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10/12/2006 - 20h05

Governo chileno prefere não oferecer funeral de Estado a Pinochet, diz jornal

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da France Presse, em Santiago

Após a morte do general Pinochet, neste domingo, o governo chileno deverá decidir se vai realizar um funeral de Estado para o ditador (1973-1990). Se a decisão for positiva, o Chile decretaria três dias de luto oficial, içando a bandeira nacional a meio mastro em edifícios públicos e suspendendo espetáculos e atividades públicas. Até então, a presidente chilena Michele Bachelet afirmou ser de mau gosto falar dos funerais de uma pessoa viva.

Na segunda-feira passada --um dia depois de Pinochet ser internado por um infarto cardíaco--, Bachelet se reuniu com o comandante geral do Exército, Ricardo Izurieta, mas não há uma versão oficial sobre o encontro. Segundo o jornal "La Tercera", o ponto central do encontro era a definição do protocolo depois da morte de Pinochet.

Segundo a reportagem, Izurieta esclareceu Bachelet sobre a cerimônia militar para o enterro (que inclui uma capela na Escola Militar e as honras a que o general tem direito como ex-comandante do Exército). A presidente, segundo citam as fontes do jornal, indicou que o governo seria representado na cerimônia por sua ministra da Defesa, Vivianne Blanlot.

Em setembro de 2005, quando Bachelet ainda era candidata à presidência, ela declarou não ser a favor de um funeral de Estado para Pinochet. "Do ponto de vista das cerimônias oficiais, francamente, eu estaria me violentando se fizesse algo dessa natureza", disse Bachelet na época.

Bachelet teria acrescentado ainda que "violentaria a consciência dos chilenos em homenagear uma pessoa envolvida não só em temas de direitos humanos, mas também em assuntos relacionados a roubo de recursos públicos".

Mais recentemente, em agosto, o general Izurieta havia anunciado que Pinochet receberia honras militares por sua condição de ex-comandante-em-chefe do Exército.

Ditadura

Durante os 17 anos de ditadura de Pinochet, a presidente foi detida junto com sua mãe, Angela Jeria, em um centro clandestino de Santiago. Segundo as normas de protocolo da chancelaria chilena, Bachelet não é obrigada a homenagear Pinochet ou mesmo a decretar luto nacional.

No Exército, as honras a que Pinochet teria direito se resumem a um cerimonial previsto para os ex-comandantes-em-chefe da instituição, sepultados sob o som de uma banda de guerra e tiros de canhões.

Cinzas

Segundo fontes no Exército, o mais provável é que os restos do ditador sejam cremados, evitando a existência de um lugar físico que lembre sua figura e que possa ser profanado por seus detratores. Para a família do ditador, Pinochet merece todas as honras por sua qualidade de ex-presidente da República e chefe do Exército.

"Meu pai foi comandante-em-chefe e presidente. Assumiu o poder porque o povo queria, e não podemos negar que ele deixou voluntariamente o poder", destacou, na semana passada, filha mais velha do ditador, Lucía Pinochet.

Em agosto, no entanto, Marco Antonio Pinochet, também filho de Pinochet, disse que a família não está interessada em funerais de Estado. "Não nos interessa, menos ainda vindo de um governo de esquerda como este."

Uma pesquisa publicada neste domingo pelo jornal "La Tercera" destaca que cerca de 55% dos chilenos são contra ou totalmente contra os funerais de Estado para o ex-ditador --ante 27% que se mostraram favoráveis. Cerca de 15% são indiferentes a esse fato.

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