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20/04/2007 - 17h01

Governador da Virgínia declara dia de luto por massacre

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da Folha Online

O governador da Virgínia (Estados Unidos) declarou estado de luto em toda a região nesta sexta-feira em homenagem às vítimas do pior massacre em um campus universitário da história americana, no qual um estudante matou 32 pessoas a tiros antes de se suicidar na última segunda-feira (16). O luto vem em meio à polêmica gerada pela divulgação de fotos e vídeos enviados pelo atirador à uma rede de TV, o que familiares das vítimas classificam como "um segundo ataque".

Ed Andrieski/AP
Familiares depositam flores em homenagem a mortos em ataque contra escola em Columbine
Familiares depositam flores em homenagem a mortos em ataque contra escola em Columbine
No campus palco do massacre, no Instituto Tecnológico da Virgínia (Virginia Tech), um momento de silêncio cortado apenas pelo som de sinos de igrejas foi observado às 12h hoje. O choque inicial está sendo substituído pelo lamento e pela busca da recuperação após o ataque.

Centenas de estudantes e residentes da região, em sua maioria vestindo as cores laranja e marrom da universidade, ficaram imóveis e com as cabeças baixas durante um memorial no campo em frente à faculdade de engenharia, no Norris Hall, onde a maioria (30) das pessoas foram mortas na segunda-feira.

Em todo o país, igrejas planejam vigílias e serviços de oração. Em Denver, o governador do Colorado, Bill Ritter, participou de uma cerimônia em homenagem às vítimas tanto do massacre na Virginia Tech quanto na escola Columbine, que completa oito anos hoje. Columbine enfrentou o ataque de dois adolescentes que mataram 13 pessoas antes de se suicidarem em 20 de abril de 1999.

Polêmica

Desde a divulgação das mensagens de ódio do estudante Cho Seung-hui, 23, autor dos ataques em Virginia Tech, familiares das vítimas vem fazendo um apelo à redes de TV e jornais para que parem de reproduzir vídeos e fotos do atirador.

NBC/reprodução
Imagem contida em pacote enviado à NBC mostra Cho apontando arma para a câmera
Imagem contida em pacote enviado à NBC mostra Cho apontando arma para a câmera
"Queremos que o mundo conheça e celebre as vidas de nosso filhos. Esses meninos eram o melhor que a nova geração tem a oferecer", disse Peter Read, cuja filha, Mary Read, 19, está entre as vítimas de Cho. "Peço pelo amor de deus que parem de reproduzir esse vídeo. É um segundo ataque", acrescentou.

Enquanto as famílias começaram a enterrar as vítimas, investigadores trabalham nas provas do massacre e analisam os sinais de alerta no passado do atirador --incluindo reclamações de perseguição contra ele e uma visita a um hospital psiquiátrico no qual ele foi considerado uma ameaça para si mesmo.

A polícia pediu um mandado para apreender o computador e o telefone celular usado por uma das primeiras vítimas, Emily Hilscher, que foi morta juntamente com Ryan Clark em um dormitório da universidade, antes do ataque ao prédio da engenharia.

"O computador pode ter sido um meio de comunicação entre Cho e a vítima", diz o texto do mandado, que não explica porque a polícia suspeita que os dois tiveram contato.

Bush

O presidente dos EUA, George W. Bush, usou uma fita marrom e laranja hoje para honrar as vítimas do massacre.

Segundo a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino, ele pediu a oficiais dos departamentos de Justiça, Saúde e Educação para elaborarem recomendações que possam ajudar a evitar tragédias como essa no futuro.

"Ele pediu aos oficiais que viagem através do país para reuniões com educadores, especialistas em saúde mental e oficiais estaduais e locais responsáveis por políticas públicas", disse Perino.

Atirador clássico

Os vídeos de Cho, que foram enviados para a rede de TV americana NBC em Nova York na manhã dos ataques, revelam um homem com raiva do mundo, mas oferecem poucas explicações quanto ao porquê do massacre.

Para analistas que avaliam o material, está cada vez mais claro que Cho era quase um tipo clássico de atiradores de instituições de ensino: um jovem retraído e perseguido que explodiu com fúria metódica contra um mundo que estaria contra ele.

"Em virtualmente todos os aspectos, Cho é o protótipo do assassino em massa que eu tenho estudado nos últimos 25 anos, disse James Alan Fox, professor de justiça criminal na Universidade Northeastern e autor de 16 livros sobre crime. "Mas isso não significa que era possível prever esse massacre", alerta.

Várias características de assassinos em massa estão presentes em Cho: um indivíduo do sexo masculino, sem amigos, que já foi perseguido e incomodado por colegas, que tem desejos de vingança e que culpa outros por seus problemas.

Perseguições

Cho é descrito como alguém que raramente olhava os outros nos olhos e quase nunca se comunicava com seus próprios colegas de quarto.

Ex-colegas de classe do estudante na Virgínia, onde ele cresceu após emigrar com a família da Coréia do Sul, disseram que ele era freqüentemente provocado, aparentemente por sua timidez e seu jeito de falar.

O ex-colega Chris Davis relatou que em uma ocasião, em uma aula de inglês no colégio de segundo grau de Westfield, na Virgínia, a professora pediu aos alunos que lessem textos em voz alta. Na vez de Cho, ele olhou para baixo e emudeceu. Ameaçado pela professora, o estudante leu o texto em uma voz "estranha, como se tivesse algo dentro da boca". "Toda a classe riu dele e começou a gritar 'Volte para a China'"!, disse Davis.

A tia-avó de Cho, que vive na Coréia do Sul, afirmou ontem que médicos suspeitaram que o estudante fosse autista devido a sua pouca comunicabilidade. "Ele era muito frio", disse ela.

Um estudo nacional americano de 2002 sobre características comuns de jovens que cometeram ataques em escolas aponta que 71% deles se sentiram "perseguidos ou machucados por outros antes dos ataques'.

Entre as vítimas do massacre em Virginia Tech há duas outras estudantes que ser formaram na escola Westfield, como Cho: Erin Peterson e Reema Samaha. A polícia disse que não está claro se ele as escolheu como vítimas.

Ação

A Virginia Tech enfrentou dois ataques do estudante sul-coreano nesta segunda-feira. As ações, que ocorreram em lados opostos do campus, tiveram início às 7h15 (8h15 de Brasília) em West Ambler Johnston Hall, residência estudantil que abriga ao menos 895 pessoas. Duas pessoas morreram.

Duas horas depois, Norris Hall, edifício da engenharia, foi alvo de outro ataque a tiros. Outras 30 pessoas morreram, na maioria estudantes.

Cho, que se suicidou em seguida, usou duas armas --uma pistola Glock 9 milímetros e outra arma calibre 22 no massacre. A polícia também encontrou facas com o estudante. Foi o pior ataque já ocorrido em um campus universitário na história dos Estados Unidos.

Na manhã dos ataques, Cho ainda enviou para a NBC fotografias violentas e mensagens de ódio aos ricos.

Com Associated Press

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