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17/04/2007 - 13h07

Sul-coreano realizou massacre em campus; ato homenageia vítimas

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da Folha Online

O sul-coreano Cho Seung-hui, 23, que era estudante do último ano de Letras, foi identificado pela polícia americana como o autor dos ataques a tiros contra o campus do Instituto Politécnico da Virgínia, em Blacksburg, que deixou 32 mortos nesta segunda-feira.
Um ato em homenagem às vítimas está previsto para as 14h (15h de Brasília) desta terça-feira, e deve ter a presença do presidente americano, George W. Bush, da primeira-dama, Laura Bush, e do governador da Virgínia, Tim Kaine.

Após a ação --o pior contra o campus de uma universidade da história dos Estados Unidos-- o governador da Virgínia, Tim Kaine, declarou estado de emergência em todo o Estado americano. Com o estado de emergência, todos os prédios públicos da Virgínia deverão hastear suas bandeiras a meio mastro em sinal de luto pela tragédia.

Reprodução
O sul-coreano Cho Seung-Hui, 23, autor dos ataques contra universidade na Virgínia
O sul-coreano Cho Seung-Hui, 23, autor dos ataques contra universidade na Virgínia
Os tiroteios despertaram lembranças de outro massacre, que ocorreu em Columbine, no Colorado, e completa oito anos nesta semana. No episódio, dois alunos mataram 12 colegas e um professor antes de se suicidarem em 20 de abril de 1999.

De acordo com autoridades locais, Cho morava legalmente nos Estados Unidos. Ele cometeu suicídio após os ataques. Não há indícios a respeito da motivação dos ataques.

"Ele era um solitário, estamos tendo dificuldades para obter informações a seu respeito", disse o porta-voz da universidade, Larry Hincker.

As duas ações, que ocorreram em lados opostos do campus, tiveram início às 7h15 (8h15 de Brasília) em West Ambler Johnston Hall, residência estudantil que abriga ao 895 pessoas. Duas pessoas morreram. Duas horas depois, Norris Hall, edifício da engenharia, foi alvo de outro ataque a tiros. Outras 30 pessoas morreram, na maioria estudantes.

Testes balísticos apontam que as mesmas armas --duas no total-- foram utilizadas em ambos os ataques, segundo a polícia da Virgínia. De acordo com a polícia, foi encontrada em sua mochila a nota fiscal de uma pistola Glock 9 milímetros adquirida em março último.

O Ministério de Relações Exteriores sul-coreano expressou suas condolências, dizendo esperar que a tragédia não suscite "preconceito ou discriminação racial". "Estamos em choque", disse o representante Cho Byung-se.

"Expressamos condolências às vítimas, aos familiares e ao povo americano", acrescentou.

Vítimas

Entre os 32 mortos nos ataques estão ao menos três professores da universidade: Liviu Librescu, 76, Kevin Granata e G.V. Loganathan, 51.

Loganathan era indiano e lecionava no Departamento de Engenharia Civil. Granata dava aulas no Departamento de Biomecânica e era um dos cinco maiores especialistas dos EUA na área. Librescu, 75, era israelense, lecionava na Faculdade de Engenharia e Mecânica e teria tentado impedir o atirador de entrar em sua sala de aula.

Também estão entre as vítimas os norte-americanos Emily Jane Hilscher, 19, de Woodville; Mary Karen Read, 19, de Annandale; Ross Abdallah Alameddine, 20, de Saugus (Massachusetts); e Daniel Perez Cueva, 21, que era peruano. O estudante Ryan Clark, de Martinez (Georgia) também foi morto nos ataques, segundo a polícia.

Ataques

O estudante Trey Perkins relatou ao jornal americano "The Washington Post" que o estudante armado atirou contra a cabeça do professor e, em seguida, abriu fogo na sala de aula. "Ele deveria ter cerca de 19 anos e tinha um olhar sério mas calmo em seu rosto", conta o aluno.

Divulgação
Liviu Librescu, 76, um dos professores mortos na tragédia
Liviu Librescu, 76, um dos professores mortos na tragédia
"Todos atiraram-se no chão na hora", disse Perkins, que é estudante do segundo ano de Engenharia Mecânica. "E os tiros pareciam que iriam durar para sempre".

Segundo Alec Calhoun, 20, que também estava no local do ataque, vários alunos pularam pela janela para fugir do atirador. 'Acho que eu fui o oitavo ou o nono a pular', afirmou. Ele relata que viu dois estudantes serem feridos, mas que acredita que eles sobreviveram.

A estudante Erin Sheehan, que estava na sala de aula vizinha, conta que foi uma das quatro pessoas que conseguiram deixar a sala ilesas.

Os outros alunos-- ao menos 20-- foram feridos ou mortos pelo atirador.

Segundo ela, o agressor tinha aparência asiática, vestia roupas escuras e aparentava ser "um jovem comum".

Críticas

A tragédia suscitou críticas de estudantes a respeito da segurança dentro do campus.

AP
Parentes  reúnem-se após tragédia que matou 32 na Virgínia
Parentes reúnem-se após tragédia que matou 32 na Virgínia
Muitos alunos questionaram a falta de um alerta das autoridades entre um ataque e outro, que tiveram um intervalo de duas horas. "A universidade tem sangue nas mãos devido à falta de ação após o primeiro incidente", afirmou Billy Bason, 18, que mora no 7º andar de West Ambler Johnston, residência estudantil onde os ataques tiveram início.

Segundo relatos de estudantes, a primeira mensagem da universidade sobre o episódio foi um e-mail mais de duas horas depois do início do ataque, quando o atirador já estava atirando em Norris Hall.

O presidente da universidade, Charles Steger, disse que as autoridades inicialmente acreditaram que o tiroteio no dormitório estudantil era uma briga doméstica e que o atirador havia fugido do campus. "Não tínhamos motivos para suspeitar que outro ataque iria acontecer. Só podemos tomar decisões com base nas informações que temos."

O site da universidade informou que o campus recebeu duas ameaças de bombas neste mês, e que havia uma recompensa de US$ 5.000 em troca de informações que levassem aos responsáveis.

Choque

A tragédia chocou os alunos da instituição, entre eles a brasileira Deise Galan, 19, presidente da Associação de Estudantes Brasileiros da universidade. "Estamos todos chocados e muito tristes. Nunca vivi nada parecido aqui", disse ela por telefone à Folha Online.

Casey Templeton/AP
Estudantes acendem velas após ataques que mataram 32 em campus de universidade
Estudantes acendem velas após ataques que mataram 32 em campus de universidade
"Há forte comoção. É difícil dizer exatamente o que está acontecendo", disse ontem Jason Anthony Smith, 19, que mora no dormitório onde um dos ataques a tiros ocorreu.

Segundo Aimee Kanode, aluna do primeiro ano, o primeiro ataque ocorreu no primeiro andar do West Ambler Johnston, um andar acima do quarto em que ela dorme.

O Instituto Politécnico da Virgínia tem 26 mil estudantes e fica a 390 km de Washington.

É a segunda vez em menos de um ano que a universidade teve de ser fechada devido a um tiroteio. Em agosto de 2006, o reinício das aulas foi suspenso e a entrada no campus foi bloqueada depois que um fugitivo matou um segurança e um policial envolvidos em uma perseguição ocorrida em um ponto próximo da universidade.

Com agências internacionais

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