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27/04/2007 - 20h01

Ex-chefe da CIA critica governo Bush por invasão do Iraque

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da Folha Online

O ex-diretor da CIA (inteligência americana) George J. Tenet critica o vice-presidente Dick Cheney e o governo de George W. Bush, afirmando que a administração invadiu o Iraque, em 2003, sem promover um "debate sério" a respeito da questão, em um novo livro.

24.mar.2004AP
O ex-diretor da CIA George Tenet critica governo de George W. Bush em novo livro
O ex-diretor da CIA George Tenet critica governo de George W. Bush em novo livro
Tenet afirma que a CIA alertou Bush sete meses antes da invasão do Iraque de que os EUA poderiam enfrentar uma série de conseqüências negativas se escolhesse este curso de ação --entre elas a "anarquia e a divisão do território".

De acordo com o livro, analistas da agência escreveram um texto de alerta em agosto de 2002 e o inseriram no relatório distribuído em uma reunião entre Bush e o time de segurança nacional na residência de campo do presidente, Camp David.

Tenet afirma que o texto previa, na pior das hipóteses, que a invasão levaria ao aumento do terrorismo global contra os EUA, aliado ao aprofundamento da antipatia islâmica ao país. Além disso, o texto alertava para instabilidade em Estados-chave no Oriente Médio e grandes perturbações no suprimento de petróleo mundial.

As críticas estão contidas no livro "At the Center of The Storm" ["No centro da tempestade"], que será lançado na segunda-feira (30) nos Estados Unidos. A agência de notícias Associated Press conseguiu comprar uma cópia do livro antes de seu lançamento oficial.

Discussão

Uma cópia do livro também foi recebida antecipadamente pelo "The New York Times", que divulgou trechos nesta sexta-feira.

De acordo com o "NYT", Tenet comenta os ataques terroristas de 11 de Setembro, a decisão de Bush de invadir o Iraque, e a falha em encontrar arma de destruição em massa que o governo americano acusava o ex-ditador iraquiano Saddam Hussein de possuir.

No livro, o ex-diretor da CIA lembra como Cheney, em uma entrevista em setembro de 2006, comentou em duas ocasiões uma observação de Tenet, antes da invasão, sobre as supostas armas de destruição em massa no Iraque.

Cheney relembrou uma reunião na Casa Branca em 2002, insinuando que o então chefe da CIA teria convencido a Casa Branca sobre a invasão. Tenet reconhece que se equivocou ao afirmar que Saddam possuía armas de destruição em massa, mas afirma ter acertado ao negar a existência de vínculos claros entre o Iraque e rede terrorista Al Qaeda.

O ex-diretor da CIA renunciou ao cargo em junho de 2004, em meio a tensões com Cheney, Paul Wolfowitz e a então assessora de Segurança Nacional, Condoleezza Rice.

No livro, ele expressa ainda ceticismo a respeito do aumento das tropas americanas no Iraque. "Isso poderia ter funcionado há três anos", escreve. "Meu medo é que a violência sectária no Iraque tenha ganhado vida própria, e que as tropas dos EUA se tornem a cada dia mais e mais irrelevantes para contê-la", escreve Tenet.

Retirada dos EUA

O livro chega em um momento delicado para a Casa Branca no que se refere à manutenção de sua ação no Iraque. Ontem, em um desafio ao presidente dos EUA, a Câmara dos Representantes e o Senado americanos aprovaram uma medida que prevê a retirada gradual dos soldados do país no Iraque a partir do dia 1º de outubro.

Bush reiterou diversas vezes nas últimas semanas --e voltou a afirmar hoje-- que vetará qualquer lei que estabeleça um cronograma para a retirada, apesar de a medida aprovada ontem estar vinculada à liberação de fundos para a manutenção do esforço no Iraque. "É triste que tenhamos chegado neste ponto. Mas a lei é o que é, e eu irei vetá-la", disse Bush.

De acordo com o projeto --aprovado por 218 votos contra 208 na Câmara e por 51 a 46 no Senado--, a retirada de cerca de 150 mil soldados dos EUA em solo iraquiano seria completada em março de 2008. A proposta inclui ainda o envio de US$ 124 bilhões em recursos extras para a manutenção das tropas.

Os democratas, que dominam o Congresso desde janeiro deste ano, pressionam para que se defina uma data de retirada. A medida é resultado da harmonização de duas leis elaboradas separadamente pela Câmara e pelo Senado, e que já haviam sido ameaçadas com o veto presidencial.

"Os sacrifícios de nossas tropas e de suas famílias exigem mais do que os cheques em branco que o presidente pede, para uma guerra sem fim", afirmou a democrata Nancy Pelosi, atual líder da Câmara.

Com Associated Press, Reuters e Efe

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