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10/12/2006 - 21h37

Morte de Pinochet provoca violentos distúrbios no centro de Santiago

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da Folha Online

Violentos distúrbios explodiram neste domingo no centro de Santiago quando detratores do ditador Augusto Pinochet celebravam sua morte, enfrentando a polícia diante do palácio presidencial de La Moneda.

As manifestações explodiram no momento em que a polícia tentou dissolver uma coluna de mais de mil manifestantes que avançava pela principal avenida de Santiago.

A polícia utilizou o carro lança-jatos de água e gases lacrimogêneos para deter a multidão, que repeliu os ataques com pedras e garrafas.

Divisão

O Chile tem se mostrado dividido entre "vivas ao herói" e a celebração alegre pela morte do ditador. "É carnaval, é carnaval, morreu o general", gritavam eufóricos milhares de chilenos que se reuniram neste domingo na Praça Itália, em Santiago, para celebrar a morte do ditador Augusto Pinochet, com abraços, jorros de champanhe e gritos de alegria.

Os refrões variavam entre os mais de 3.000 chilenos que seguravam bolas coloridas e cartazes, lançavam tiras de papel para o ar e agitavam centenas de bandeiras.

"Morreu o tirano, morreu o ditador", cantavam os chilenos, lançando também ofensas contra Lucía Hiriart, a viúva de Pinochet, que, coincidentemente, completou 84 anos neste domingo.

Os manifestantes deixaram a praça, histórico centro de celebrações esportivas e políticas, e encaminharam para o centro da cidade.

"Esperei por anos este momento. Para mim, isto é muito importante", disse emocionada uma das manifestantes, que se declarou "filha de um comunista preso durante a ditadura" (iniciada depois do golpe de Estado contra o presidente socialista Salvador Allende, no dia 11 de setembro de 1973).

Uma mulher, de cerca de 60 anos, segurava um cartaz com a inscrição "Direto para o inferno por ser assassino e ladrão". "Estive aqui quando ganhou o 'não'", contou, referindo-se ao plebiscito realizado no dia 5 de outubro de 1988 sobre a permanência ou não de Pinochet no poder até 1997.

No meio da multidão, havia também bandeiras com os rostos de Allende e do guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara, de Cuba, do Brasil e da Venezuela.

Admiradores

Em outra parte da cidade, em frente ao Hospital Militar, os admiradores de Pinochet choravam sua morte. "Estou com muita pena. Morreu um grande homem, um herói", disse entre soluços Lily Gómez, nas cercanias do Hospital Militar de Santiago, onde morreu Pinochet.

Lily chora ao recordar que Pinochet foi o homem que salvou sua vida. "Por causa do general Pinochet estou viva. Ele salvou nosso país da pobreza", acrescentou a mulher, enquanto limpava as lágrimas com um lenço.

Lily faz parte de um grupo de 2.000 "pinochetistas", em sua maioria mulheres idosas, que foram até o Hospital Militar de Santiago depois de anunciada a morte do ditador.

María Santibáñez também chorava por Pinochet. "É uma pena tão grande, é como se tivéssemos ficado órfãos", disse. "Estou chorando porque sinto muita pena. Ele significou muito em minha vida", contou Santibánez.

Os seguidores de Pinochet começaram a se reunir imediatamente depois que o Hospital Militar comunicou sua morte. Atrás de uma barreira, segurando bandeiras chilenas, os "pinochetistas" cantavam o Hino Nacional, com uma da estrofes que elogiava os soldados e foi excluída do hino depois do retorno da democracia ao país, no dia 11 de setembro de 1990.

Os manifestantes prometeram não desaparecer depois da morte de seu líder. "Enquanto o Chile existir, haverá 'pinochetistas'", gritavam em coro.

Alguns jovens também derramavam lágrimas. "Choro porque morreu um grande homem", disse Alejandro Beltrán, 15. "Sei que sou jovem e não vivi sua época, mas sei que foi um grande homem, que salvou o Chile do comunismo", conta Alejandro, que foi até o Hospital Militar em companhia de seu pai.

Os comerciantes não demoraram a chegar. A poucos metros do hospital, um homem vendia uma fotografia do ex-ditador junto com cinco de seus netos, tirada em 1992.

Com agências internacionais

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