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07/05/2007 - 13h18

Após vitória, conservadores se voltam para o Parlamento francês

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da Folha Online

Depois de conquistar 53% dos votos no segundo turno da eleição presidencial francesa e ser declarado vencedor, Nicolas Sarkozy tirou alguns dias de folga enquanto seu partido (UMP) se concentra no próximo desafio político a ser enfrentado: as eleições parlamentares, que ocorrem no começo de junho. A composição do Parlamento da França a partir do próximo mês definirá o poder de Sarkozy para implementar as grandes mudanças planejadas para seu governo.

Lionel Cironneau/AP
O presidente eleito, Nicolas Sarkozy, deixa hotel em Paris
O presidente eleito, Nicolas Sarkozy, deixa hotel em Paris
"Vamos estudar como dar a ele a maior maioria parlamentar possível para que Sarkozy possa materializar seus planos", afirmou nesta segunda-feira a ministra da Defesa, Michele Alliot-Marie. Sarkozy assume o governo em menos de duas semanas, após a saída do atual presidente, Jacques Chirac, em 16 de maio.

As eleições gerais serão realizadas em dois turnos, nos dias 10 e 17 de junho, para eleger 577 membros do Parlamento por sufrágio universal para mandatos de cinco anos --a não ser que a Assembléia Nacional seja dissolvida prematuramente. Apesar de difícil, não é tão incomum o fechamento da Casa: desde 1958, o Parlamento foi dissolvido cinco vezes (1962, 1968, 1981, 1988 e 1997, segundo o Ministério das Relações Exteriores da França).

Sarkozy já planejou a agenda dos seus cem dias de governo e pretende apresentar propostas de grandes reformas ao Parlamento francês em julho.

Entre as propostas, estariam a isenção de impostos sobre as horas extras, para incentivar os franceses a trabalharem mais, punições mais severas a criminosos reincidentes e critérios mais rígidos para os imigrantes que querem trazer a família para a a França.

Descanso

Sarkozy deixou Paris na manhã de hoje com sua mulher, Cécile, e seu filho. Apesar de não ter sido divulgado o destino das férias do futuro presidente, seus assessores não negaram quando questionados se ele iria para a ilha mediterrânea de Córsega, informou o "New York Times".

"Estes poucos dias de descanso foram planejados para deixa-lo pronto para assumir a Presidência depois dessa batalha tumultuada", disse o diretor da campanha conservadora, Claude Gueant. "Serão também alguns dias nos quais ele poderá refletir sobre a composição do novo time de governo", afirma.

A expectativa é que ele aponte seu principal aliado político, François Fillon, como premiê, e que indique mulheres para a metade dos cargos do gabinete de 15 ministros.

Derrota

Após a derrota nas urnas da candidata Ségolène Royal, que alcançou cerca de 47% dos votos neste domingo, os socialistas se concentram agora para tentar reverter o resultado nas eleições parlamentares. Foi a terceira derrota consecutiva do Partido Socialista para a Presidência francesa, o que elevou temores de divisão interna do partido e perda de seu papel tradicional na sociedade.

6.mai.2007/Efe
A candidata socialista Ségolène Royal teve 47% dos votos
A candidata socialista Ségolène Royal teve 47% dos votos
O secretário-geral do partido, François Hollande, companheiro da candidata derrotada, expressou preocupação com o futuro do partido. "Hoje temos que liderar a batalha pela eleição legislativa. Depois, vamos precisar reconstruir a esquerda" disse.

A análise dos resultados da eleição deste domingo feita pelo instituto de pesquisas Ipsos apresentou dados negativos para os socialistas. Sarkozy conseguiu o apoio da maioria dos trabalhadores do setor privado, dos pensionistas e dos autônomos. Ele também alcançou a taxa de 52% dos votos das mulheres.

Royal, que tentou ser a primeira mulher na Presidência da França, teve os votos dos desempregados e dos com menos de 25 anos.

Em uma pesquisa de opinião separada, o partido UMP, de Sarkozy, aparece na frente dos socialistas, com 34% contra 29% da preferência dos eleitores. Se a pesquisas se provar correta, os conservadores vencerão a eleição geral em junho.

Violência

Na noite deste domingo, vários episódios de violência foram registrados na França após a eleição. Segundo a polícia, 270 pessoas foram detidas para questionamento e 367 veículos foram incendiados. Em uma típica noite na França, cerca de cem carros são queimados.

Eric Gaillard/Reuters
Policiais e manifestantes se confrontam em Paris após vitória de Sarkozy em eleição
Policiais e manifestantes se confrontam em Paris após vitória de Sarkozy em eleição
Em Paris, os primeiros distúrbios ocorreram na praça da Bastilha, local emblemático onde tradicionalmente a esquerda celebra suas vitórias, onde se reuniram cerca de 5.000 pessoas.

Na praça, centenas de jovens que gritavam palavras de ordem contra Sarkozy, atirando paralelepípedos e outros objetos contra os policiais, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo.

Paralelamente, centenas de manifestantes, em sua maioria jovens, se manifestavam sem incidentes na praça da República, procedentes da sede do Partido Socialista (PS), situado na outra margem do rio Sena.

Em Toulouse, no sul do país, cerca de 2.000 pessoas se reuniram para protestar contra a eleição de Sarkozy e, no centro da cidade, alguns manifestantes apedrejaram um escritório do partido do novo presidente, o UMP.

Em Lyon (centro este), onde cerca de 500 pessoas desfilaram em protesto ao futuro chefe de Estado, houve choques com a Polícia. Em Lille (norte) houve incidentes no centro, com alguns carros queimados e várias detenções.

Em Bordeaux, a manifestação de aproximadamente duas mil pessoas gerou enfrentamentos com a polícia. Um dos policiais foi gravemente ferido nos confrontos na cidade.

Discurso

Em seu discurso de vitória, Sarkozy declarou neste domingo perante as 30 mil pessoas reunidas na Place de la Concorde, em Paris, que será o chefe de Estado de "todos os franceses" e não decepcionará aqueles que votaram nele.

"Serei o presidente da República de todos os franceses, sem exceção. (...) Não os trairei, não mentirei, não os decepcionarei", declarou o novo presidente a uma multidão que o aplaudia. Segundo Sarkozy, a vitória só tem sentido se for "a de um país inteiro".

"A França me deu tudo e chegou a hora de eu devolver o que ganhei", declarou. "Esta é a vitória da França e só existe uma França. Esta noite, apenas peço que sejam generosos, tolerantes e fraternos. Peço que estendam sua mão e mostrem a imagem de uma França unida, que não deixará ninguém no caminho", pediu.

"Vamos escrever uma nova página na história de nosso país. Sei a enorme responsabilidade que recai sobre meus ombros", assegurou, prometendo lutar sem trégua "pelo pleno emprego, o poder aquisitivo e a identidade da França", acrescentou.

Com Reuters, Efe e Associated Press

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