, Litvinenko investigava a atuação ilegal de autoridades russas em conexão com a Yukos. Documentos a este respeito teriam sido entregues a Scotland Yard.
Scaramella afirmou ter mostrado a Litvinenko e-mails que alertavam sobre o risco de atentados contra a vida de ambos, vindos de agentes baseados em São Petersburgo.
De acordo com as mensagens de e-mail, os mesmos criminosos --que agiriam a mando de Moscou-- teriam assassinado Politkovskaya.
O premiê britânico, Tony Blair, prometeu nesta terça-feira uma rígida investigação da Scotland Yard para desvendar as circunstâncias e a autoria da morte de Litvinenko, dizendo que o caso é "muito sério" e não haverá barreiras "políticas ou diplomáticas" que impeçam a investigação.
Espionagem
Litvinenko se mudou para o Reino Unido em 2000, quando pediu asilo político no país. No mês passado, o ex-espião adquiriu cidadania britânica.
Ele se uniu às forças de contra-inteligência da KGB em 1988, e chegou a ser coronel do Serviço de Segurança Nacional da Rússia.
Em 1991, Litvinenko começou a se especializar em terrorismo e crime organizado, e foi transferido para o mais secreto departamento sobre organizações criminosas do serviço de segurança russo em 1997.
Desde que deixou a Rússia, há seis anos, o ex-espião é um feroz crítico do Kremlin. Internado no dia 1º deste mês, sua saúde se deteriorou rapidamente e ele sofreu uma parada cardíaca na última quarta-feira (22).
Litvinenko morreu na quinta-feira (23), poucas semanas depois de obter a cidadania britânica.
Com agências internacionais
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Policiais que investigam a morte de Alexander Litvinenko, 43, detectaram vestígios de polônio radioativo em locais onde o ex-espião russo esteve logo após ser envenenado pelo material.
Entre os locais onde os vestígios foram encontrados está o escritório do magnata russo Boris Berezovsky, onde Livtinenko esteve antes de ser hospitalizado. O edifício onde fica o escritório foi fechado para que sejam procuradas mais vestígios do material, do qual uma quantidade significativa foi detectada no organismo do ex-espião.
A descoberta no edifício do centro de Londres faz parte do "rastro radioativo" deixado pelo envenenamento de Litvinenko. Policiais utilizam registros de ligações em telefones celulares e imagens do circuito interno de edifícios para refazer o trajeto do ex-espião antes de sua morte.
Aparentemente, ele deixou vestígios radioativos em vários locais onde esteve. Sete locais já foram identificados --entre eles, dois hospitais onde Livtinenko foi tratado.
Efe |
Alexander Litvinenko, ex-espião russo envenenado em Londres |
Traços de polônio radioativo também foram encontrados no prédio da empresa de segurança Erinys, onde o ex-espião também esteve. O material também foi encontrado em um local próximo do Hotel Millennium onde Litvinenko se reuniu com três russos em 1º de novembro.
Parte da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital University College, onde o ex-espião foi tratado, ficou fechada nesta terça-feira, assim como parte do Hotel Millennium Hotel e do restaurante Itsu, em Piccadilly, onde ele jantou com um italiano antes de sentir-se mal.
Três pessoas que comeram no local passaram por testes para contaminação radioativa.
Cerca de 500 pessoas entraram em contato com a polícia londrina para pedir informações.
No entanto, segundo especialistas em segurança, os traços de polônio detectados, até o momento, representam risco mínimo para a população.
Morte
Grande quantidade de polônio radioativo foi detectado no organismo de Litvinenko por meio de exames de urina. Ex-agente da KGB, ele era um feroz crítico do presidente russo, Vladimir Putin, e investigava a morte da jornalista russa Anna Politkovskaya, que também era uma opositora do governo e foi assassinada em Moscou em 7 de outubro último.
Antes de morrer, Litvinenko deixou uma carta acusando Putin por seu envenenamento. O Kremlin nega o envolvimento no caso, que acirrou as tensões entre Reino Unido e Rússia.
Uma autópsia no corpo do ex-espião deve ser realizada na sexta-feira (1), mas terá de ser feita sob condições especiais de segurança para evitar a contaminação radioativa da equipe médica.
Jantar
Um acadêmico italiano que jantou com Litvinenko em Londres no dia em que ele foi envenenado permanece em Londres e passa por exames médicos, segundo fontes legais de Roma.
Mario Scaramella, que foi assessor de uma comissão parlamentar italiana na era soviética da espionagem, está sendo examinado para que se constate se também foi contaminado.
Segundo a rede de TV britânica Sky, Scaramella está sendo mantido em um local protegido no subúrbio de Londres. A polícia britânica não confirma o paradeiro do acadêmico italiano.
Motivos
Especulações tomaram conta da imprensa russa e britânica a respeito do motivo da morte de Litvinenko --alguns jornais ligando o envenenamento à companhia de petróleo russa e outros ao assassinato de Politkovskaya.
Segundo a imprensa britânica, Litvinenko investigava a atuação ilegal de autoridades russas em conexão com a Yukos. Documentos a este respeito teriam sido entregues a Scotland Yard.
Scaramella afirmou ter mostrado a Litvinenko e-mails que alertavam sobre o risco de atentados contra a vida de ambos, vindos de agentes baseados em São Petersburgo.
De acordo com as mensagens de e-mail, os mesmos criminosos --que agiriam a mando de Moscou-- teriam assassinado Politkovskaya.
O premiê britânico, Tony Blair, prometeu nesta terça-feira uma rígida investigação da Scotland Yard para desvendar as circunstâncias e a autoria da morte de Litvinenko, dizendo que o caso é "muito sério" e não haverá barreiras "políticas ou diplomáticas" que impeçam a investigação.
Espionagem
Litvinenko se mudou para o Reino Unido em 2000, quando pediu asilo político no país. No mês passado, o ex-espião adquiriu cidadania britânica.
Ele se uniu às forças de contra-inteligência da KGB em 1988, e chegou a ser coronel do Serviço de Segurança Nacional da Rússia.
Em 1991, Litvinenko começou a se especializar em terrorismo e crime organizado, e foi transferido para o mais secreto departamento sobre organizações criminosas do serviço de segurança russo em 1997.
Desde que deixou a Rússia, há seis anos, o ex-espião é um feroz crítico do Kremlin. Internado no dia 1º deste mês, sua saúde se deteriorou rapidamente e ele sofreu uma parada cardíaca na última quarta-feira (22).
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Com agências internacionais
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