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03/12/2006 - 11h58

Ex-espião russo envenenado tinha planos de chantagem, diz jornal

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da Folha Online

O ex-espião russo Alexander Litvinenko, 43, morto na semana passada após ser envenenado com polônio radioativo, pretendia arrecadar dezenas de milhares de libras por meio de chantagem a espiões e empresários russos, segundo o jornal "The Observer".

De acordo com o jornal, a revelação foi feita pela acadêmica russa Julia Svetlichnaja, que se reuniu em várias ocasiões com Litvinenko neste ano, de quem recebeu mais de cem e-mails.

Segundo o "Observer", Svetlichnaja revelou que o ex-espião possuía documentos do FSB (Serviço Federal de Segurança), ex-KGB, antiga agência de serviços secretos russa.

Efe
Alexander Litvinenko, ex-espião russo envenenado em Londres
Ele teria convidado Svetlichnaja, que mora em Londres, a entrar em um negócio para "ganhar dinheiro". Litvinenko também entregou à acadêmica algumas fotos. Em uma delas, o ex-espião aparece ao lado da jornalista russa Anna Politkovskaya, assassinada em outubro em Moscou.

"Ele me disse que iria chantagear ou vender informações confidenciais a respeito de pessoas poderosas na Rússia, incluindo oligarcas, autoridades corruptas e fontes no Kremlin", afirmou Svetlichnaja, que estuda política na Universidade de Westminster. "Ele estava se dinheiro, e mencionou que pediria 10 mil libras a cada um para que não divulgasse documentos do FSB.

Svetlichnaja entrevistou Litvinenko no ano passado para escrever um livro sobre a Tchetchênia.
O "Observer" informa ainda que agentes da Scotland Yard envolvidos na investigação da morte do ex-espião viajaram a Washington para interrogar o ex-agente da KGB Yuri Shvets. Ele era um contato do italiano Mario Scaramella, que esteve com Litvinenko em um restaurante do centro de Londres em 1º de novembro, dia em que o ex-espião começou a sentir-se mal.

Exames médicos realizados em Scaramella apontaram que o italiano teve contato com polônio-210 --material raro e altamente radioativo-- mas não apresenta sintomas de intoxicação.

Segundo o jornal britânico, Shvets afirmou na semana passada, antes de ser interrogado por agentes da Scotland Yard e do FBI [polícia federal americana] que tinha idéia do que pode ter acontecido a Litvinenko. Shvets, que mora na Virgínia, não teria fornecido mais detalhes.

Dossiê

No entanto, um empresário associado a Shvets, que falou ao "Guardian" em condição de anonimato, afirmou que Litvinenko revelou, semanas antes de sua morte, que possuía um dossiê com denúncias sobre as relações entre o Kremlin e a companhia de petróleo Yukos.

A empresa é de propriedade do oligarca russo Mikhail Khordorkovsky, que cumpre pena de sete ano de prisão na Rússia por evasão de divisas. Seus partidários afirmam que sua condenação foi fruto de um "complô" orquestrado pelo Kremlin.

O suposto acesso do ex-espião a documentos secretos envolvendo o Kremlin e a Yukos faria de Litvinenko um inimigo tanto do governo russo quanto da companhia de petróleo.

Nesta semana, a Scotland Yard deve interrogar dois russos: Andrei Lugovoy, ex-agente do FSB, e Dmitry Kovtun. Ambos encontraram Litvinenko no Hotel Millennium Mayfair no mesmo dia em que ele almoçou com Scaramella e passou a sentir-se mal.

Traços de polônio foram encontrados nos aviões em que ambos viajaram de Londres a Moscou.

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