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30/04/2007 - 21h58

EUA relatam aumento de 40% em mortes por terrorismo em 2006

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da Folha Online

O número de pessoas mortas pelo terrorismo ao redor do mundo aumentou cerca de 40% em 2006 devido principalmente à violência no Iraque, informou nesta segunda-feira um relatório divulgado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos. O relatório, citado pela agência de notícias Reuters, afirma que 20.498 pessoas morreram no último ano vítimas de atos de terrorismo, contra 14.618 em 2005.

Destas, cerca de 13 mil pessoas morreram apenas no Iraque em 2006, de acordo com o texto. O relatório tem potencial para ser politicamente explosivo, já que um dos motivos alegados pelos EUA para entrar em guerra no Iraque era precisamente conter o terrorismo.

Ali Jasim/Reuters
Soldados americanos patrulham ruas em Bagdá; ataque suicida mata ao menos 30
Soldados americanos patrulham ruas em Bagdá; ataque suicida mata ao menos 30
A Casa Branca enfrenta atualmente a dura oposição do Congresso americano com relação ao conflito: os democratas aprovaram uma lei que prevê a retirada das tropas do Iraque apesar da promessa do presidente, George W. Bush, de vetar a medida.

De acordo com parte do relatório anual do Departamento de Estado, o número de "episódios terroristas" aumentou de 11.153 em 2005 para 14.338 em 2006. No Iraque, o número quase dobrou: de 3.468 em 2005 para 6.630 em 2006 --cerca de 45% do total. É importante lembrar que nem todas as mortes violentas no Iraque são causadas por ações terroristas.

O texto descreve o Iraque como o centro da "guerra contra o terrorismo" empreendida pelos EUA. No Afeganistão, a situação também é crítica: de 491 ataques terroristas em 2005, o número subiu para 749 em 2006. As forças americanas na Otan (Organização para o Tratado do Atlântico Norte, aliança militar liderada pelos EUA) mantém a luta no Afeganistão contra as forças do Taleban, mais de cinco anos depois da derrubada do grupo radical islâmico do poder no país.

Adaptação

Os números foram compilados pelo Centro Nacional de Contraterrorismo e incluídos em um relatório do departamento de Estado que oferece uma análise detalhada das ações terroristas ao redor do mundo.

Apesar de citar alguns avanços no esforço internacional de combate ao terrorismo desde o 11 de setembro, o texto afirma que os progressos levaram a uma "adaptação" da rede terrorista Al Qaeda, que empreende mais ações locais em vez de ataques "expedicionários" como os atentados do 11 de setembro contra os EUA.

"Vemos um movimento em direção a um 'terrorismo de guerrilha, no qual a organização tenta criar um time próximo ao alvo", afirma o relatório. "Por meio de intermediários, propaganda on-line e subversão de populações imigrantes, os terroristas inspiram células terroristas locais a empreenderem ataques e então exploram os atos como propaganda. A tendência (..) é formar um tipo de insurgência global", completa o texto.

O relatório cita ainda cinco países que financiam o terrorismo, na visão dos EUA: Cuba, Irã, Coréia do Norte, Sudão e Síria. O Irã e a Síria são também acusados de alimentarem a violência no Iraque.

Ataques

No último episódio de violência no Iraque, um ataque suicida contra um funeral xiita matou ao menos 30 pessoas e feriu outras 60 em Khalis, na Província de Diyala, no norte de Bagdá, segundo informações da polícia iraquiana.

De acordo com moradores, o funeral era de um xiita que foi vítima de um ataque a tiros.

Segundo Majed Mansour, familiar que estava no local, o período de luto, que dura três dias, chegava ao fim e a família chamou os presentes para uma refeição quando houve a explosão. "Ela veio do centro da tenda. Houve muita fumaça e corpos por todo o lado. Foi um caos total", afirmou Mansour, citado pela agência de notícias Reuters.

De acordo com a agência de notícias France Presse, o suicida vestia um cinto de explosivos e conseguiu infiltrar-se no local devido à falta de medidas de segurança adequadas no funeral.

O atentado suicida, ocorrido às 19h (12h de Brasília) é o mais recente de uma série de ataques que atingiu Diyala --região cuja população inclui sunitas e xiitas-- recentemente.

Após uma ofensiva militar lançada pelos Estados Unidos na capital, Diyala vem sendo, ao lado da Província de Anbar, um cenário cada vez mais freqüente de ataques.

A operação de segurança em curso em Bagdá é vista como a última tentativa de deter a violência sectária no Iraque e impedir que o país mergulhe em um conflito civil.

De acordo com comandantes militares, a ofensiva, que levou ao destacamento de milhares de soldados extras, aumentou o risco de ataques contra alvos militares.

Baixas

Com as mortes de cinco soldados dos Estados Unidos neste final de semana no Iraque, o mês de abril tornou-se um dos mais mortíferos para tropas americanas no país desde o início do conflito, em março de 2003, com um saldo de ao menos cem mortos.

O número de mortes pode aumentar a pressão sobre Bush, que está lutando contra um plano dos legisladores democratas de estabelecerem um prazo para a retirada total das tropas americanas do Iraque. Bush prometeu vetar a lei que exige a saída dos soldados, que deve chegar ao gabinete do presidente nesta terça-feira.

De acordo com o projeto --aprovado na última semana por 218 votos contra 208 na Câmara e por 51 a 46 no Senado--, a retirada de cerca de 150 mil soldados dos EUA em solo iraquiano seria completada em março de 2008. A proposta inclui ainda o envio de US$ 124 bilhões em recursos extras para a manutenção das tropas.

Mortes

Nesta segunda-feira, o Exército dos EUA afirmou que três soldados americanos e um intérprete iraquiano foram mortos por uma bomba colocada em uma estrada na parte leste de Bagdá ontem.

Um fuzileiro naval também morreu neste domingo na Província de Anbar. No sábado, um soldado morreu a tiros no leste de Bagdá, segundo o Exército.

As forças de segurança dos EUA e do Iraque deram início a uma grande operação de segurança em meados de fevereiro que é considerada a última tentativa para evitar a derrocada final do Iraque para uma guerra civil total entre a maioria xiita e a minoria sunita.

Comandantes dos EUA admitem que a ofensiva, que levou ao destacamento de milhares de soldados adicionais para as ruas, aumentou o risco de mortes militares.

Antes do anúncio das últimas mortes, o site independente icasualties.org havia estimado o número de soldados mortos em abril em 99. Ao menos metade deles foram mortos dentro ou nos arredores de Bagdá.

Mais vítimas

As forças americanas também mataram oito supostos insurgentes neste domingo em uma batalha em Bagdá. Cerca de 3.350 soldados americanos e milhares de iraquianos foram mortos desde o início do conflito, em 2003.

Abril também foi um mês com grande número de baixas para o Exército britânico. Ao menos 12 soldados morreram em Abril, o maior número de mortes em um único mês desde 2003, quando 27 britânicos foram mortos no início da invasão.

O secretário britânico de Defesa, Des Browne, fez uma visita não-anunciada a Bagdá nesta segunda-feira. Ele se reuniu com autoridades iraquianas, segundo a embaixada britânica.

Com Reuters e France Presse

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