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21/04/2007 - 13h34

Coréia do Sul homenageia vítimas de massacre na Virgínia

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da Folha Online

Após as cerimônias que correram os Estados Unidos na última semana para homenagear as vítimas do massacre no Instituto Tecnológico da Virgínia (Virginia Tech), neste sábado foi a vez da Coréia do Sul organizar uma vigília à luz de velas para expressar seu luto pela tragédia. O estudante sul-coreano Cho Seung-hui, 23, matou 32 pessoas antes de cometer suicídio em dois ataque no campus da universidade no dia 16 deste mês.

Lee Jin-man/AP
Sul-coreanos fazem vigília à luz de velas em homenagem a vítimas de massacre na Virgínia
Sul-coreanos fazem vigília à luz de velas em homenagem a vítimas de massacre na Virgínia
O massacre mobilizou a população da Coréia do Sul, um país com uma cultura fortemente voltada para a coletividade. Cho nasceu na Coréia do Sul e se mudou para os EUA com a família há 14 anos.

"Os coreanos estão extremamente envergonhados pelas ações de Cho. Sentimos muito pelo que aconteceu", disse o ex-professor universitário Yae Young-soo em um discurso feito de um pódio armado próximo à prefeitura de Seul.

"Ninguém pode negar que Cho era claramente sul-coreano", disse Park Seh-jik, líder da associação de veteranos da Coréia do Sul. Para ele, a tragédia deveria servir agora para um movimento de fortalecimento das relações entre os EUA e a Coréia do Sul.

Lembranças

Oficiais do governo sul-coreano enviaram repetidas mensagens de condolências para os EUA, e os quadros de mensagens postados na internet estão lotados de recados e cartas expressando o luto pela tragédia. O governo americano afirmou que as relações entre os dois países não serão afetadas pelas ações de Cho.

Os participantes da vigília deste sábado ofereceram flores em um memorial erguido pelas vítimas e construíram um grande símbolo da universidade --com as letras VT-- formado por velas. Em um local separado, outro memorial foi colocado perto da embaixada dos EUA em Seul mostrando fotos das 32 vítimas dos ataques.

Controle de armas

Em meio ao luto, uma reportagem publicada neste sábado no jornal "The New York Times" (NYT) revela que, sob a lei federal americana, o autor do massacre deveria ter sido proibido de comprar armas depois de ter passado por um tratamento psiquiátrico em 2005. O estudante sul-coreano Cho Seung-hui, 23, comprou regularmente por US$ 571 uma arma e munição com as quais matou 32 pessoas antes de cometer suicídio no campus da universidade na última segunda-feira (16).

Ahn Young-joon/AP
Sul-coreanos homenageam vítimas de massacre nos Estados Unidos
Sul-coreanos homenageam vítimas de massacre nos Estados Unidos
Cho foi considerado uma ameaça para si mesmo e por isso orientado pela Justiça a fazer tratamento psiquiátrico. Durante ao menos 17 meses antes do massacre, a Virginia Tech foi alertada de que o estudante apresentava sinais de comportamento fora do normal. Ele foi acusado de perseguir colegas, incendiar um quarto e tirar fotos impróprias durante as aulas.

O "NYT" informou que a lei federal dos EUA proíbe qualquer pessoa que tenha sido "identificada como mentalmente suspeita" ou "involuntariamente internada em uma instituição de tratamento mental" de comprar uma arma. Apesar disso, o estudante não teve problemas para adquirir uma arma em uma loja local e outra pela internet. Teoricamente, vendedores são obrigados a checarem antecedentes dos compradores antes de negociar armas.

A ordem especial da Justiça no final de 2005 que orientou Cho a buscar tratamento como paciente externo e o declarou mentalmente doente preenche os critérios federais e deveria ter imediatamente desqualificado o estudante como comprador de armas, disse Richard Bonnie, líder da Corte Suprema da Comissão da Virgínia para Reforma da Lei de Saúde Mental, citado pelo "NYT".

Um porta-voz do Birô Federal de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos também afirmou que, se Cho foi considerado mentalmente doente por uma corte, ele deveria ter tido negado o direito de comprar uma arma, disse o jornal americano.

Falhas

Para o "NYT", o fato de que Cho conseguiu comprar armas sem dificuldade apesar de sua condição destaca as falhas no fornecimento de informações para autoridades federais por parte dos Estados.

NBC
Cho foi considerado uma ameaça para si mesmo e orientado a buscar tratamento
Cho foi considerado uma ameaça para si mesmo e orientado a buscar tratamento
Um comunicado do Birô Federal de Investigação informou que atualmente apenas 22 Estados americanos fornecem todos os registros de saúde mental para o Sistema Nacional de Checagem de Antecedentes Criminais. O comunicado diz ainda que a Virgínia é o Estado líder no fornecimento de informações.

No entanto, discrepâncias entre a lei estadual da Vírgínia e a lei federal podem ter causado a falha com relação a Cho. Enquanto nacionalmente uma pessoa considerada "risco para si mesma" se encaixa nos critérios de impedimento para a compra de armas, nesse Estado apenas alguém que foi "involuntariamente internado" ou definido como "mentalmente incapaz" são notificados para o sistema de checagem de antecedentes.

"Está claro que temos uma falta de conexão entre a lei federal e a estadual. Mas vamos corrigir isso", afirmou Bonnie, citado pelo "NYT".

Luto

Enquanto prossegue o debate sobre a venda de armas nos EUA o país vive luto pelas vítimas do massacre que foi o pior já registrado na história do país em um campus universitário.

Ontem, o governador da Virgínia (Estados Unidos) declarou estado de luto em toda a região nesta em homenagem aos 32 mortos. O luto vem em meio à polêmica gerada pela divulgação de fotos e vídeos enviados pelo atirador à uma rede de TV, o que familiares das vítimas classificam como "um segundo ataque".

20.abr.2007/AP
Familiares depositam flores em homenagem a mortos em ataque contra escola em Columbine
Familiares depositam flores em homenagem a mortos em ataque contra escola em Columbine
No campus palco do massacre um momento de silêncio cortado apenas pelo som de sinos de igrejas foi observado às 12h desta sexta-feira. O choque inicial está sendo substituído pelo lamento e pela busca da recuperação após o ataque.

Centenas de estudantes e residentes da região, em sua maioria vestindo as cores laranja e marrom da universidade, ficaram imóveis e com as cabeças baixas durante um memorial no campo em frente à faculdade de engenharia, no Norris Hall, onde a maioria (30) das pessoas foram mortas na segunda-feira.

Em todo o país, igrejas planejaram vigílias e serviços de oração. Em Denver, o governador do Colorado, Bill Ritter, participou de uma cerimônia em homenagem às vítimas tanto do massacre na Virginia Tech quanto na escola Columbine, que completou oito anos ontem. Columbine enfrentou o ataque de dois adolescentes que mataram 13 pessoas antes de cometerem suicídio em 20 de abril de 1999.

Ataques

A Virginia Tech enfrentou dois ataques do estudante sul-coreano nesta segunda-feira. As ações, que ocorreram em lados opostos do campus, tiveram início às 7h15 (8h15 de Brasília) em West Ambler Johnston Hall, residência estudantil que abriga ao menos 895 pessoas. Duas pessoas morreram.

Duas horas depois, Norris Hall, edifício da engenharia, foi alvo de outro ataque a tiros. Outras 30 pessoas morreram, na maioria estudantes.

Cho, que cometeu suicídio em seguida, usou duas armas --uma pistola Glock 9 milímetros e outra arma calibre 22 no massacre. A polícia também encontrou facas com o estudante. Foi o pior ataque já ocorrido em um campus universitário na história dos Estados Unidos.

Na manhã dos ataques, Cho ainda enviou para a NBC fotografias violentas e mensagens de ódio aos ricos.

Investigação

Desde a divulgação das mensagens de ódio do estudante Cho Seung-hui, 23, autor dos ataques em Virginia Tech, familiares das vítimas vem fazendo um apelo à redes de TV e jornais para que parem de reproduzir vídeos e fotos do atirador.

NBC/reprodução
Imagem contida em pacote enviado à NBC mostra Cho apontando arma para a câmera
Imagem contida em pacote enviado à NBC mostra Cho apontando arma para a câmera
"Queremos que o mundo conheça e celebre as vidas de nosso filhos. Esses meninos eram o melhor que a nova geração tem a oferecer", disse Peter Read, cuja filha, Mary Read, 19, está entre as vítimas de Cho.

"Peço pelo amor de deus que parem de reproduzir esse vídeo. É um segundo ataque", acrescentou.

Enquanto as famílias começaram a enterrar as vítimas, investigadores trabalham nas provas do massacre e analisam os sinais de alerta no passado do atirador --incluindo reclamações de perseguição contra ele e a visita ao hospital psiquiátrico no qual ele foi considerado uma ameaça para si mesmo.

A polícia pediu um mandado para apreender o computador e o telefone celular usado por uma das primeiras vítimas, Emily Hilscher, que foi morta juntamente com Ryan Clark em um dormitório da universidade, antes do ataque ao prédio da engenharia.

"O computador pode ter sido um meio de comunicação entre Cho e a vítima", diz o texto do mandado, que não explica porque a polícia suspeita que os dois tiveram contato.

Com "The New York Times" e agências internacionais

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