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12/12/2006 - 09h19

Cerimônia militar para Pinochet é cercada por forte segurança

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da Efe
da Folha Online

Com uma missa na Escola Militar, as honras regulamentares e fortes medidas de segurança, serão realizados nesta terça-feira os funerais do ditador chileno Augusto Pinochet, que morreu no último domingo (10) de complicações após um infarto agudo do miocárdio.

Pinochet receberá todas as honras militares, mas seu funeral não terá caráter de Estado nem haverá luto nacional, segundo decidiu a presidente do Chile, Michelle Bachelet. O governo confirmou um dispositivo de segurança para a cerimônia militar.

A figura de Pinochet ainda divide os chilenos, 33 anos após o violento golpe de Estado que liderou, dando início a uma ditadura (1973-1990) durante a qual mais de 3.000 pessoas foram vítimas de violações dos direitos humanos, entre elas 1.200 desaparecidos.

Cinzas da ditadura

Os detalhes do protocolo já são conhecidos. Mas o destino dos restos do ditador chileno continua sendo um mistério zelosamente guardado por sua família. Pinochet será cremado, mas não se sabe onde repousarão suas cinzas.

Efe
O ex-ditador chileno Augusto Pinochet, morto no Chile aos 91 após sofrer um ataque cardíaco
A decisão atende à vontade expressa do ditador. Aparentemente, segundo a imprensa chilena, também é uma forma de a família evitar ter um túmulo eternamente vigiado.

Segundo informaram a Fundação Pinochet e o Exército, o ofício religioso será presidido pelo capelão geral militar Juan Barros Madrid, realizado no Pátio Alcapatal da Escola Militar.

O tenente-coronel Enrique Bödeckr, chefe da seção de comunicações internas do Exército, disse que a cerimônia religiosa pode durar uma hora e cerca de 70 militares estarão presentes.

Na cerimônia serão oradores sua filha Lucía, o presidente da Fundação Pinochet, Hernán Guillof, o ex-ministro de seu Governo Carlos Cáceres e, em nome do corpo de generais reformados do Exército, Guillermo Toro.

O comandante-em-chefe do Exército, general Oscar Izurieta, encerrará os discursos. A ministra da Defesa, Vivianne Blanlot, que será a única representante do governo, não deve falar.

Bandeira do Chile

Durante a cerimônia religiosa, o caixão de Pinochet estará coberto pela bandeira chilena, pelo seu uniforme de gala e suas condecorações, que depois serão entregues à viúva, Lucía Hiriart.

Em seguida, o corpo será levado ao pátio de honra da Escola Militar. As honras militares vão incluir três salvas sucessivas de fuzis ou canhões.

Após as normas de protocolo, o Exército entregará o corpo do ditador à sua família. A partir de então, não se sabe onde será feita a cremação. O processo contará com o apoio logístico do Exército, segundo fontes próximas à família, que não divulgou mais informações por razões de segurança.

As alternativas seriam cemitérios de Santiago, Viña del Mar e Iquique. Algumas fontes afirmam que as cinzas de Pinochet serão depositadas na capela de seu sítio de Los Boldos, no litoral central chileno, seu local preferido. A preocupação com a segurança no traslado das cinzas também é grande.

Protestos

Na mesma hora da cerimônia, órgãos de defesa dos direitos humanos e parentes de vítimas da ditadura vão promover um ato em memória dos mortos no regime militar, em frente ao Palácio de La Moneda.

O governo chileno procura controlar as mobilizações e evitar que os simpatizantes e adversários do ditador se enfrentem, com distúrbios como os que ocorreram domingo, quando dezenas de policiais ficaram feridos e um número incerto de manifestantes foi preso. Ontem, manifestantes pró-Salvador Allende --o presidente derrubado pelo golpe de Pinochet em 1973-- continuaram a celebrar a morte do ditador.

Também nesta segunda-feira (11), milhares de partidários e alguns curiosos foram ver o corpo do ditador, após esperar várias horas em longas filas. Durante toda a noite, as portas da Escola Militar permaneceram abertas para permitir que os partidários de Pinochet se despedissem.

Passado criminoso

Pinochet, 91, morreu uma semana depois de ter sofrido um infarto do miocárdio, após o qual permaneceu internado no Hospital Militar de Santiago, no Chile.

Os tribunais de Justiça chilenos levavam adiante cerca de 300 acusações criminais contra Pinochet pelas mais de 3.000 vítimas --entre mortos e desaparecidos-- de sua ditadura.

O advogado chileno Hugo Gutierrez, defensor de causas relacionadas com violações dos direitos humanos, lamentou neste domingo que o ditador tenha morrido sem ter sido condenado pelos "atos horríveis" realizados durante seu governo.

"Este criminoso se foi deste mundo sem conhecer o significado de uma sentença condenatória por todos os seus atos horríveis", disse Gutierrez ao ser informado da morte do ditador, que ocorreu às 14h15 em Santiago (15h15 pelo horário de Brasília).

O ex-ditador era investigado também por enriquecimento ilícito. Segundo a agência de notícias France Presse, mais de 100 contas bancárias secretas foram descobertas no Riggs Bank de Washington e outras instituições bancárias, que acumulavam mais de US$ 27 milhões.

Em dois processos --os casos "Caravana da Morte" e "Operação Cóndor"-- o ex-ditador alegou sofrer de leve demência, o que, ao lado de outros problemas de saúde, evitou que o julgamento seguisse propriamente.

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