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21/03/2007 - 13h22

Ajuda internacional a palestinos cresceu em 2006 apesar de boicote

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da Folha Online

A ajuda internacional aos palestinos aumentou de US$ 1 bilhão em 2005 para mais de US$ 1,2 bilhão em 2006, afirmou a Agência das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) nesta quarta-feira.

O aumento ocorreu apesar das sanções internacionais impostas aos palestinos desde que o grupo terrorista Hamas venceu as eleições no início de 2006.

Boa parte da ajuda foi de assistência emergencial da Europa, da ONU e do mundo árabe e foi direcionada para pessoas fora do governo para aliviar uma crise humanitária iniciada, em grande parte, pelas sanções.

Mario Mariani, chefe da assistência emergencial européia, disse que a ajuda européia foi de cerca de US$ 930 milhões em 2006, um aumento de 30% em relação ao ano anterior.

Oficiais palestinos disseram que os números são uma estimativa, porque não se sabe quanto veio de nações árabes ou foi levado clandestinamente para Gaza em malas carregadas por oficiais do Hamas.

Custos do boicote

Críticos afirmam que o boicote internacional custou mais dinheiro aos doadores e causou danos de longo prazo à economia palestina.

A ajuda foi enviada de forma menos eficaz porque, numa tentativa de driblar o governo do Hamas, o dinheiro foi levado de jeitos diversos, incluindo para a conta pessoal de Abbas e de funcionários palestinos.

"Mais dinheiro foi gasto de uma forma menos coordenada", disse Pierre Bessuges, vice-diretor da Ocha em áreas palestinas.

"A comunidade doadora, particularmente os europeus, primeiro investiu bilhões no desenvolvimento institucional da ANP [Autoridade Nacional Palestina], e no último ano investiu em uma política que basicamente desfez os feitos passados", disse Mouin Rabbani, analista do International Crisis Group, um grupo independente de pesquisa sobre política externa.

No entanto, o analista israelense Gerald Steinberg acredita que as sanções forçaram o Hamas a dividir o poder e enviaram uma mensagem clara aos palestinos. "A maioria dos palestinos reconhece que está pagando um preço alto por ter a liderança radical do Hamas e nisso, eu diria que sim, elas [as sanções] foram eficazes", disse Steinberg, da Universidade Bar-Ilan, perto de Tel Aviv.

Danos irreversíveis

Economistas palestinos alertam que parte dos danos causados pelas sanções são irreversíveis, incluindo a fuga de investidores, a perda de confiança na economia e o enfraquecimento de instituições governamentais. Além disso, com a ajuda sendo restrita ao combate a crises humanitárias, projetos de desenvolvimento ficaram de lado.

"Não há nenhum investimento, nada", disse Bassim Khoury, presidente da Federação Palestina de Indústrias. "Está criando-se um país que não será sustentável no futuro."

Israel quer a continuidade do boicote ao governo palestino. Os palestinos aprovaram no sábado (17) um novo governo de união nacional, formado por membros do Hamas e do grupo laico Fatah. A plataforma do novo gabinete não cedeu às demandas internacionais de renuncia à violência e o reconhecimento de Israel.

O porta-voz do ministério das Relações Exteriores de Israel, Mark Regev, disse, no entanto, que oficiais israelenses "apóiam esforços da comunidade internacional de melhorar a ajuda ao povo palestino".

Joel Toujas-Bernate, do Fundo Monetário Internacional (FMI), disse que a mudança da ajuda para desenvolvimento para ajuda emergencial lançou dúvidas sobre o crescimento a médio e longo prazo da economia palestina.

Desde que as sanções começaram, a comunidade internacional parou a maioria dos projetos de desenvolvimento e congelou ajuda à ANP, enquanto Israel reteve milhões de dólares em repasse de impostos.

Orçamento

A ONU havia inicialmente orçado US$ 216 milhões em 2006 para a distribuição de alimentos e serviços básicos para os palestinos. Após a imposição das sanções, o apelo humanitário para 2006 aumentou para US$ 384 milhões.

Em 2007, a ONU quer US$ 454 milhões em contribuições emergenciais para os palestinos, disse Bessuges, da Ocha.

Apenas Sudão e a República do Congo estão à frente dos palestinos nessa lista, com ajudas de US$ 1,2 bilhão e US$ 687 milhões, respectivamente.

As nações árabes enviaram milhões de dólares. O ex-ministro das Finanças, que era apoiado pelo Hamas, Samir Abu Eisha, disse que cerca de US$ 68 milhões foram levados para Gaza em malas de oficiais do Hamas em 2006.

Apesar da grande quantidade de dinheiro entrando, o PIB palestino caiu 6,6% em 2006, de acordo com George al Abed, chefe do Fundo Monetário palestino.

Com Associated Press

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