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18/12/2006 - 15h27

Romênia é o 1º país a considerar o comunismo "ilegítimo e criminoso"

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da Efe, em Bucareste

O presidente romeno, o liberal Traian Basescu, condenou nesta segunda-feira oficialmente o comunismo como "ilegítimo e criminoso", o que transforma à Romênia no primeiro membro do ex-bloco comunista que dá este passo, a apenas duas semanas de sua entrada na União Européia (UE).

Basescu fundamentou sua condenação em um exaustivo relatório elaborado por uma comissão liderada pelo historiador Vladimir Tismaneanu, que analisou os crimes e os abusos da ditadura comunista entre 1945 e 1989, ano da queda Cortina de Ferro. O presidente liberal fez a declaração perante o Parlamento romeno no meio das vaias de numerosos deputados ultranacionalistas.

Participaram da sessão como convidados o Rei Miguel 1º, último chefe de Estado da Romênia antes do comunismo ser implantado, assim como os ex-presidentes Lech Walesa (Polônia) e Jelyo Jelev (Bulgária).

De acordo com o estudo, a Romênia teve entre 500 mil e 2 milhões de vítimas do comunismo, assassinadas nas prisões ou em campos de trabalho forçado, e que vão desde a elite política e cultural do entreguerras aos opositores do regime que se rebelaram ou só pensaram de maneira diferente.

"A Securitate (a polícia política secreta) foi uma organização criminosa do princípio ao fim", destaca o relatório de 660 páginas.

A comissão analisou as principais instituições e as personalidades políticas que tornaram possível a perpetuação da ditadura comunista, assim como as violações dos direitos humanos.

No estudo se mencionam as biografias de 53 políticos que contribuíram para manter e perpetuar o regime comunista, entre eles Ana Pauker, Gheorghe Ghorghiu Dej, assim como Nicolae e Elena Ceausescu.

Alguns dos políticos denunciados continuam na vida política romena, como o ex-presidente Ion Iliescu, o ultranacionalista Corneliu Vadim Tudor, líder do Partido Grande Romênia ou o social-democrata Adrian Paunescu.

Iliescu, que conduziu a Romênia durante dez dos últimos 17 anos e que atualmente é presidente honorífico do Partido Social Democrata (PSD), que é de oposição, rejeitou nesta segunda-feira sua menção entre os "pilares do comunismo" e acusou o autor do relatório de manipulação e falta de honestidade intelectual.

Iliescu disse ver no relatório "um grande perigo" para a vida política da Romênia e um "pretexto para a contra-ofensiva da direita agressiva" e acrescentou que "a própria história condenou o comunismo com a queda do regime".

Tudor reagiu com veemência e acusou Basescu de aprovar um "projeto miserável" para acertar as contas com seus adversários políticos.

Emil Boc, líder do Partido Democrata, ressaltou que o documento não levará a "uma caça às bruxas".

O relatório recomenda a total abertura dos arquivos confidenciais tanto da Securitate como do Partido Comunista para que os romenos tenham acesso à verdade sobre uma época histórica obscura.

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