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12/12/2006
-
18h24
ORLANDO MILESI
da Ansa, em Santiago
Os atos fúnebres do ditador chileno Augusto Pinochet, organizados pelo Exército e com a presença da ministra da Defesa, Vivianne Blanlot, que foi vaiada, converteram-se hoje em uma defesa férrea do golpe militar de 1973 e de sua condição de "presidente", aclamada pelas cerca de 4.000 pessoas presentes à cerimônia.
O general Oscar Izurieta, comandante-em-chefe do Exército, pediu no seu discurso para "deixar à história" a avaliação do regime militar (1973-1990) encabeçado por Pinochet e as condições que enfrentou ao assumir a presidência, "com a convicção de que não havia outra solução".
Lucía Pinochet Hiriart, a filha mais velha do ditador, despediu-se do pai como "presidente Pinochet" e afirmou que "ainda arde a chama da liberdade que em um dia 11 de setembro Augusto Pinochet semeou em nosso país para sempre".
Outro discurso com carga política foi o do cadete Augusto Pinochet Molina, neto do ditador, que vestindo uniforme militar disse que o seu avô foi "um homem que derrotou em plena Guerra Fria o marxismo e que sempre evitou sofrimentos desnecessários".
"Foi um dos líderes mais importantes de sua época em nível mundial, um homem que em plena Guerra Fria derrotou o modelo marxista, que pretendia impor o seu modelo totalitário diretamente pelas armas", afirmou.
As cerimônias fúnebres, que incluíram a canção "Va Pensiero", o coro de escravos da ópera Nabuco, de Giuseppe Verdi, culminaram com lenços brancos sendo agitados por seguidores e aplausos ao ditador, enquanto uma banda militar interpretou, em ritmo lento, a marcha "Viejos Estandartes".
Depois dos disparos de antigas baterias Krupp do Exército, ficou nos chilenos a incerteza para onde seguiriam os restos de Pinochet, pois nem o Exército nem a família confirmaram a sua transferência de helicóptero para o Cemitério Parque del Mar, de Con Cón, onde se supõe serão incinerados em uma cerimônia privada.
Todos os oradores, incluído o neto do militar falecido, a sua filha mais velha Lucía e Izurieta, defenderam as ações de Pinochet, enquanto a multidão vaiou a imprensa, dificultando o seu trabalho. Ainda: qualificou a presidente Michelle Bachelet de "terrorista".
Em nenhum discurso se aludiu à investigação judicial em marcha pela fortuna de Pinochet, estimada em US$ 100 milhões, mas creditada pela Justiça em apenas US$ 30 milhões, apesar de Izurieta ter dito que "Pinochet morreu sem ter driblado a ação da Justiça" e que este sempre reconheceu "a exclusiva competência dos tribunais chilenos".
As cerimônias fúnebres, organizadas pelo Exército em substituição às honras de Estado, negadas pela presidente, durou três horas sob a vigilância de atiradores de terraços próximos, para evitar atentados, enquanto que em outros balcões, arrendados por US$ 190, viam-se teleobjetivas da imprensa.
A rede de Televisão Nacional informou que a ministra Blanlot deu os pêsames à família em um salão reservado da Escola Militar.
A ministra da Defesa recebeu o repúdio dos presentes no ato fúnebre, mas também, publicamente, a saudação religiosa de paz de Jacqueline Pinochet, filha-caçula do ditador. Durante o ato fúnebre, a presidente chilena manteve o seu programa de atividades, segundo fontes oficiais.
Em seu discurso, Izurieta percorreu a história pessoal de Pinochet, elogiou a ação de seu governo e reafirmou a postura de seus dois antecessores na defesa aos direitos humanos, segundo disse, para dar "os passos necessários para avançar no reencontro dos chilenos".
O chefe militar, em um discurso aplaudido pela viúva Lucía Hiriart de Pinochet, convidou todos a "resgatar tudo o que nos une como chilenos" e "a olhar para o futuro evitando os erros que no passado tanto prejudicaram a nossa sociedade".
A imprensa teve de ser protegida de agressões pelos militares, atitude aprovada por Lucía Pinochet, que em seu discurso fúnebre disse: "Hoje a imprensa internacional não compreende como centenas de milhares de compatriotas desinteressados e sem qualquer tipo de pressão, são capazes de mostrar o seu agradecimento e afeto por aquele que a imprensa qualificou com um dos piores termos e epítetos que alguém possa proferir contra um ser humano".
Pessoas próximas a Pinochet calcularam que nestes dois dias 60 mil pessoas foram à Escola Militar para homenagear o ditador.
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da Ansa, em Santiago
Os atos fúnebres do ditador chileno Augusto Pinochet, organizados pelo Exército e com a presença da ministra da Defesa, Vivianne Blanlot, que foi vaiada, converteram-se hoje em uma defesa férrea do golpe militar de 1973 e de sua condição de "presidente", aclamada pelas cerca de 4.000 pessoas presentes à cerimônia.
O general Oscar Izurieta, comandante-em-chefe do Exército, pediu no seu discurso para "deixar à história" a avaliação do regime militar (1973-1990) encabeçado por Pinochet e as condições que enfrentou ao assumir a presidência, "com a convicção de que não havia outra solução".
Lucía Pinochet Hiriart, a filha mais velha do ditador, despediu-se do pai como "presidente Pinochet" e afirmou que "ainda arde a chama da liberdade que em um dia 11 de setembro Augusto Pinochet semeou em nosso país para sempre".
Outro discurso com carga política foi o do cadete Augusto Pinochet Molina, neto do ditador, que vestindo uniforme militar disse que o seu avô foi "um homem que derrotou em plena Guerra Fria o marxismo e que sempre evitou sofrimentos desnecessários".
"Foi um dos líderes mais importantes de sua época em nível mundial, um homem que em plena Guerra Fria derrotou o modelo marxista, que pretendia impor o seu modelo totalitário diretamente pelas armas", afirmou.
As cerimônias fúnebres, que incluíram a canção "Va Pensiero", o coro de escravos da ópera Nabuco, de Giuseppe Verdi, culminaram com lenços brancos sendo agitados por seguidores e aplausos ao ditador, enquanto uma banda militar interpretou, em ritmo lento, a marcha "Viejos Estandartes".
Depois dos disparos de antigas baterias Krupp do Exército, ficou nos chilenos a incerteza para onde seguiriam os restos de Pinochet, pois nem o Exército nem a família confirmaram a sua transferência de helicóptero para o Cemitério Parque del Mar, de Con Cón, onde se supõe serão incinerados em uma cerimônia privada.
Todos os oradores, incluído o neto do militar falecido, a sua filha mais velha Lucía e Izurieta, defenderam as ações de Pinochet, enquanto a multidão vaiou a imprensa, dificultando o seu trabalho. Ainda: qualificou a presidente Michelle Bachelet de "terrorista".
Em nenhum discurso se aludiu à investigação judicial em marcha pela fortuna de Pinochet, estimada em US$ 100 milhões, mas creditada pela Justiça em apenas US$ 30 milhões, apesar de Izurieta ter dito que "Pinochet morreu sem ter driblado a ação da Justiça" e que este sempre reconheceu "a exclusiva competência dos tribunais chilenos".
As cerimônias fúnebres, organizadas pelo Exército em substituição às honras de Estado, negadas pela presidente, durou três horas sob a vigilância de atiradores de terraços próximos, para evitar atentados, enquanto que em outros balcões, arrendados por US$ 190, viam-se teleobjetivas da imprensa.
A rede de Televisão Nacional informou que a ministra Blanlot deu os pêsames à família em um salão reservado da Escola Militar.
A ministra da Defesa recebeu o repúdio dos presentes no ato fúnebre, mas também, publicamente, a saudação religiosa de paz de Jacqueline Pinochet, filha-caçula do ditador. Durante o ato fúnebre, a presidente chilena manteve o seu programa de atividades, segundo fontes oficiais.
Em seu discurso, Izurieta percorreu a história pessoal de Pinochet, elogiou a ação de seu governo e reafirmou a postura de seus dois antecessores na defesa aos direitos humanos, segundo disse, para dar "os passos necessários para avançar no reencontro dos chilenos".
O chefe militar, em um discurso aplaudido pela viúva Lucía Hiriart de Pinochet, convidou todos a "resgatar tudo o que nos une como chilenos" e "a olhar para o futuro evitando os erros que no passado tanto prejudicaram a nossa sociedade".
A imprensa teve de ser protegida de agressões pelos militares, atitude aprovada por Lucía Pinochet, que em seu discurso fúnebre disse: "Hoje a imprensa internacional não compreende como centenas de milhares de compatriotas desinteressados e sem qualquer tipo de pressão, são capazes de mostrar o seu agradecimento e afeto por aquele que a imprensa qualificou com um dos piores termos e epítetos que alguém possa proferir contra um ser humano".
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