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10/12/2006 - 20h59

Funeral de ditador Augusto Pinochet será na terça-feira com honras militares

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da Folha Online

O Exército chileno informou que o funeral o ditador Augusto Pinochet --morto neste domingo, aos 91 anos, no Hospital Militar de Santiago-- será na próxima terça-feira. O governo chileno confirmou que não haverá honras de Estado. A ministra da Defesa chilena, Vivianne Blanlot, representará o Executivo na missa do funeral.

O ditador chileno morreu neste domingo, às 14h15 (15h15 pelo horário de Brasília), aos 91 anos, no Hospital Militar de Santiago. Pinochet havia sido internado às pressas na madrugada de domingo (3), após sofrer um ataque cardíaco.

AP
O ex-ditador chileno Augusto Pinochet que morreu aos 91 anos
O ex-ditador chileno Augusto Pinochet que morreu aos 91 anos
O médico Juan Ignacio Vergara, chefe da equipe médica que atendia Augusto Pinochet, disse que o ditador sofreu um problema cardíaco que não pôde ser superado, apesar de uma série de manobras de reanimação.

Um relatório emitido pelo Hospital Militar de Santiago (às 11h de Brasília de hoje) falava sobre a estabilidade e chances de recuperação de Pinochet. Quatro horas depois, Pinochet sofreu uma "brusca recaída", morrendo às 14h15 (15h15 de Brasília).

Pinochet morreu no mesmo dia do aniversário de sua esposa, Lucía Hiriart Rodríguez, que completa 84 anos. Grupos peruanos defensores dos direitos humanos ressaltaram a ironia de que a morte do ditador chileno Augusto Pinochet tenha ocorrido no Dia Internacional dos Direitos Humanos, celebrado neste domingo.

Funeral

Ao final de uma reunião entre a presidente chilena, Michelle Bachelet, e o comitê político de ministros, o porta-voz do governo, Ricardo Lagos Weber, afirmou que foi autorizada a bandeira a meio mastro apenas em estabelecimentos do Exército e em unidades militares do país. Segundo Weber, o corpo de Pinochet será cremado e suas cinzas serão entregues a seus parentes.

O Exército anunciou em comunicado que às 12h (13h de Brasília) da próxima terça-feira acontecerá na Escola Militar uma missa em homenagem ao ditador. Ao término da cerimônia, serão feitas as honras fúnebres no pátio de honra do instituto militar.

O Exército afirmou que o corpo de Pinochet seria levado na noite deste domingo (por volta das 21h de Brasília) à Escola Militar. Amanhã, no salão central da instituição acontecerão os atos e a missa.

A câmara de Pinochet só poderá ser visitada pela família e pela alta oficialidade do Exército. Ao público, será colocado à disposição um livro de condolências. Todos os recintos militares chilenos arriaram hoje a bandeira chilena após a morte do ex-ditador.

Repercussão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, por meio de uma nota oficial, que o ditador chileno Augusto Pinochet "simbolizou um período sombrio na história da América do Sul". "Foi uma longa noite em que as luzes da democracia desapareceram, apagadas por golpes autoritários", diz a nota assinada pelo porta-voz da Presidência, André Singer.

A Casa Branca afirmou que o governo do ditador Augusto Pinochet representou um "período difícil" para o Chile e acrescentou que os EUA "estão ao lado das vítimas de seu regime". "A ditadura de Augusto Pinochet no Chile representou um dos períodos mais difíceis na história dessa nação", disse Tony Fratto, porta-voz da Casa Branca.

Para a deputada Isabel Allende, "o ditador chileno Augusto Pinochet não merece um funeral de Estado com honras de governo", afirmou, em Madri. "Os funerais com honras estão reservados para presidentes que foram eleitos, não para ditadores", disse a parlamentar, sobrinha do presidente socialista Salvador Allende que se suicidou no palácio de La Moneda durante o golpe encabeçado por Pinochet em 1973.

A ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher ficou "profundamente triste" com a notícia da morte do general e ex-ditador chileno Augusto Pinochet, anunciou neste domingo seu porta-voz. Thatcher não fez declarações, mas transmitiu suas profundas condolências à viúva de Pinochet e à toda família, afirmou o porta-voz.

A organização Anistia Internacional (AI) afirmou hoje que a morte do ditador chileno Augusto Pinochet deve ser encarada como um "chamado" aos governos para a necessidade de uma justiça rápida, evitando, assim, que os culpados por violações de direitos humanos não sejam processados.

"A morte do general Pinochet é um chamado para as autoridades do Chile e de todos os governos, lembrando a importância de uma justiça rápida no que se refere a crimes de direitos humanos, dos quais o próprio Pinochet escapou", ressaltou um porta-voz da AI.

O vice-presidente da Federação Internacional dos Direitos Humanos (FIDH), Luis Guillermo Pérez, lamentou neste domingo que Augusto Pinochet tenha morrido sem ter sido julgado. Pérez, no entanto, considera que o general foi "condenado moralmente". "Mesmo os conservadores chilenos compreenderam que Pinochet era um criminoso contra a humanidade."

Últimos anos

Pinochet passou os últimos anos de sua vida morando em Santiago e enfrentando acusações de abusos aos direitos humanos e fraudes cometidos durante os 17 anos em que esteve no poder (entre 1973 e 1990). Sob seu regime, mais de 3.000 pessoas foram mortas por sua polícia secreta.

Apesar das acusações, o general não chegou a ir a julgamento, já que sua equipe de defesa sempre alegou que sua saúde era muito frágil para que ele enfrentasse o processo judicial

Pinochet enfrentava processos por crimes de violações dos direitos humanos, fraude ao fisco e uso de passaportes falsos no chamado Caso Riggs --aberto após a descoberta de contas secretas no exterior, nas quais ele acumulou fortuna de US$ 27 milhões, cuja origem não foi determinada.

Com agências internacionais

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