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26/04/2007 - 15h07

Congresso dos EUA aprova medida para retirada de tropas do Iraque

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da Folha Online

Em uma posição de desafio ao presidente dos EUA, George W. Bush, a Câmara dos Representantes e o Senado americanos aprovaram nesta quinta-feira uma medida que prevê a retirada gradual dos soldados do país no Iraque a partir do dia 1º de outubro. Bush reiterou diversas vezes nas últimas semanas que vetará qualquer lei que estabeleça um cronograma para a retirada, apesar de a medida aprovada hoje estar vinculada à liberação de fundos para a manutenção do esforço no Iraque.

De acordo com o projeto --aprovado por 218 votos contra 208 na Câmara e por 51 a 46 no Senado--, a retirada de cerca de 150 mil soldados dos EUA em solo iraquiano seria completada em março de 2008. A proposta inclui ainda o envio de US$ 124 bilhões em recursos extras para a manutenção das tropas.

"O presidente falhou em sua missão de trazer paz e estabilidade ao povo do Iraque", disse o senador democrata Robert Byrd, líder do Comitê de Apropriações do Senado. "É hora de trazer nossos soldados de volta para casa", acrescentou.

Os democratas, que dominam o Congresso desde janeiro deste ano, pressionam para que se defina uma data de retirada. A medida aprovada hoje é resultado da harmonização de duas leis elaboradas separadamente pela Câmara e pelo Senado, e que já haviam sido ameaçadas com o veto presidencial.

"Os sacrifícios de nossas tropas e de suas famílias exigem mais do que os cheques em branco que o presidente pede, para uma guerra sem fim", afirmou a democrata Nancy Pelosi, atual líder da Câmara.

Reação

A advertência de veto foi repetida pela porta-voz da Casa Branca, Dana Perino, nesta quinta-feira, derrubando em grande medida as chances de a medida se tornar realidade. Com base nos números de votos a favor da lei na Câmara e no Senado hoje, é muito improvável que os opositores da guerra consigam os necessários dois terços dos votos para derrubar um veto presidencial.

Perino lamentou a "trágica situação" no Iraque, mas afirmou que uma retirada militar "criará um vazio de poder" no país. Republicanos afirmam que definir um prazo seria o mesmo que estipular uma "data para a rendição". "A rede Al Qaeda vê isto como o dia em que a Câmara dos Representantes jogará a toalha", afirmou o republicano Jerry Lewis, da Califórnia.

Apesar de enfraquecida pela ameaça de veto, a medida é um golpe contra Bush. Até hoje, apenas uma medida foi vetada pelo presidente, que se referia à permissão para pesquisas em células-tronco. Um novo veto carregará significado político forte.

Iraque

Nesta quinta-feira, o general David Petraeus, principal comandante americano no Iraque, admitiu que o conflito passa por um momento "complexo e muito duro", e disse que os EUA ainda deverão enfrentar mais dificuldades até que a situação comece a melhorar.

Segundo ele, o crescente aumento dos ataques a bomba e suicidas levou a "grande perdas" para os EUA, assim como ao crescimento de baixas militares.

Petraeus recusou-se a especular por quanto tempo as tropas americanas ainda devem permanecer no Iraque, e também não quis comentar a proposta de retirada dos soldados.

"Tento ficar fora do campo político e das propostas legislativas", afirmou.

Ataques

Ainda hoje, ao menos nove soldados iraquianos morreram e outras 15 pessoas ficaram feridas após um ataque suicida contra um posto de controle na Província de Diyala.

Na ação, um terrorista suicida atirou um carro-bomba contra o posto em Khalis, a 80 quilômetros de Bagdá, segundo a agência de notícias Reuters.

Khalid Mohammed/AP
Tropas patrulham rua de Bagdá; ação mata 9 soldados do Iraque
Tropas patrulham rua de Bagdá; ação mata 9 soldados do Iraque
De acordo com a polícia, todos os mortos eram militares, mas há civis entre os feridos. O atentado é o mais recente de uma série de ataques que atingiu Diyala --região cuja população inclui sunitas e xiitas-- nesta semana.

"Diyala é um dos principais alvos no Iraque neste momento, ao lado de Bagdá e da Província de Anbar, para onde são direcionados muitos dos esforços insurgentes", afirmou o porta-voz militar Christopher Garver. "Diyala tornou-se um campo de batalha", acrescentou.

Em outro ataque, seis pessoas morreram e 15 ficaram feridas no distrito de Jadriya, ao sul de Bagdá. Na ação, um carro estacionado lotado de explosivos foi detonado perto da Universidade de Bagdá e do Hotel Al Hamra, em uma área sunita e xiita da capital.

Na segunda-feira (23), nove soldados morreram em um ataque contra uma base militar ocorrido perto da capital de Diyala, Baquba, em um dos piores ataques terrestres contra as forças americanas desde o início do conflito, em 2003. Dois dias depois, um suicida matou nove pessoas em uma delegacia de polícia em Balad Ruz, também em Diyala.

Mais violência

Também nesta quinta-feira, dois caminhões-bomba e um suicida vestindo um cinto de explosivos mataram três pessoas e feriram outras 13 em explosões que tinham como alvo o líder do Partido Democrático do Curdistão, Massoud Barzani, e forças curdas.

Uma bomba deixada na beira de uma estrada matou duas pessoas e feriu dez perto do mercado de Shorja, no centro de Bagdá, segundo informações da polícia.

A ofensiva militar americana em Bagdá e em outras Províncias são vistas como a última tentativa de deter a violência sectária e impedir uma guerra civil no Iraque.

Dezenas de milhares de soldados americanos e iraquianos foram destacados para a região de Bagdá desde meados de fevereiro. Cinco novas brigadas dos EUA devem ser enviadas ao país como reforço até o início de junho.

Relatório

Oficiais da ONU (Organização das Nações Unidas) acusaram o governo do Iraque nesta quarta-feira de reter informações sobre mortes de civis para evitar a piora da percepção internacional sobre a gravidade da situação no país, segundo informações da agência de notícias Associated Press.

A ONU informou também que a crise humanitária no Iraque está piorando apesar dos esforços da nova estratégia elaborada pelos Estados Unidos para contar a violência no país.

As acusações estão contidas em um relatório divulgado pela Missão de Assistência da ONU ao Iraque. O relatório foi duramente criticado pelo governo do Iraque, que o classificou de "desequilibrado" e questionou a credibilidade dos funcionários das Nações Unidas no país.

O relatório da ONU descreve os três meses anteriores a 31 de março e evita fazer julgamentos sobre a eficácia militar da operação militar dos EUA, que foi oficialmente lançada em meados de fevereiro. Ainda assim, o texto levanta questões sobre o impacto das operações militares em civis iraquianos, alegando, por exemplo, que famílias inteiras são detidas durante operações de segurança.

"O governo do Iraque continua a enfrentar imensos desafios de segurança frente à crescente violência e oposição armada a sua autoridade, além da piora da crise humanitária", afirma o texto. "O uso de tortura e outros tratamentos desumanos" em centros de detenção do governo "continuam despertando profunda preocupação", completa.

Com Reuters, Efe e Associated Press

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