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20/01/2007 - 15h38

Eleições sérvias decidem amanhã futuro do país na Europa

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da Efe, em Belgrado
da Folha Online

A Sérvia realizará neste domingo eleições parlamentares cruciais para que haja uma continuidade de sua transição democrática e sua posterior aproximação com as organizações euro-atlânticas.

Srdjan Ilic/AP
O premiê Vojislav Kostunica acena em reunião eleitoral de seu partido
O premiê Vojislav Kostunica acena em reunião eleitoral de seu partido
O país realiza hoje o segundo dia de reflexão sobre a votação. Aproximadamente 6,6 milhões de cidadãos com direito a voto deverão eleger 250 deputados do Parlamento nacional, nas terceiras eleições legislativas desde que os reformistas pró-europeus derrubaram o presidente Slobodan Milosevic, em outubro de 2000.

As eleições foram antecipadas em um ano porque, em novembro, foi adotada a nova Constituição democrática para substituir a que tinha sido promulgada pelo antigo regime em 1990.

O candidato favorito é um ex-colaborador de Milosevic, o Partido Radical da Sérvia (SRS).

SRS

Este grupo ultranacionalista que nas legislativas anteriores de dezembro de 2003 obteve a vitória relativa --apesar de não ter conseguido formar governo por falta de aliados-- lidera as pesquisas de intenção de voto, com 30% de apoio.

Seus concorrentes são os pró-europeus Partido Democrático (DS, centro-esquerda), do presidente da república, Boris Tadic, e o Partido Democrático da Sérvia (DSS, centro-direita), do atual primeiro-ministro, Vojislav Kostunica, que teriam 25% e 20% dos votos, respectivamente.

As eleições serão realizadas por um sistema de proporcionalidade. O partido de economistas G-17 Plus também deve ultrapassar a barreira de 5% e ser eleito para o Parlamento. O grupo fez parte dos dois sucessivos Executivos reformistas dirigidos respectivamente pelo DS e pelo DSS nos últimos seis anos.

As pesquisas também mostram que têm possibilidade de conquistar cadeiras no pleito o Partido Socialista da Sérvia (SPS), fundado por Milosevic, e o novo Partido Liberal-Democrático (LDP), uma dissidência do DS.

Minorias étnicas

Entre os 20 partidos e coalizões que participam destas eleições, estão também seis formações de minorias étnicas, que não devem alcançar 5% dos votos.

As minorias poderiam ocupar entre oito e 12 cadeiras e se tornar, assim, um importante fator nas negociações para a formação do futuro governo.

Diante da possibilidade de os "ultras" voltarem ao poder, altos representantes de vários países da União Européia (UE) visitaram a Sérvia na última semana para reafirmar a expectativa européia e manifestar a esperança de que o futuro governo seja "democrático e pró-europeu".

A embaixada americana e vários diplomatas europeus destacados no país também enviaram mensagens de apoio às "forças democráticas". Alguns, inclusive, advertiram que uma Sérvia governada pelo SRS poderia cair em um isolamento semelhante ao sofrido durante o regime de Milosevic.

Parceiros ou inimigos?

Nesta situação, alguns analistas esperam que o DS e o DSS --que se aliaram para derrubar Milosevic, mas depois se tornaram rivais-- superem suas divergências.

Os dois partidos, junto com formações menores, poderiam criar um governo estável, capaz dar prosseguimento às reformas democráticas e de enfrentar os difíceis desafios que aguardam o país neste ano.

Em primeiro lugar, deve ser decidido o estatuto da província do Kosovo, habitada por maioria albanesa independentista e sob protetorado temporário da ONU desde 1999, quando bombardeios da Otan obrigaram Milosevic a retirar suas tropas e sua Administração desse território.

Além disso, a Sérvia tem que extraditar ou ajudar na captura de vários supostos criminosos de guerra, uma reivindicação do Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII), a fim de dar continuidade às negociações da adesão do país à União Européia (suspensas desde maio).

Kosovo

Na última quarta-feira, com a intenção de prevenir incidentes violentos nas eleições, a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança militar ocidental liderada pelos Estados Unidos) reforçou seu dispositivo militar na Província independentista de Kosovo, declarou o porta-voz da Aliança Atlântica, James Appathurai.

"O nível de nossas forças já está um pouco mais elevado do que antes. As reservas se encontram em posição de serem trasladadas mais rápido", indicou o porta-voz.

Os 17 mil soldados da força de manutenção da paz da Otan (KFOR) "estão muito informadas sobre esta questão" e, por isso, "não haverá surpresas", acrescentou Appathurai, em alusão aos riscos de atos de violência entre a maioria albanesa e a minoria sérvia de Kosovo.

Depois das eleições na Sérvia, o emissário da ONU, Martti Ahtisaari, deve apresentar suas recomendações sobre o estatuto final de Kosovo.

Oposição

A campanha de Kosovo pela independência da região encontra forte oposição dentro da Sérvia.

No final de 2006, o primeiro-ministro sérvio, Vojislav Kostunica, disse que a Sérvia só poderia perder a Província de Kosovo se sofrer uma "violência jurídica".

"Kosovo nunca poderá chegar a ser independente de forma legal e justa. Só pode ser separado se alguém quiser e se atrever a recorrer à violência jurídica, com o respaldo na força", disse Kostunica em reunião do DSS (Partido Democrático da Sérvia).

Kostunica também se opôs a qualquer possibilidade de reconhecimento unilateral da independência do Kosovo e reiterou a posição sérvia de que a província deve gozar de autonomia substancial dentro da Sérvia.

As negociações do estatuto entre sérvios e albano-kosovares começaram em fevereiro passado, mas não conseguiram aproximar as posições opostas entre as duas partes nem nos assuntos técnicos.

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