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26/02/2007 - 08h45

Países da ONU se reúnem para discutir Irã; tensão com EUA cresce

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da Folha Online

Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (CS) da ONU (Organização das Nações Unidas) e a Alemanha se reúnem nesta segunda-feira em Londres para discutir sanções --tais como restrições e embargo de armas-- ao Irã devido à insistência do país em manter seu programa nuclear.

No último sábado (24), o Irã acusou Estados Unidos, Israel e Reino Unido de provocar tensão nas fronteiras de Iraque e Turquia com o país persa a fim de minar o governo de Teerã. A tensão entre EUA e Irã é crescente e não há indicadores que sinalizem estabilidade.

Ontem, a revista americana "The New Yorker" publicou reportagem em que afirma que o que o Pentágono teria criado um grupo especial para lançar uma ação militar contra as instalações nucleares do Irã em um prazo de 24 horas, após um aval da Casa Branca. As informações são do renomado repórter investigativo Seymour Hersh, conhecido por suas fontes confiáveis na área da Defesa e responsável por revelar escândalos como o de Abu Ghraib, palco de maus-tratos levado a cabo por soldados americanos contra prisioneiros iraquianos.

Hoje, o Ministério da Defesa da Bulgária desmentiu a suposta chegada a país de aviões bombardeiros americanos destinados a possíveis ataques aéreos contra o Irã, informou a agência búlgara de notícias BTA.

Representantes das seis nações que fazem parte do grupo permanente do CS da ONU --EUA, Rússia, China, França e Reino Unido-- se reunirão no escritório do Ministério de Relações Exteriores britânico para decidir a resposta a ser dada à recusa iraniana em atender à exigência da organização de suspensão do enriquecimento de urânio.

Na quinta-feira (22), a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) confirmou em um relatório que Teerã não atendeu ao ultimato da ONU para deixar de lado as atividades com urânio --que pode levar à construção de armas nucleares-- e ainda expandiu o programa.

Após a divulgação do relatório da AIEA, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse ser "impossível" frear as atividades nucleares de seu país, e acrescentou que "não renunciará nem um pouco a seu direito às tecnologias atômicas".

Um diplomata britânico que deve participar da reunião desta segunda-feira afirmou à rede de TV americana CNN que será analisada a adoção de novas sanções contra o regime iraniano.

Restrições à exportação de armas também serão consideradas, de acordo com a fonte diplomática, que falou à rede de TV em condição de anonimato.

Não há expectativa de que a reunião chegue a uma conclusão a respeito do Irã. Os diplomatas devem retornar a seus países para relatar o que foi discutido.

Os EUA e seus aliados europeus pressionam para que o Irã suspenda seu programa de enriquecimento de urânio e retorne às negociações. Há suspeitas de que o Irã utilize seu programa nuclear civil para encobrir um programa clandestino de produção de armas.

O Irã se recusa a deixar de lado as atividades, alegando que seu programa é pacífico e que seu único interesse é a produção de combustível para abastecer instalações nucleares.

Tensão

No sábado, o comandante da Guarda Revolucionária do Irã [unidade de elite do país], general Yahya Rahim Safavi afirmou em comunicado que "os inimigos gananciosos (...) americanos, britânicos e o regime sionista [referindo-se a Israel], tendo em vista suas intenções no Oriente Médio, estão incitando insegurança nas fronteiras com o Irã".

No comunicado, a Guarda Revolucionária do Irã anunciou a morte de 17 rebeldes na fronteira com a Turquia, sem mencionar nomes de grupos de oposição ao governo nem dar detalhes sobre a ação. O Irã confrontou em ações armadas vários grupos de oposição presentes em suas fronteiras nos últimos anos, mas nenhum deles chegou a ser uma ameaça real ao governo de Teerã.

A suposta intenção dos EUA de atacar o Irã tem sido insistentemente noticiada pela imprensa britânica. Ontem, importantes jornais do Reino Unido publicaram reportagens apontado para o fato de os EUA quererem esta ação militar e de, inclusive, intencionar o uso da mesma tática da Guerra do Iraque para convencer a comunidade internacional [em 2003, os EUA invadiram o Iraque alegando que o país possuía armas de destruição em massa. Próximo de se completar quatro anos do conflito, nenhuma arma deste tipo foi encontrada em território iraquiano].

O "Times" informou que autoridades do governo britânico temem que o presidente dos EUA, George W. Bush, ordene um ataque ao Irã antes do fim de seu mandato, em dois anos. "Bush não quer deixar a questão para o sucessor", disse uma das fontes, que pediu anonimato.

Em outra reportagem, o "Guardian" relatou que muitos dos dados sobre o programa nuclear iraniano recolhidos pelos serviços de inteligência dos EUA são "infundados", segundo fontes diplomáticas que atuam na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Exigências

Em 23 de dezembro último, a ONU deu um mandato à AIEA para elaborar em 60 dias um relatório que estabelecesse se o Irã cumpriu a resolução 1737, que exige a suspensão de todas as atividades relacionadas com o enriquecimento de urânio.

Expirado o prazo, a agência atômica da ONU divulgou relatório no qual afirma que o Irã, além de não interromper suas atividades, estendeu seu programa nuclear.

A resolução da ONU ordena que todos os países deixem de fornecer ao Irã materiais e tecnologia que possam contribuir para a construção de mísseis, e que congelem os bens de dez empresas e 12 indivíduos que mantêm relação com o programa.

Além de restrições comerciais e de um embargo de armas, fontes diplomáticas afirmaram na semana passada que medidas como o banimento de viagens de indivíduos em vários países.

A Rússia e a China, que mantêm relações comerciais com o Irã, forçaram os demais países a deixar o banimento de fora da resolução de 23 de dezembro. É provável que os dois parceiros comerciais do Irã tentem novamente barrar medidas mais severas contra Teerã.

Leia mais
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  • Israel e EUA planejam ataque aéreo ao Irã via Iraque, diz jornal
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  • Autoridades britânicas temem ataque dos EUA ao Irã, diz jornal
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