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19/04/2007 - 12h20

Polícia lamenta difusão de vídeo de autor de massacre na Virgínia

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da Folha Online

A polícia americana lamentou hoje a difusão do vídeo deixado pelo estudante sul-coreano Cho Seung-hui, 23, autor do massacre que matou 32 no campus do Instituto Politécnico da Virgínia na segunda-feira (16).

A gravação, exibida pela rede de TV NBC, foi enviada pelo correio pelo assassino no intervalo entre os dois ataques a tiros ao campus.

"Fiquei decepcionado com a decisão de exibir imagens tão perturbadoras", disse Steven Flaherty, superintendente da polícia da Virgínia. "Lamento que todos tenham sido expostos a estas imagens", acrescentou.

NBC/reprodução
Imagem contida em pacote enviado à NBC mostra Cho apontando arma para a câmera
Imagem contida em pacote enviado à NBC mostra Cho apontando arma para a câmera
A NBC recebeu o vídeo nesta quarta-feira, em um pacote enviado pelo correio. Depois de informar a polícia a respeito, a emissora de TV exibiu o material no final da tarde de ontem.

Familiares de Cho também cancelaram sua participação em programas da rede de TV após a divulgação do vídeo. "Nós planejávamos entrevistar membros da família na manhã de hoje, mas eles cancelaram sua aparição devido à exibição das imagens", disse uma apresentadoras do programa "Today", da NBC, Meredith Vieira.

No vídeo, Cho afirma que as vítimas "não deixaram outra alternativa" e foram as responsáveis pelo massacre, o pior ataque contra um campus universitário da história dos Estados Unidos. Além dos arquivos de vídeo, o sul-coreano enviou fotografias e textos em um pacote pelo correio para a sede da NBC em Nova York. As fotos mostram o estudante portando duas armas, e no vídeo ele fala diretamente para a câmera sobre seu ódio aos ricos.

"Havia centenas de bilhões de opções e maneiras para evitar o que aconteceu hoje", afirma ele em um dos 29 arquivos de vídeo que enviou para a NBC. "Mas vocês decidiram derramar meu sangue. Vocês me encurralaram e me deixaram apenas uma opção. Agora têm suas mãos manchadas de sangue para o resto de suas vidas".

"Eu não precisava ter feito isso. Eu poderia ter partido, eu poderia ter fugido. Mas não, vou parar de fugir. Não é por mim. Por meus filhos, por meus irmãos e minhas irmãs que vocês agridem", completa.

Segundo a NBC, o estudante também faz referências ao massacre de Columbine, no qual dois alunos mataram 13 pessoas antes de suicidarem, há oito anos. Ele falaria em "mártires, como Eric e Dylan", os dois autores do massacre de Columbine.

Parentes

Familiares de Cho lamentaram os ataques nesta quinta-feira. "Estou devastado, não sei o que poderia dizer às famílias das vítimas e aos cidadãos americanos. Expresso minhas sinceras desculpas, como membro da família", disse o tio do estudante, identificado como Kim, 50.

Reuters
O atirador Cho Seung-Hui, 23, estudava inglês na Virginia Tech
O atirador Cho Seung-Hui, 23, estudava inglês na Virginia Tech
Cho deixou a Coréia do Sul em 1992 com a família, em busca de uma vida melhor nos Estados Unidos. Seu tio diz que não o reconheceu ao ver suas imagens mostradas na TV, já que o estudante e sua família não retornaram à Coréia do Sul desde que deixaram o país.

Segundo Kim, a mãe de Cho, que é sua irmã, telefonava de vez em quando para os parentes na Coréia do Sul, mas nunca mencionou enfrentar problemas com Cho. "Ela dizia que as crianças estavam bem e estudando. Ela não parecia estar preocupada com os filhos", disse.

"Ele não falava muito quando era criança, era muito quieto, e isto nos preocupava, tentávamos encorajá-lo a falar mais. Mas não imaginávamos que ele poderia apresentar problemas graves", afirmou ainda o tio.

O avô do estudante, igualmente identificado como Kim, também disse que o neto era um garoto "tranqüilo e inteligente", mas que o fato de ser quieto demais preocupava seus pais

"Quando minha filha me telefonava, eu perguntava a ela como estava Cho, e ela dizia que ele estava muito bem. Como ele pode fazer isso?", questionou o avô do estudante, de 82 anos.

Ataques

A Virginia Tech enfrentou dois ataques nesta segunda-feira. As ações, que ocorreram em lados opostos do campus, tiveram início às 7h15 (8h15 de Brasília) em West Ambler Johnston Hall, residência estudantil que abriga ao menos 895 pessoas. Duas pessoas morreram.

Duas horas depois, Norris Hall, edifício da engenharia, foi alvo de outro ataque a tiros. Outras 30 pessoas morreram, na maioria estudantes.

Cho, que se suicidou em seguida, usou duas armas --uma pistola Glock 9 milímetros e outra arma calibre 22 no massacre. A polícia também encontrou facas com o estudante.

Nesta terça-feira, uma carta encontrada pela polícia aparentemente indica que Cho premeditou a ação. No texto de várias páginas, ele se queixa dos garotos "ricos, festeiros e charlatões" da universidade e afirma que foram eles que "causaram a tragédia".

Segundo o jornal "Chicago Tribune", ele dava sinais de comportamento violento e fora do normal, tendo inclusive ateado fogo a um dormitório e assediado estudantes da universidade.

Coréia do Sul

A nacionalidade do assassino causou embaraço para os cidadãos da Coréia do Sul, onde autoridades temem represálias contra sul-coreanos que vivem nos Estados Unidos.

Cerca de 130 pessoas reuniram-se na Catedral Myeongdong, em Seul, para rezar pelas vítimas. "Como mãe, meu coração dói como se isso tivesse ocorrido aos meus filhos", disse Bang Myung-lan, dona de casa de 48 anos. "Como sul-coreana, sinto muito pela tragédia".

"Entre os 32 mortos havia estudantes brilhantes que poderiam trazer grandes contribuições para a sociedade, foi uma grande perda", afirmou o cardeal Nicolas Cheong Jin-suk aos fiéis.

"Como sul-coreano, não posso deixar de pedir desculpas pelo fato de um cidadão de meu país ter sido o autor da tragédia", acrescentou ele.

"Não consigo compreender como algo assim ocorreu, especialmente ao pensar que um sul-coreano foi o responsável por isso", disse Lee Chun-ja, 68, após a missa. "Estou muito triste, algo assim não deve acontecer de novo nunca mais".

Com agências internacionais

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