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01/12/2006 - 13h50

Litvinenko é o 2º caso de envenenamento com polônio da história

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da France Presse
da Folha Online

O ex-espião russo morto Alexander Litvinenko, 43, é a segunda vítima do polônio-210 de que se tem notícia na história, depois do assistente da cientista Marie Curie (Nobel de física e química) há cerca de cem anos, segundo o professor de física Peter D. Zimmerman, do King's College de Londres.

"Não há muitos antecedentes, levando-se em conta que só se conhecem duas pessoas que morreram por grave envenenamento com polônio, um deles é o assistente de Marie Curie há quase cem anos", afirmou o professor Zimmerman na edição européia do "The Wall Street Journal" que foi publicada nesta sexta-feira.

Efe
Alexander Litvinenko, ex-espião russo envenenado em Londres
"O envenenamento radioativo não foi detectado imediatamente", afirmou, o que não é surpreendente devido à escolha "genial e perversa deste veneno", acrescentou.

"Os raios alfa do polônio 210 que passaram pelo corpo de Litvinenko foram retidos em sua carne, sua pele, suas roupas. Não havia nada que pudesse ser detectado externamente", explicou, sugerindo que os que envenenaram o ex-agente russo escolheram com grande perspicácia a arma do crime.

"Sem dúvida, Litvinenko é a primeira vítima conhecida de um assassinato radiológico", afirmou.

No corpo humano

Ao explicar o fenômeno que se produziu no corpo do ex-espião depois da absorção do polônio 210, o professor Zimmerman destaca que "o material radioativo se fixou no aparelho gastrointestinal, onde rapidamente matou as células da parede de seu intestino".

"Estas se desprenderam, provocando náuseas, várias hemorragias internas e uma enorme dor. Era como se seus órgãos internos tivessem sofrido graves queimaduras de sol", disse.

"Dependendo da dose, era uma sentença de morte, apesar de tudo o que os médicos tentaram fazer. No melhor dos casos, podiam dar mais comodidade a Litvinenko antes de morrer", afirmou Zimmerman.

Apesar do emprego do polônio-210 sugerir a ação de um Estado devido aos recursos necessários, Zimmerman afirmou que esta substância "é um isótopo industrial bastante comum", que serve em particular para ionizar o ar e dissipar a eletricidade estática da roupa.

O professor destacou que a Comissão de Regulação Nuclear americana exige muito poucas garantias para autorizar a compra do polônio em pequena quantidade.

Os ionizadores do ar podem conter a dose limite sem ser submetidos a restrições legais sérias, segundo o professor.

Ameaça

Alexander Litvinenko morreu em 23 de novembro num hospital londrino depois de ter sido envenenado com polônio-210, segundo as autoridades britânicas.

Desde então, várias pessoas se mostraram preocupadas diante da possibilidade de terem sido afetadas pelas radiações e telefonaram para o centro de atendimento do Serviço Nacional de Saúde (NHS, na sigla em inglês) para fazer as consultas necessárias.

Até agora, em 12 dos 24 locais inspecionados pelos investigadores britânicos após a morte do ex-espião foram detectados vestígios de radiação. A radiação foi detectada também em aviões da empresa British Airways, e a companhia tenta entrar em contato com ao menos 33 mil passageiros que voaram nestas aeronaves para pedir que eles entrem em contato com autoridades sanitárias.

A British Airways divulgou os números de 221 vôos afetados e pediu que os passageiros que estavam neles entrem em contato com autoridades. Até o momento, 2.500 passageiros contataram a companhia para que a situação seja esclarecida.

Os vôos afetados tinham destino a Barcelona, Madri, Moscou, Dusseldorf, Atenas, Larnaca, Estocolmo, Viena, Frankfurt e Istambul. Ao menos 3.000 funcionários da companhia também deverão ser submetidos a exames médicos.

Suspeitas

Segundo uma reportagem publicada nesta quarta-feira (30) no jornal britânico "The Independent", Litvinenko revelou ao acadêmico italiano Mario Scaramella, com quem se reuniu em Londres antes de passar mal, que liderou uma ação de contrabando de material nuclear da Rússia.

Hoje, foi revelado que Scaramella também está contaminado com radiação.

O ex-espião teria contado a Scaramella que realizou o traslado ilegal de material nuclear para Zurique, na Suíça, em 2000. O "Independent" não cita a finalidade do contrabando, mas diz que Litvinenko deixou a Rússia quando começou a ser investigado por acusações de corrupção.

O ex-espião, feroz crítico de Putin, foi coronel do FSB e em 2000 foi viver como refugiado no Reino Unido, onde o governo tinha lhe concedido recentemente a nacionalidade britânica. Antes de morrer, deixou uma declaração acusando Putin de tê-lo envenenado.

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