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20/04/2007
-
10h27
da Folha Online
Aos 53 anos, a candidata socialista Ségolène Royal tem de enfrentar três grandes desafios para chegar à Presidência francesa: vencer a popularidade crescente do ex-ministro do Interior Nicolas Sarkozy, unir a esquerda fragmentada e ultrapassar as barreiras do machismo no país.
Com quatro filhos, Royal vive uma união estável --mas não é casada--com o líder do Partido Socialista francês, François Hollande, que chegou a ser cotado para candidato à Presidência. Royal tem oscilado por volta dos 25% da preferência dos eleitores, número que, se mantido nas urnas, garantirá a ela uma vaga no segundo turno.
Apesar de sua popularidade, ela é a única que tem problemas devido a seu sexo. Além viver uma polêmica na TV francesa devido a sua escolha de vestuário --foi criticada por ter usado saltos altos em uma visita a bairros pobres no Chile--, ela já foi vítima do preconceito de seus próprios colegas.
Em 2006, o parlamentar Laurent Fabius, também do Partido Socialista, perguntou a Royal publicamente quem tomaria conta de seus quatro filhos se ela concorresse à Presidência -uma pergunta que ninguém fez a Hollande quando ele cogitou se candidatar.
Mas a polêmica, aparentemente, alimentou sua força eleitoral, e ela se mantém como segunda colocada na maioria das pesquisas de opinião.
Justiça e força
A campanha de Royal é baseada em ideais de justiça social e solidariedade. A candidata tenta compensar a percebida falta de experiência política a nível nacional se colocando como oposto de seu principal opositor, o direitista Sarkozy, nas políticas sociais. Seu slogan é "mais justa, a França é mais forte".
Ainda assim, conquistar a esquerda não tem se mostrado fácil. Há muitos outros candidatos, como François Bayrou e , que dividem os votos dos descontentes com o governo conservador.
A inexperiência de Royal parece ser um ponto negativo da candidata. Ela se uniu ao Partido Socialista em 1978, mas nunca montou uma equipe própria. Passou anos trabalhando nos ministérios do Meio Ambiente, Educação, Família e Infância e outros, mas até recentemente era considerada uma política "peso-leve".
Ao longo de sua carreira como parlamentar, a socialista evitou discussões ideológicas e concentrou sua atuação em questões mais práticas.
Queijos
Ela foi uma ferrenha defensora dos produtores de queijo de cabra, o que a levou a se opor à pressão da União Européia (UE) para tornar obrigatória a pasteurização de todos os queijos.
Apesar de ser ridicularizada por alguns oponentes, laticínios e questões similares a ajudaram a vencer 10 das 11 eleições que já disputou na França.
Hoje, o afastamento das posições polêmicas é também uma fraqueza apontada na candidata à Presidência. Enquanto Sarkozy conquista adeptos por suas opiniões radicais com relação à imigração, Royal evita comentar o assunto, assim como a questão das pensões públicas, do crime e do alto desemprego na França.
Não é incomum ver sua reserva ser tachada de incompetência na mídia e pelos adversários.
Origens
Marie-Ségolène Royal é a quarta dos oito filhos de um coronel de artilharia aposentado.
Ela nasceu em Dacar, no Senegal, e só se livrou da tirania do pai quando partiu para estudar.
Segundo a revista alemã "Der Spiegel", Jacques Royal liderava a família com punhos de ferro e hierarquia rígida --costumava driblar a desobediência raspando a cabeça dos filhos rebeldes.
A filha ilustre conseguiu um diploma de economia e política na prestigiada Escola Nacional de Administração (ENA), escola superior onde muitos dos altos oficiais da política francesa receberam treinamento.
Em 1982, juntamente com seu amigo Hollande, ela foi descoberta por Jacques Attali, conselheiro especial do então-presidente Fraçois Mitterrand, que contribuiu para sua ascensão na França.
Com BBC, "Der Spiegel" e agência internacionais
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Aos 53 anos, a candidata socialista Ségolène Royal tem de enfrentar três grandes desafios para chegar à Presidência francesa: vencer a popularidade crescente do ex-ministro do Interior Nicolas Sarkozy, unir a esquerda fragmentada e ultrapassar as barreiras do machismo no país.
Com quatro filhos, Royal vive uma união estável --mas não é casada--com o líder do Partido Socialista francês, François Hollande, que chegou a ser cotado para candidato à Presidência. Royal tem oscilado por volta dos 25% da preferência dos eleitores, número que, se mantido nas urnas, garantirá a ela uma vaga no segundo turno.
Pascal Rossignol /Reuters |
Ségolène royal, cadidata à Presidência francesa (22 de abril) ao partido socialista |
Em 2006, o parlamentar Laurent Fabius, também do Partido Socialista, perguntou a Royal publicamente quem tomaria conta de seus quatro filhos se ela concorresse à Presidência -uma pergunta que ninguém fez a Hollande quando ele cogitou se candidatar.
Mas a polêmica, aparentemente, alimentou sua força eleitoral, e ela se mantém como segunda colocada na maioria das pesquisas de opinião.
Justiça e força
A campanha de Royal é baseada em ideais de justiça social e solidariedade. A candidata tenta compensar a percebida falta de experiência política a nível nacional se colocando como oposto de seu principal opositor, o direitista Sarkozy, nas políticas sociais. Seu slogan é "mais justa, a França é mais forte".
Ainda assim, conquistar a esquerda não tem se mostrado fácil. Há muitos outros candidatos, como François Bayrou e , que dividem os votos dos descontentes com o governo conservador.
A inexperiência de Royal parece ser um ponto negativo da candidata. Ela se uniu ao Partido Socialista em 1978, mas nunca montou uma equipe própria. Passou anos trabalhando nos ministérios do Meio Ambiente, Educação, Família e Infância e outros, mas até recentemente era considerada uma política "peso-leve".
Ao longo de sua carreira como parlamentar, a socialista evitou discussões ideológicas e concentrou sua atuação em questões mais práticas.
Queijos
Ela foi uma ferrenha defensora dos produtores de queijo de cabra, o que a levou a se opor à pressão da União Européia (UE) para tornar obrigatória a pasteurização de todos os queijos.
Apesar de ser ridicularizada por alguns oponentes, laticínios e questões similares a ajudaram a vencer 10 das 11 eleições que já disputou na França.
Hoje, o afastamento das posições polêmicas é também uma fraqueza apontada na candidata à Presidência. Enquanto Sarkozy conquista adeptos por suas opiniões radicais com relação à imigração, Royal evita comentar o assunto, assim como a questão das pensões públicas, do crime e do alto desemprego na França.
Não é incomum ver sua reserva ser tachada de incompetência na mídia e pelos adversários.
Origens
Marie-Ségolène Royal é a quarta dos oito filhos de um coronel de artilharia aposentado.
Ela nasceu em Dacar, no Senegal, e só se livrou da tirania do pai quando partiu para estudar.
Segundo a revista alemã "Der Spiegel", Jacques Royal liderava a família com punhos de ferro e hierarquia rígida --costumava driblar a desobediência raspando a cabeça dos filhos rebeldes.
A filha ilustre conseguiu um diploma de economia e política na prestigiada Escola Nacional de Administração (ENA), escola superior onde muitos dos altos oficiais da política francesa receberam treinamento.
Em 1982, juntamente com seu amigo Hollande, ela foi descoberta por Jacques Attali, conselheiro especial do então-presidente Fraçois Mitterrand, que contribuiu para sua ascensão na França.
Com BBC, "Der Spiegel" e agência internacionais
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