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13/12/2006 - 09h13

Russo diz que levou polônio a Hamburgo após encontrar Litvinenko

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da Folha Online

O empresário russo Dmitry Kovtun afirmou nesta quarta-feira que introduziu inconscientemente o polônio-210 no apartamento de sua ex-mulher, em Hamburgo, após se reunir em outubro e novembro, em Londres, com o ex-espião Alexander Litvinenko. Ele negou que tivesse trazido a substância de Moscou.

O ex-espião russo Alexander Litvinenko morreu em decorrência de envenenamento por polônio-210 no dia 23 de novembro em um hospital de Londres. Várias pessoas com quem ele teve contato antes de morrer também apresentaram sinais de contaminação com o polônio-210, uma substância altamente radioativa.

As explicações de Kovtun, que também foi contaminado, foram dadas por telefone à televisão privada alemã Spiegel TV. Kovtun afirmou que realmente está internado em Moscou, mas, segundo ele, sua saúde está se recuperando.

"A cada dia fico melhor. Meus resultados clínicos já são praticamente normais. Os resultados são satisfatórios e espero sair do hospital antes do fim da semana", disse Kovtun, segundo informações da rede de televisão.

A hospitalização de Kovtun não foi confirmada oficialmente até agora.

Radiação

Russos e britânicos interrogaram Kovtun na semana passada antes de os investigadores alemães terem encontrado traços de polônio 210 em Hamburgo, cidade onde ele ficou durante os quatro dias que sucederam seu encontro com Litvinenko.

Traços de polônio 210 foram confirmados no apartamento da ex-mulher de Kovtun, onde ele dormiu duas noites, e o carro que o levou até o aeroporto de Hamburgo, quando ele voltou até Moscou, também estava contaminado.

Os procuradores alemães estão investigando se Kovtun poderia ter transportado, ilegalmente, material radioativo.

Na entrevista, Kovtun afirma que se reuniu em 16, 17 e 18 de outubro com Litvinenko. Ele diz que possivelmente nessas reuniões tenha sido contaminado com polônio.

"Sabe-se que os vestígios [de radiação] continuam durante muito tempo e, se alguém viaja por todo o mundo, é claro que vai deixando rastros por todas as partes", disse.

Acredita-se, no entanto, que Litvinenko tenha sido envenenado no dia 1º de novembro, dia em que o ex-espião sentiu-se mal e quando também se reuniu com Kovtun e outro ex-colega russo no bar de um hotel em Londres.

Hamburgo

A Procuradoria de Hamburgo abriu investigações contra Kovtun por posse ilícita de substâncias radioativas, mas a polícia afirmou que, por enquanto, não é possível determinar se ele é autor ou vítima do caso Litvinenko.

Nas investigações realizadas até agora, partiu-se da base de que o empresário tinha passado por Hamburgo antes de reunir-se com Litvinenko em 1º de novembro em Londres, mas não que Kovtun tinha se reunido com o ex-espião antes dessa data.

Na entrevista, Kovtun pede desculpas à população de Hamburgo por ter causado tantos transtornos. "Causei muitos problemas à população na Alemanha. Minha própria família foi afetada", disse.

A ex-mulher de Kovtun e os dois filhos não apresentam sintomas de contaminação interna, confirmaram ontem fontes hospitalares.

As provas e revistas na casa da ex-mulher de Kovtun foram feitas após a informação de que o empresário tinha passado a noite no sofá deste apartamento, que fica em Hamburgo, em 30 de outubro --portanto antes de viajar para Londres, em 1º de novembro, para se reunir com Litvinenko.

Motivos para um assassinato

A investigação do assassinato de Litvinenko, que acusou a Rússia de tê-lo envenenado, já envolveu até a Interpol na busca pelos responsáveis, enquanto teorias sobre os motivos do envenenamento continuam aparecendo. Ontem, foi divulgado que o ex-espião russo colaborava na investigação independente do massacre de Beslan, informou hoje o jornal digital "Gazeta.ru".

Litvinenko se reuniu várias vezes, uma delas na capital britânica, com Marina Litvinovich, promotora de uma investigação independente do massacre na escola da Ossétia do Norte e autora do site "A Verdade de Beslan".

Segundo Litvinovich, o antigo agente do serviço secreto se ofereceu para ajudá-la em tudo que fosse possível para esclarecer a morte de 334 pessoas no seqüestro da escola número um de Beslan por um comando terrorista tchetcheno em setembro de 2004.

A última vez que ambos se reuniram foi em Londres, em setembro deste ano. No encontro, os dois conversaram sobre a possibilidade de serem encontradas novas testemunhas do caso.

Litvinenko também mantinha contatos regulares com o ministro de Assuntos Exteriores da guerrilha separatista tchetchena, Ahmed Zakayev, também exilado em Londres. Além disso, o ex-agente supostamente investigava a morte da jornalista russa Anna Politkovskaya, a voz mais crítica em relação à política do Kremlin para a Tchetchênia.

A Procuradoria russa reconheceu na semana passada que Litvinenko, que atribuiu sua morte ao serviço secreto russo e ao próprio presidente russo, Vladimir Putin, foi assassinado.

Ex-membro do serviço secreto russo (FSB, ex-KGB), Litvinenko vivia exilado no Reino Unido desde 2000 e havia recentemente conseguido cidadania britânica.

Com Efe e agências internacionais

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