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11/01/2007 - 00h23

Bush anuncia envio de 20 mil soldados ao Iraque em novo plano

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da Folha Online

Em um pronunciamento de 20 minutos na noite desta quarta-feira na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, afirmou que o fracasso no Iraque terá conseqüências desastrosas para a América, e que para evitá-lo será necessário enviar 20 mil soldados adicionais ao país árabe.

"As forças dos EUA estão engajadas em uma luta contra o terror para trazer segurança para a América", disse Bush na abertura do discurso de hoje. Com o aumento das tropas, disse Bush, "teremos o pessoal necessário para alcançar a segurança no país". "Eles [os terroristas] querem destruir nosso estilo de vida", completou.

AP
O presidente americano, George W. Bush, anuncia hoje sua nova estratégia para o Iraque
O presidente americano, George W. Bush, anuncia hoje sua nova estratégia para o Iraque
Bush apresentou o conflito no Iraque como "a luta ideológica definitiva de nossa época". "A longo prazo, a forma mais realista de proteger os americanos é prover uma alternativa para a ideologia do ódio do inimigo, por meio do avanço da liberdade em uma região problemática. Nossa luta no Iraque é nobre e necessária."

O presidente lembrou o público da violência do último ano no Iraque, assim como também do ataque contra as Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001. "O atentado [do 11/09] nos mostrou o que pode acontecer quando o ódio de pessoas do outro lado do mundo se volta contra nós".

"Onde erros foram cometidos, eu assumo a responsabilidade", acrescentou Bush. Apesar de assumir a culpa, ele disse que alertou o governo iraquiano de que o compromisso dos EUA no país não é infinito, e que se os iraquianos não tomarem as medidas que precisam para promover a segurança, eles perderão o apoio da Casa Branca.

Bush afirmou ainda que a implementação da nova estratégia permitirá a transferência do controle de todas as Províncias do Iraque para os iraquianos até novembro de 2007. "Podemos e vamos vencer".

O pronunciamento foi feito de Washington às 21h locais (24h pelo horário de Brasília).

Última Chance

O discurso do presidente, transmitido ao vivo pelas redes de TV americanas, anunciou uma nova estratégia aguardada há meses por americanos e iraquianos. O anúncio só chegou um mês depois que a junta encarregada pela Casa Branca para estudar uma mudança no país árabe entregou a Bush recomendações sobre a guerra --que foram, em larga medida, ignoradas pelo presidente.

A tensão sobre a estratégia vinha crescendo diariamente após a escalada da violência no país árabe elevar o número de baixas do Exército americano para 3.000 em dezembro, a contar desde a invasão, em 2003.

A mídia americana considerou o discurso de Bush a última chance do governo conquistar o apoio do público americano para a guerra. A oposição da opinião pública ficou abundantemente clara com a derrota do Partido Republicano nas últimas eleições legislativas, no dia 7 de novembro.

Em 2007, os democratas assumiram o controle das duas Casas do Congresso pela primeira vez em 12 anos, e já prometem dificultar a implementação da nova estratégia do presidente no Iraque.

Plano

Durante todo o dia de hoje, a Casa Branca divulgou partes do novo plano que Bush anunciou formalmente há pouco.

As informações do governo permitiram conhecer a estratégia antes do discurso, que inclui o envio de 21.500 soldados adicionais para o Iraque.

O plano também fixa um prazo até novembro deste ano que os iraquianos assumam o controle da segurança das suas 18 Províncias, adiantaram fontes oficiais.

No momento, os Estados Unidos mantêm cerca de 140 mil soldados no Iraque. As forças iraquianas só controlam três províncias.

Fontes do Pentágono informaram que a maior parte do novo contingente, que deve ir para o Iraque no final deste mês, ficará em Bagdá.

Cerca de 4.000 soldados serão enviados à Província de Anbar.

"Este é um plano de um comandante-em-chefe que decidiu não fracassar no Iraque", afirmou o congressista republicano Mike Pence, após a reunião de terça-feira com o presidente para conhecer os detalhes da nova estratégia.

Principais pontos

Fontes da Casa Branca anteciparam que Bush também anunciará uma série de objetivos para o governo do primeiro-ministro iraquiano, Nouri al Maliki. Um deles será a inclusão de mais sunitas no processo político.

Segundo fontes políticas, Al Maliki prometeu a Bush utilizar as tropas iraquianas do interior do país para reforçar a segurança em Bagdá. O principal objetivo será neutralizar as milícias xiitas leais ao clérigo Moqtada al Sadr.

Bush pedirá aos países aliados no Oriente Médio que aumentem sua ajuda econômica ao Iraque.

Ele descartou as recomendações do Grupo de Estudos que no fim do ano passado, que sugeriam a inclusão do Irã e da Síria nos esforços para pôr fim à violência sectária no país. No lugar da cooperação, uma nova ofensiva das tropas americanas será realizada contra elementos dos dois países, acusados por Washington de desestabilizar o Iraque.

Dos 21.500 soldados que, segundo adiantou a Casa Branca hoje, serão enviados ao Iraque, 17.500 irão para Bagdá e 4.000 para a Província de Al Anbar.O envio das tropas será gradual. Três brigadas adicionais de soldados iraquianos também serão enviadas a Bagdá, e o comando militar na capital será revisado.

A proteção à população iraquiana é outro ponto do novo plano. Um dos objetivos principais do dispositivo de segurança americano será a proteção à população civil. Mas o foco principal continuará no treinamento das forças iraquianas.

Bush anunciou hoje também um programa americano para a geração de empregos em Bagdá e em Al Anbar, além da duplicação dos times provinciais de reconstrução do país.

Críticas

Legisladores democratas já começaram a anunciar sua oposição ao plano. A presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, anunciou que vai submeter à votação o aumento de tropas. O senador Edward Kennedy apresentou na terça-feira um projeto para impedir a dotação de novos fundos para aumentar o contingente militar.

"Como ficou claro após as eleições de novembro, a maioria dos americanos se opõe à Guerra do Iraque. Um número ainda maior é contra o envio de mais tropas", disse Kennedy.

Um projeto semelhante será apresentado na Câmara de Representantes pelo democrata Ed Markey.

Kennedy destacou que sua iniciativa retoma o papel que a Constituição dá ao Congresso em decisões sobre a guerra e a paz. "Vamos exercer o poder que temos sobre o erário público", avisou Kennedy. Ele votou contra a guerra, iniciada em março de 2003.

Para o democrata, o aumento do contingente seria "um imenso novo erro". "O presidente quer manter o rumo, sob outro nome. Só vai tornar os EUA mais odiados no mundo todo", acrescentou, chamando o Iraque de "o Vietnã de George W. Bush".

Bush admitiu hoje pela primeira vez que errou em não ordenar o aumento das tropas no Iraque em 2006.

Bush afirmou que "retroceder agora seria forçar o colapso do governo iraquiano". "Um cenário como este obrigaria nossas tropas a permanecerem no Iraque por um tempo ainda maior, e confrontarem um inimigo ainda mais letal."

"Se aumentarmos nosso apoio neste momento crucial e ajudarmos os iraquianos a quebrarem o atual ciclo de violência, poderemos apressar a volta de nossas tropas para casa", acrescentou.

Oposição democrata

Os novos líderes democratas do Congresso se encontraram com Bush antes de seu discurso de hoje e reclamaram que sua oposição ao envio de mais tropas foi ignorada. "Esta é a terceira vez que escolhemos este caminho. Nas duas vezes anteriores, não funcionou", alertou a líder da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi. "Porque estamos fazendo isso agora? A pergunta permanece", disse Pelosi.

Os legisladores democratas estão tentando organizar, tanto na Câmara quanto no Senado, votos para pedir ao presidente que não envie mais tropas ao Iraque. Apesar de não ter força legal, os votos obrigarão os republicanos a optar entre retirar o apoio ao presidente ou apoiar o envio de americanos à guerra. Até o momento, vário republicanos já expressaram simpatia pela medida democrata.

A guerra já custou aos EUA, além do desgastes, mais de US$ 400 bilhões. O bloqueio de mais verba é mais um trunfo que está sendo estudado pelos democratas no Congresso para barrar o aumento das tropas no Iraque.

Com agências internacionais

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