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05/04/2007 - 18h47

Britânicos libertados realizavam tarefas de espionagem, diz TV

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da France Presse
da Efe
da Folha Online

O capitão Chris Air, responsável pelos 15 militares britânicos capturados no Irã e libertados nesta quarta-feira (4), contou ao canal de TV SkyNews que sua equipe realizava tarefas de espionagem.

A entrevista foi gravada em 13 de março, mas a Sky News não quis levá-la ao ar para não pôr em perigo a segurança dos 15 soldados, detidos dez dias depois no golfo Pérsico pela força naval iraniana, que acusou os militares de invadir as águas do país.

Reuters
Britânicos libertados pelo Irã chegam ao aeroporto de Heathrow, no Reino Unido
Britânicos libertados pelo Irã chegam ao aeroporto de Heathrow, no Reino Unido
A TV britânica acompanhou a atuação dos militares enquanto realizavam patrulhas no norte do Golfo Pérsico para proteger as águas territoriais do Iraque, conforme mandato da ONU.

"Basicamente, falamos com a tripulação [dos navios inspecioados], averiguamos se há problemas, afirmamos que estamos aqui para protegê-los, para evitar o terrorismo e a pirataria na região", disse.

"Em segundo lugar, tenta-se obter informação de inteligência: se eles [os navios inspecionados] dispõem de informação, já que passam dias aqui, para poder compartilhá-la conosco", acrescentou.

A informação, "seja sobre pirataria, seja sobre qualquer atividade iraniana na zona", interessa aos navios britânicos que patrulham as águas iraquianas do Golfo Pérsico, segundo o capitão.

Em uma embarcação de pesca iraquiana, durante uma abordagem de rotina, Air afirma que reuniu informações sobre o tipo de barco e sua atividade. Conversando com um pescador, o militar pediu informações sobre ações de barcos iranianos na área.

Na ocasião, o capitão de uma embarcação pesqueira abordada falou de efetivos militares iranianos que estariam abordando ilegalmente barcos iraquianos. "O barco foi abordado por alguns iranianos, soldados que recolhiam dinheiro e aparentemente isso aconteceu várias vezes no passado, por isso é bom acumular informação a respeito", acrescentou.

O secretário de Defesa britânico, Des Browne, afirmou que a tripulação fragata HMS Cornwall agiu corretamente ao tentar se inteirar de tudo que acontecia na área. "O mandato da ONU concedeu claramente poderes aos efetivos que faziam parte da força para reunir informações sobre a zona em que estavam se movendo", afirma Browne à SkyNews.

Retorno

Os 15 militares britânicos libertados pelo Irã chegaram a Londres na manhã nesta quinta-feira. O grupo ficou detido no país persa durante 13 dias e recebeu uma surpreendente "anistia" do presidente iraniano em uma cerimônia nesta quarta-feira, após uma escalada na tensão entre o Irã e o Reino Unido que levou ao corte de relações entre os dois países.

Mesmo após a libertação, os questionamentos sobre a surpreendente libertação do grupo pelo presidente iraniano ontem continuam sem resposta.

Enquanto o Irã afirma que seus "objetivos foram alcançados" e que o premiê britânico, Tony Blair, enviou uma carta de desculpas ao governo persa antes da libertação, o governo em Londres reafirmou hoje que não houve nenhum tipo de negociação prévia para o fim do impasse, que chegou a provocar o corte das relações entre os dois países.

Os marinheiros e fuzileiros navais britânicos foram transferidos para helicópteros militares e levados para uma base militar em Chivenor, Devon, ao sudoeste de Londres, para um encontro particular com familiares. Eles também deverão prestar depoimentos para as Forças Armadas britânicas na base sobre a detenção.

Prisão

Os 15 militares foram detidos no dia 23 de março durante uma operação no golfo Pérsico. Na controvérsia, o Irã acusou o grupo de marinheiros e marines britânicos de invadir suas águas. O Reino Unido negou a invasão, dizendo que os militares faziam uma inspeção de rotina em águas iraquianas na região do canal de Shatt al Arab quando foram capturados. A exata localização do grupo no momento da detenção é mais uma pergunta que ainda não tem resposta definitiva.

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, exigiu em várias ocasiões durante os 13 dias de impasse que o Reino Unido admitisse a violação de suas águas, o que Blair --ao menos oficialmente-- se recusou a fazer. A libertação de ontem foi uma surpresa para os britânicos, que haviam afirmado apenas um dia antes que não esperavam uma solução rápida para a crise.

Agora, o Irã afirma que o premiê britânico enviou uma carta com um pedido de desculpas pela invasão antes da libertação dos militares pelo governo.

Em Londres, Blair afirmou categoricamente que não houve negociação para a libertação do grupo. "Eles foram libertados sem acordo, sem negociação alguma, sem nenhum convênio de nenhuma natureza", disse o premiê. "Quero ser muito, muito claro: sem transação, sem negociação", insistiu.

Ele também expressou sua satisfação com a "abertura de novas vias de comunicação com o regime iraniano".

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O líder do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, anunciou a "anistia" de seu país aos britânicos em uma entrevista coletiva realizada na última quarta-feira. "Os 15 marinheiros receberam nosso perdão, e oferecemos sua liberdade como um presente ao povo britânico", disse.

Após anunciar oficialmente a libertação, na última quarta-feira, o presidente iraniano reuniu-se com o grupo no palácio presidencial. Imagens exibidas pela TV estatal iraniana mostraram Ahmadinejad cumprimentando os militares e conversando com o grupo com a ajuda de intérpretes. Na gravação, é possível ouvir um dos 15 militares dizer em inglês ao presidente: "Estamos gratos pelo seu perdão".

Durante a entrevista coletiva, Ahmadinejad deu medalhas de condecoração aos guardas da costa iraniana que interceptaram a embarcação britânica, reiterando que os militares estavam em águas territoriais do Irã no momento em que foram capturados.

"Em nome do grande povo iraniano, quero agradecer à Guarda Costeira, que corajosamente defendeu nossas águas territoriais e deteve aqueles que violaram nossa fronteira", disse o líder do Irã. Em seguida, interrompeu o discurso e deu medalhas a três guardas.

Ahmadinejad criticou o destacamento da marinheira Faye Turney, 26, a única mulher do grupo, lembrando que ela é mãe de crianças pequenas. "Como se justifica que uma mãe fique fora de casa, longe de seus filhos? Não se respeita os valores familiares no Ocidente?".

Com agências internacionais

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