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10/02/2007 - 17h19

Governo palestino de coalizão não reconhecerá Israel, diz Hamas

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da Folha Online

O novo governo palestino de coalizão, anunciado nesta quinta-feira (8) pelos movimentos rivais palestinos Hamas e Fatah, não deverá reconhecer o Estado de Israel, afirmou hoje o conselheiro do Hamas Ahmed Youssef. O reconhecimento de Israel é uma das condições impostas pela comunidade internacional para o fim do boicote financeiro ao governo palestino.

A questão é também uma exigência de Israel para o reconhecimento do novo governo palestino. Youssef, conselheiro do premiê palestino, Ismail Haniyeh (do Hamas), disse que "a questão do reconhecimento não foi discutida em absoluto" durante a negociação do acordo. Ele disse ainda que o novo governo deverá ser implementado por Haniyeh em até dez dias.

A disputa por poder entre o governo do movimento islâmico Hamas e o grupo nacionalista Fatah, ligado ao presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, segue desde o começo de 2006, e no último mês desencadeou episódios de violência que deixaram dezenas de mortos.

O Hamas e o Fatah, além de movimentos políticos, possuem braços armados. Espera-se que o acordo anunciado na quinta-feira ponha um fim ao confronto entre os grupos, que ameaça se tornar uma guerra civil nos territórios palestinos.

Israel

Apesar da polêmica externa, o Youssef reafirmou que "a plataforma do novo governo não conterá nenhum sinal do reconhecimento [de Israel], independentemente das pressões dos EUA e do Quarteto [internacional para o Oriente Médio, grupo mediador formado pelos EUA, ONU, União Européia e Rússia]".

9.fev.2007/Reuters
Haniyeh (esq.), Meshaal (centro) e Abbas (dir.) concordaram em criar novo governo de união
Haniyeh (esq.), Meshaal (centro) e Abbas (dir.) concordaram em criar novo governo de união
Mesmo com a rejeição ao reconhecimento de Israel, o conselheiro disse que o novo governo deverá respeitar acordos de paz antigos entre os palestinos e Israel --outra das exigências da comunidade internacional.

Israel, o Quarteto e os Estados Unidos afirmaram ontem que todas as condições (reconhecimento de Israel, o respeito a acordos de paz anteriores e ainda a renúncia à violência) impostas para o fim do bloqueio financeiro internacional devem ser atendidas pelo novo governo de coalizão.

O boicote está em vigor desde que o Hamas subiu ao poder, em março de 2006, após vencer as eleições democráticas palestinas em janeiro daquele ano. Os EUA consideram o Hamas um grupo terrorista e tentam desde então convencer o grupo a formar um governo de coalizão com o secular Fatah, considerado mais moderado.

Governo de coalizão

A assinatura do governo de coalizão palestino foi divulgada oficialmente por redes de TV árabes e internacionais há dois dias. "Superamos todas as diferenças", disse na ocasião Mohammed Nazzal, do Hamas.

Suhaib Salem/AP
Lideranças do Fatah e do Hamas fecham acordo para governo palestino de coalizão
Lideranças do Fatah e do Hamas fecham acordo para governo palestino de coalizão
O acordo foi firmado verbalmente --e posteriormente assinado-- durante encontro a portas fechadas entre Abbas e Haniyeh em Meca (Arábia Saudita). No ato oficial de anúncio do acordo, o rei saudita Abdullah se sentou com Abbas à direita e o líder do Hamas, Khaled Meshaal, que vive na Síria, à esquerda.

Após o anúncio, Israel e os Estados Unidos exigiram que o novo governo explicitamente aceite as três condições para o fim do bloqueio. A vaga promessa feita pelo Hamas de respeitar antigos acordos desde que não contrariem interesses palestinos --um ponto alcançado depois que o grupo islâmico rejeitou a pressão por uma linguagem mais explícita-- aparentemente não foi suficiente para estes países.

O assistente de Abbas, Nabil Amr, leu uma carta do presidente da ANP proclamando o acordo e pedindo a Haniyeh que forme o novo governo de coalizão em cinco semanas, dividindo os gabinetes de acordo com uma fórmula negociada em Meca.

Cláusulas

Segundo fontes do governo palestino [que falaram em condição de anonimato], o documento também tem como base discussões realizadas no ano passado entre ativistas do Hamas e do Fatah detidos em prisões israelenses, que pede a criação de um Estado palestino com território na Cisjordânia, Gaza e e leste de Jerusalém, áreas tomadas por Israel na guerra de 1967. Israel se retirou de Gaza em agosto de 2005.

Se o Hamas realmente levar a cabo um governo de coalizão que assuma essas cláusulas, isso significaria o compromisso mais concreto já fixado para a criação de dois Estados e para pôr fim ao conflito israelo-palestino.

Veja alterações de governo previstas no acordo:

- O Hamas terá o controle de sete ministérios. O Fatah ficará com seis

- Hamas mantém a chefia do governo e os ministérios de Educação, Bens Islâmicos, Trabalho, Assuntos Municipais, Juventude, Justiça e Comunicação. Também terá direito a nomear três ministros independentes [Interior, Planejamento e de Estado), que não pertençam a nenhum dos dois partidos

- Fatah assume as pastas de Saúde, Assuntos Sociais, Obras Públicas, Transporte, Agricultura e Assuntos de Prisioneiros. Também nomearão ministro de Exteriores e um ministro de Estado --que não pertençam a nenhum dos dois partidos

- As pastas restantes [quatro] irão para forças palestinas representadas no Parlamento, como a Frente Popular para a Libertação da Palestina, a Frente Democrática para a Libertação da Palestina, Terceira Via e Palestina Independente.

- O Ministério das Finanças de ficar a cargo de Sallam Fayad, da Terceira Via.

Leia mais
  • Reforma em Jerusalém gera protestos de muçulmanos contra Israel
  • Líderes palestinos se reúnem em Meca para negociar coalizão

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  • Leia o que já foi publicado sobre o Hamas
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