Publicidade
Publicidade
24/04/2007
-
09h27
da Folha Online
Milhares de russos prestaram as últimas homenagens a Boris Ieltsin, 76, primeiro presidente da era pós-comunismo, nesta terça-feira, um dia antes do funeral que ocorre amanhã no cemitério Novodevichy. Ieltsin morreu ontem em Moscou devido a problemas cardíacos.
O velório acontece na Catedral de Cristo o Salvador, reconstruída durante seu governo e um símbolo da era pós-comunista.
"Ele desejava fazer coisas positivas para a Rússia, mas nem sempre conseguiu", afirmou Danil Klimov, 27, ao passar em frente à catedral. "É uma tarefa muito difícil", acrescentou.
O presidente Vladimir Putin, considerado sucessor político de Ieltsin, declarou luto oficial nesta quarta-feira em homenagem à morte.
O vice-premiê israelense, Shimon Peres, que foi premiê e ministro de Relações Exteriores durante o mandato de Ieltsin, descreveu o líder russo como uma pessoa "divertida". "Ele tinha personalidade própria e quebrou a monotonia da liderança", disse Peres à agência Reuters.
"Ele era uma pessoa especial, pitoresco, pouco ortodoxo, cheio de alegria e imprevisível".
O premiê ucraniano, Viktor Yanukovich, e o presidente do Cazaquistão, Nursultan Nazarbayev --dois ex-Repúblicas soviéticas que Ieltsin ajudou a conquistar a independência-- foram os primeiros a confirmar a presença no funeral que ocorre nesta quarta-feira.
Jornais russos também lembraram o primeiro líder russo eleito democraticamente, comentando também as dificuldades de seu governo --crise econômica, um mal-sucedido conflito contra rebeldes da Tchetchênia e as gafes dadas devido aos excessos de álcool.
Muitos jornais utilizaram a ocasião da morte de Ieltsin para tecer críticas a Putin.
"Ieltsin afirmou que deixaria a Rússia nas mãos de uma geração de políticos que jamais voltariam ao passado. Mas após sete anos na Presidência, Putin demonstrou que uma volta ao passado é possível", afirmou o jornal "Kommersant".
Reações
Ieltsin, que governou a Rússia entre 1991 e 1999, foi o primeiro presidente do período pós-comunismo. Sua ascensão ao poder marcou o fim da ex-União Soviética (URSS).
"Ele representa uma época do país", afirmou o embaixador russo para a Ucrânia, Viktor Chernomyrdin, que foi um primeiro-ministro durante o mandato de Ieltsin. Ele disse que conversou pela última vez com o líder russo em 9 de abril, quando Ieltsin telefonou para lhe desejar um feliz aniversário.
O presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, também lamentou a morte do presidente russo, que considerou uma "referência-chave" no pós-comunismo.
"Enquanto presidente, ele enfrentou enormes desafios e mandatos difíceis, mas conseguiu aproximar o Leste e o Ocidente e ajudou a substituir o confronto pela cooperação", disse Barroso.
"Ele podia ser mal-humorado e introspectivo, mas uma vez que era seu amigo, era amigo para sempre", declarou o ex-premiê britânico John Major à rede britânica de informação BBC.
"Boris Ieltsin foi uma grande personalidade da política russa e internacional, um corajoso defensor da democracia e da liberdade e um amigo verdadeiro da Alemanha. Sua contribuição para o desenvolvimento das relações entre os dois países não será esquecido", afirmou nesta segunda-feira a chanceler alemã, Angela Merkel.
O ministro sueco das Relações Exteriores, Carl Bildt, chamou Ieltsin de um dos "maiores homens de nossos tempos".
O ex-presidente da Ucrânia Leonid Kravchuk, que encontrou Ieltsin em janeiro durante um torneio de tênis, disse estar surpreso com a morte. "Ele parecia estar tão saudável", afirmou Kravchuk. "Sua morte foi um grande choque para mim".
Mandato
Antecessor do atual presidente russo, Vladimir Putin, a quem ele havia designado como herdeiro político, Ieltsin ganhou popularidade durante seus oito anos de governo devido às suas promessas de combate à corrupção, sem conseguir, no entanto, manter o controle de grande parte de empresas estatais que foram progressivamente privatizadas.
Primeiro líder russo eleito democraticamente, durante seu mandato, a Rússia sofreu com problemas como o desemprego e a inflação. Ieltsin também levou o país a um conflito contra rebeldes separatistas na Tchetchênia, que culminou a expulsão dos russos.
Ele sofria de problemas cardíacos e renunciou à Presidência em 1999, vários meses antes do fim oficial de seu mandato. Putin, que era seu primeiro-ministro, tornou-se presidente em exercício e foi eleito democraticamente para o cargo em 2000.
Crise
A morte de Ieltsin ocorre em um momento em que a Rússia passa por um período de crise.
Na semana passada, centenas de manifestantes foram detidos em vários protestos em Moscou e São Petersburgo contra Putin, a quem a oposição acusa de "sufocar a democracia".
Os confrontos nas duas principais cidades russas podem ser o prenúncio de um longo período de tensão entre autoridades russas e a oposição, com a proximidade de eleições parlamentares e presidenciais.
Em um dos protestos, a polícia deteve o ex-campeão de xadrez Garry Kasparov, 44, que hoje é um dos líderes da coalizão Outra Rússia, uma das organizadoras dos protestos.
Sobre a ação violenta da polícia, que chocou os manifestantes, ele afirmou que o governo "mostrou que já não respeita a imprensa mundial, a opinião pública ou mesmo as leis russas".
"Agora [a Rússia] é um país em algum lugar entre Belarus e o Zimbábue, duas ditaduras que acabaram com os movimentos de oposição", disse.
Com Reuters e France Presse
Leia mais
Rússia anuncia que enterro de Ieltsin será na próxima quarta
Saiba mais sobre Boris Ieltsin
Morre aos 76 anos o presidente russo Boris Ieltsin
Ex-líder soviético Gorbatchov lamenta morte de Boris Ieltsin
Ieltsin foi referência do pós-comunismo, diz líder da União Européia
Especial
Leia cobertura sobre a morte de Boris Ieltsin
Leia o que já foi publicado sobre a ex-URSS
Russos prestam últimas homenagens a presidente Boris Ieltsin
Publicidade
Milhares de russos prestaram as últimas homenagens a Boris Ieltsin, 76, primeiro presidente da era pós-comunismo, nesta terça-feira, um dia antes do funeral que ocorre amanhã no cemitério Novodevichy. Ieltsin morreu ontem em Moscou devido a problemas cardíacos.
O velório acontece na Catedral de Cristo o Salvador, reconstruída durante seu governo e um símbolo da era pós-comunista.
"Ele desejava fazer coisas positivas para a Rússia, mas nem sempre conseguiu", afirmou Danil Klimov, 27, ao passar em frente à catedral. "É uma tarefa muito difícil", acrescentou.
Misha Japaridze/AP |
Russos se reúnem em frente a catedral para homenagear Ieltsin |
O vice-premiê israelense, Shimon Peres, que foi premiê e ministro de Relações Exteriores durante o mandato de Ieltsin, descreveu o líder russo como uma pessoa "divertida". "Ele tinha personalidade própria e quebrou a monotonia da liderança", disse Peres à agência Reuters.
"Ele era uma pessoa especial, pitoresco, pouco ortodoxo, cheio de alegria e imprevisível".
O premiê ucraniano, Viktor Yanukovich, e o presidente do Cazaquistão, Nursultan Nazarbayev --dois ex-Repúblicas soviéticas que Ieltsin ajudou a conquistar a independência-- foram os primeiros a confirmar a presença no funeral que ocorre nesta quarta-feira.
Jornais russos também lembraram o primeiro líder russo eleito democraticamente, comentando também as dificuldades de seu governo --crise econômica, um mal-sucedido conflito contra rebeldes da Tchetchênia e as gafes dadas devido aos excessos de álcool.
Muitos jornais utilizaram a ocasião da morte de Ieltsin para tecer críticas a Putin.
"Ieltsin afirmou que deixaria a Rússia nas mãos de uma geração de políticos que jamais voltariam ao passado. Mas após sete anos na Presidência, Putin demonstrou que uma volta ao passado é possível", afirmou o jornal "Kommersant".
Reações
Ieltsin, que governou a Rússia entre 1991 e 1999, foi o primeiro presidente do período pós-comunismo. Sua ascensão ao poder marcou o fim da ex-União Soviética (URSS).
"Ele representa uma época do país", afirmou o embaixador russo para a Ucrânia, Viktor Chernomyrdin, que foi um primeiro-ministro durante o mandato de Ieltsin. Ele disse que conversou pela última vez com o líder russo em 9 de abril, quando Ieltsin telefonou para lhe desejar um feliz aniversário.
AP |
Jornais russos noticiam morte de Boris Ieltsin, primeiro presidente pós-União Soviética |
"Enquanto presidente, ele enfrentou enormes desafios e mandatos difíceis, mas conseguiu aproximar o Leste e o Ocidente e ajudou a substituir o confronto pela cooperação", disse Barroso.
"Ele podia ser mal-humorado e introspectivo, mas uma vez que era seu amigo, era amigo para sempre", declarou o ex-premiê britânico John Major à rede britânica de informação BBC.
"Boris Ieltsin foi uma grande personalidade da política russa e internacional, um corajoso defensor da democracia e da liberdade e um amigo verdadeiro da Alemanha. Sua contribuição para o desenvolvimento das relações entre os dois países não será esquecido", afirmou nesta segunda-feira a chanceler alemã, Angela Merkel.
O ministro sueco das Relações Exteriores, Carl Bildt, chamou Ieltsin de um dos "maiores homens de nossos tempos".
O ex-presidente da Ucrânia Leonid Kravchuk, que encontrou Ieltsin em janeiro durante um torneio de tênis, disse estar surpreso com a morte. "Ele parecia estar tão saudável", afirmou Kravchuk. "Sua morte foi um grande choque para mim".
Mandato
Antecessor do atual presidente russo, Vladimir Putin, a quem ele havia designado como herdeiro político, Ieltsin ganhou popularidade durante seus oito anos de governo devido às suas promessas de combate à corrupção, sem conseguir, no entanto, manter o controle de grande parte de empresas estatais que foram progressivamente privatizadas.
Primeiro líder russo eleito democraticamente, durante seu mandato, a Rússia sofreu com problemas como o desemprego e a inflação. Ieltsin também levou o país a um conflito contra rebeldes separatistas na Tchetchênia, que culminou a expulsão dos russos.
Ele sofria de problemas cardíacos e renunciou à Presidência em 1999, vários meses antes do fim oficial de seu mandato. Putin, que era seu primeiro-ministro, tornou-se presidente em exercício e foi eleito democraticamente para o cargo em 2000.
Crise
A morte de Ieltsin ocorre em um momento em que a Rússia passa por um período de crise.
Na semana passada, centenas de manifestantes foram detidos em vários protestos em Moscou e São Petersburgo contra Putin, a quem a oposição acusa de "sufocar a democracia".
Os confrontos nas duas principais cidades russas podem ser o prenúncio de um longo período de tensão entre autoridades russas e a oposição, com a proximidade de eleições parlamentares e presidenciais.
Em um dos protestos, a polícia deteve o ex-campeão de xadrez Garry Kasparov, 44, que hoje é um dos líderes da coalizão Outra Rússia, uma das organizadoras dos protestos.
Sobre a ação violenta da polícia, que chocou os manifestantes, ele afirmou que o governo "mostrou que já não respeita a imprensa mundial, a opinião pública ou mesmo as leis russas".
"Agora [a Rússia] é um país em algum lugar entre Belarus e o Zimbábue, duas ditaduras que acabaram com os movimentos de oposição", disse.
Com Reuters e France Presse
Leia mais
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alvo de piadas, Barron Trump se adapta à vida de filho do presidente
- Facções terroristas recrutam jovens em campos de refugiados
- Trabalhadores impulsionam oposição do setor de tecnologia a Donald Trump
- Atentado contra Suprema Corte do Afeganistão mata 19 e fere 41
- Regime sírio enforcou até 13 mil oponentes em prisão, diz ONG
+ Comentadas
- Parlamento de Israel regulariza assentamentos ilegais na Cisjordânia
- Após difamação por foto com Merkel, refugiado sírio processa Facebook
+ EnviadasÍndice