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23/04/2007 - 23h15

Em Moscou, russos criticam presidente Boris Ieltsin após sua morte

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URSULA HYZY
da France Presse, em Moscou

Desmoronamento da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), privatização da economia, guerra na Tchetchênia: os moscovitas reagiram nesta segunda-feira sem luto aparente à morte do ex-presidente russo Boris Ieltsin, que liderou o país de 1991 a 1999.

"Ele vendeu o país e eu tinha confiança nele", afirma Vladimir, 61, médico aposentado que passeia de braços dados com a mulher. "Meu pai, que passou 50 anos no Partido [comunista] pensava que o que seria feito, seria verdadeiramente feito pelo povo. Mas ele não fez isso".

28.fev.2006/Efe
Boris Ieltsin, que morreu hoje, foi o primeiro presidente russo da era pós-URSS
Boris Ieltsin, que morreu hoje, foi o primeiro presidente russo da era pós-URSS
Um pedestre que ouviu a declaração se pôs a gritar: "Morreu? É um traidor, um traidor, ele liquidou a Rússia".

"Quanto à política, pessoalmente, não o respeito, porque já servi no Exército em uma zona de conflito e vi de tudo", afirmou Guennadi Alembaev, 44, referindo-se à primeira guerra da Tchetchênia, que durou de 1994 até 1996.

"Ele fez bem em parar a guerra na Tchetchênia e fazer as reformas, mas as elites e os políticos lucraram com a guerra", disse.

"Meus sentimentos são contraditórios. De um lado, foi o período em que surgiram as transformações democráticas na Rússia", declarou Timour, 24, um analista de uma sociedade de investimentos. "Mas quanto às privatizações de aconteceram no Estado, não digo que ele não deveria ter feito, mas a forma como ocorreu não é aceitável", explicou.

Festa

Nas proximidades do Teatro Bolchoi, uma manifestação improvisada por uma dúzia de jovens "festeja a morte de Ieltsin", estendendo bandeiras e cartazes da juventude da União Eurasiática, uma organização nacional marginal.

"Tenho uma idéia muito ruim em relação a ele, porque, apesar dos aspectos negativos da União Soviética, foi ele que realizou as privatizações, ilegalmente, de maneira criminosa", falou Dmitri Oulianov, 20, estudante de filosofia da Universidade de Moscou.

22.ago.2006/Efe
Ieltsin foi um presidente polêmico, que sofreu com críticas por consumo de álcool
Ieltsin foi um presidente polêmico, que sofreu com críticas por consumo de álcool
Apesar do sentimento negativo, alguns são mais solidários. "Boris Ieltsin nos mostrou que se pode viver de outra maneira, livre, e que nossa vida só depende de nós mesmos, mas ele se isolou", disse o artesão Piotr Loznitsa, 42.

"Acho que toda a Rússia se rejubila em silêncio", afirma um dos manifestantes, Pavel Zarifouline, 29. "Ele destruiu o país, só (Mikhaïl) Gorbatchev fez pior".

"Ele nunca entendeu quais foram seus principais erros: a guerra na Tchetchênia, a pobreza da população e as perdas geopolíticas da Rússia" provocadas pelo desmantelamento da União Soviética que assinou no final de 1991, acrescentou.

Ieltsin, que morreu nesta segunda-feira de insuficiência cardíaca, será enterrado na próxima quarta-feira (25) no notório cemitério Novodevichy, onde estão enterrados grandes nomes da ex-União Soviética, como Nikita Khrushchev e Anton Chekhov. No mesmo dia, o país fará luto em homenagem ao líder morto.

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