Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
04/02/2007 - 12h46

Tráfico de mulheres fez 100 mil vítimas na AL e no Caribe em 2006

Publicidade

da Efe, em Buenos Aires

O tráfico de mulheres gera receitas anuais de US$ 32 bilhões no mundo todo, e 85% desse dinheiro vem da exploração sexual, que só na América Latina e no Caribe fez 100 mil vítimas em 2006.

São dados de um relatório da Organização Internacional de Migrações (OIM), fornecido pelo diretor regional do Cone Sul do órgão, Eugenio Ambrosi, que declarou que uma mulher pode ser "vendida" para uma rede de exploração sexual por entre US$ 100 e US$ 1.600.

As vítimas das organizações que traficam pessoas para obrigá-las a exercer a prostituição geram um lucro líquido de US$ 13 mil para seus exploradores, disse o funcionário italiano.

O estudo da OIM, que se concentrou na Argentina, no Chile e no Uruguai, revela que as vítimas costumam ser mulheres de classe social baixa, que vivem em um ambiente de marginalidade, com um entorno familiar instável, além do precário nível educacional. Assim, com pequenas possibilidades de trabalho, essas mulheres estão predispostas a migrar e cair em diferentes esquemas.

Há muitos ganchos para atrair estas mulheres, mas na maioria das vezes, são outras mulheres, ligadas de alguma maneira com o âmbito familiar da vítima, e que têm a confiança da vítima, como vizinhas ou até mesmo membros da própria família, que apresentam uma oferta de emprego bem remunerada no exterior, ou em seu país, mas longe da família.

Os captadores também recorrem a táticas como a publicação de anúncios, nos quais o trabalho a desenvolver não está claramente especificado, testes de elenco para trabalhar no mundo da publicidade, ou como modelos, e até seqüestros.

Na maioria dos casos, os "contratantes" se encarregam das despesas da viagem. Assim, quando as mulheres chegam a seu destino, já têm uma dívida contraída.

Abusos

Ambrosi destacou que as vítimas do tráfico de mulheres podem se transformar em captadoras ou exploradoras, seja por coação ou como resultado dos abusos sofridos, e que pelo menos 50% das mulheres não têm consciência da sua condição de vítima.

Além dos agentes diretos, o tráfico também conta com a intervenção dos secundários, como motoristas de táxis, funcionários públicos, policiais, juízes e políticos, que colaboram implicitamente ou que, com sua indiferença, tornam possível este tipo de prática.

A relevância de algumas das figuras envolvidas no processo dificulta a declaração das vítimas e a interposição de denúncias, e atualmente não existe um sistema de proteção para estas na Argentina, no Chile e no Uruguai, porque esta prática não é considerada um crime. Por isso, os exploradores têm que ser julgados por outras causas.

O tráfico sexual de pessoas na Argentina registrou 47 casos penais durante 2006, das quais 30% corresponderam a menores de idade e, entre 50% e 60%, a mulheres de 18 a 24 anos.

Além disso, foram registradas 400 denúncias de desaparecimento durante o ano passado, dentre as quais a maioria corresponde ao perfil das mulheres seqüestradas para o tráfico sexual.

Países

O relatório revela que a Província de Tucumán (nordeste da Argentina) é onde mais se recorre ao seqüestro para o recrutamento.

A Argentina, onde o predomínio é do tráfico interno, também é um país de passagem de mulheres latino-americanas para a Europa, e um receptor de dominicanas e paraguaias, destacou Ambrosi.

Cerca de 52% dos 118 casos de paraguaias vítimas do tráfico sexual analisadas pela OIM em 2005 tiveram a Argentina como destino final.

Em 2006, o Chile foi o país de destino para 40% de mulheres argentinas, 25% de peruanas, 24% de colombianas, 5% de chinesas e 2% de dominicanas, brasileiras e equatorianas.

O estudo também revela que o Uruguai não é um país de destino de vítimas do tráfico com fins de exploração sexual, embora alguns casos de mulheres argentinas e brasileiras tenham sido registrados. No entanto, o Uruguai é um exportador para países como Espanha e Itália e, em menor escala, para Argentina e Alemanha.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre tráfico de mulheres
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página