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21/05/2007
-
15h51
ANDREA MURTA
da Folha Online
Tropas libanesas atacaram o campo de refugiados palestinos de Nahr al Bared, em Trípoli (norte do país), nesta segunda-feira, no segundo dia consecutivo de confrontos, os piores conflitos internos desde 1990, quando a Guerra Civil (1975-1990) chegou ao fim.
Três militares libaneses morreram e vários ficaram feridos hoje num ataque do grupo radical islâmico Fatah al Islam a uma posição do Exército ao norte de Nahr al Bared, segundo fontes da segurança.
Antes deste ataque, a agência de notícias Associated Press estimou que cerca de 50 pessoas --entre soldados e integrantes do Fatah al Islam-- haviam morrido nos conflitos desde domingo, sem especificar o número de mortes entre civis. Já a agência Reuters contabilizou o total de mortos em 65 --27 soldados, 15 rebeldes e 23 civis.
Fontes palestinas no campo de refugiados relataram oito mortes entre civis nos combates desta segunda-feira. O número não pode ser confirmado oficialmente porque os serviços de emergência não têm permissão para entrar em Nahr al Bared.
Segundo Virginia de la Guardia, porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), a violência incessante dificulta o atendimento. "Ontem, o Crescente Vermelho palestino conseguiu entrar duas vezes no campo de refugiados e resgatar seis feridos, mas tiveram de parar por causa dos confrontos", disse ela por telefone de Beirute à Folha Online.
Ela conta que, na manhã desta segunda-feira, outras 18 pessoas foram resgatadas. "Pedimos a todas as partes envolvidas que parem os conflitos e facilitem o acesso aos feridos, que estão precisando muito de ajuda. A luta está muito intensa. A mensagem principal é que facilitem o acesso, pois a violência nos impede de entrar", disse La Guardia.
Segundo ela, o CICV não possui uma estimativa sobre o número exato de mortos nos confrontos. "Além dos feridos, queremos remover os corpos, mas ainda não conseguimos. Eles estão sendo deixados no local dos confrontos, ninguém os retira", afirma a porta-voz.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha no Líbano coordena a ação com o Crescente Vermelho palestino do lado de fora do campo de refugiados. O grupo ajuda a transportar os feridos até o hospital depois que o CV palestino busca as pessoas dentro de Nahr al Bared.
"Nós também distribuímos kits de suprimentos médicos para os hospitais. Hoje, fomos até a fronteira do campo com três carros, entramos em contato com associações locais e eles buscaram os kits médicos na entrada. Nós não fomos até o interior devido à continuidade dos confrontos. É muito difícil entrar por causa da segurança", acrescentou.
Violência
Após o ataque do Exército libanês, uma coluna de fumaça cobriu a área do campo de refugiados. O novo episódio de violência eclodiu depois que foi estabelecido um cessar-fogo para retirar feridos e levar medicamentos à região, segundo a rede de TV Al Jazeera [Qatar].
A violência entre tropas libanesas e membros do Fatah al Islam não tem precedentes no campo de refugiados, onde vivem milhares de palestinos, e onde o Exército não pode entrar.
Tanques cercaram Nahr al Bared, onde vivem cerca de 40 mil refugiados palestinos, enquanto membros do Fatah al Islam, que é acusado de ligação com a rede terrorista Al Qaeda, lançavam granadas e disparavam com armas automáticas, segundo testemunhas.
A violência aponta a fragilidade da segurança no Líbano, ameaçada por tensões políticas e sectárias desde a guerra entre Israel e a milícia xiita Hizbollah, em julho do ano passado.
O governo libanês deveria se reunir nesta segunda-feira para discutir a crise na segurança.
Ameaças
Um porta-voz do Fatah al Islam, Abu Salim, alertou que caso o Exército não cesse os ataques, membros do grupo poderão lançar foguetes e realizar ataques com artilharia, levando os confrontos para "outras regiões fora de Trípoli".
"É uma batalha de vida ou morte. O objetivo [do Exército] é destruir o Fatah al Islam. Nós responderemos, e sabemos como fazer isso", disse Salim à Associated Press.
O grupo radical nega manter relações com a rede Al Qaeda. Em coletiva de imprensa em março último, o líder do grupo, Shakir al Absi, negou que a organização envie combatentes ao Iraque. "Lutar em nossa terra natal [territórios palestinos] é mais importante", afirmou.
No entanto, no passado, foram apontadas ligações entre Al Absi e Abu Musab al Zarqawi, líder da rede Al Qaeda no Iraque morto em um bombardeio dos EUA em junho de 2006.
Al Absi foi condenado à morte em revelia na Jordânia, ao lado de Al Zarqawi, pelo assassinato de um diplomata americano em Amã, ocorrido em 2002.
Síria
A Síria rejeitou nesta segunda-feira as acusações feitas pelo Líbano de que Damasco mantém ligações com membros do grupo extremista Fatah al Islam.
"Nossas forças [sírias] tentam prendê-los, até mesmo por meio da Interpol", disse o ministro de Relações Exteriores sírio, Walid al Moualem, durante um discurso na Universidade de Damasco. "Nós rejeitamos esta organização. Ela não serve à causa palestina", afirmou.
O Líbano acusa o Fatah al Islam de ser utilizado pela Síria para criar instabilidade no Líbano, em um esforço para impedir que o Conselho de Segurança (CS) da ONU estabeleça uma corte internacional para julgar os suspeitos pela morte do premiê libanês Rafik al Hariri.
O grupo Fatah al Islam foi formado em novembro de 2006, depois de se separar do Fatah al Intifada, um grupo palestino apoiado pela Síria.
EUA
Também nesta segunda-feira, os EUA expressaram preocupação com os confrontos no norte do Líbano, mas afirmaram que o ataque das forças de segurança são "justificados".
"Aparentemente, as forças de segurança libanesas agem de maneira legítimas para garantir a segurança e estabilizar o país, apesar dos ataques e provocações de extremistas", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado americano, Sean McCormack, aos jornalistas.
Segundo ele, os integrantes do Fatah al Islam, que é acusado de ligação com a rede terrorista Al Qaeda, são comprometidos com a "violência" e o "uso do terror".
"O governo de [Fouad] Siniora já mostrou que é estável e resistente a vários desafios políticos e a provocações violentas daqueles que querem minar a democracia no Líbano. Estamos confiantes de que ele saberá defender os interesses do povo libanês" acrescentou.
"Nós acreditamos na democracia e na soberania do Líbano, e apoiamos o premiê Siniora em seus esforços para defender o país", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Tony Fratto, que está em Crawford, no Texas, ao lado do presidente dos EUA, George W. Bush.
Com Reuters e Associated Press
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da Folha Online
Tropas libanesas atacaram o campo de refugiados palestinos de Nahr al Bared, em Trípoli (norte do país), nesta segunda-feira, no segundo dia consecutivo de confrontos, os piores conflitos internos desde 1990, quando a Guerra Civil (1975-1990) chegou ao fim.
Três militares libaneses morreram e vários ficaram feridos hoje num ataque do grupo radical islâmico Fatah al Islam a uma posição do Exército ao norte de Nahr al Bared, segundo fontes da segurança.
Antes deste ataque, a agência de notícias Associated Press estimou que cerca de 50 pessoas --entre soldados e integrantes do Fatah al Islam-- haviam morrido nos conflitos desde domingo, sem especificar o número de mortes entre civis. Já a agência Reuters contabilizou o total de mortos em 65 --27 soldados, 15 rebeldes e 23 civis.
Fontes palestinas no campo de refugiados relataram oito mortes entre civis nos combates desta segunda-feira. O número não pode ser confirmado oficialmente porque os serviços de emergência não têm permissão para entrar em Nahr al Bared.
Mohamed Azakir/Reuters |
Membros da Cruz Vermelha atendem ferido após ataque contra campo de refugiados |
Ela conta que, na manhã desta segunda-feira, outras 18 pessoas foram resgatadas. "Pedimos a todas as partes envolvidas que parem os conflitos e facilitem o acesso aos feridos, que estão precisando muito de ajuda. A luta está muito intensa. A mensagem principal é que facilitem o acesso, pois a violência nos impede de entrar", disse La Guardia.
Segundo ela, o CICV não possui uma estimativa sobre o número exato de mortos nos confrontos. "Além dos feridos, queremos remover os corpos, mas ainda não conseguimos. Eles estão sendo deixados no local dos confrontos, ninguém os retira", afirma a porta-voz.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha no Líbano coordena a ação com o Crescente Vermelho palestino do lado de fora do campo de refugiados. O grupo ajuda a transportar os feridos até o hospital depois que o CV palestino busca as pessoas dentro de Nahr al Bared.
"Nós também distribuímos kits de suprimentos médicos para os hospitais. Hoje, fomos até a fronteira do campo com três carros, entramos em contato com associações locais e eles buscaram os kits médicos na entrada. Nós não fomos até o interior devido à continuidade dos confrontos. É muito difícil entrar por causa da segurança", acrescentou.
Violência
Após o ataque do Exército libanês, uma coluna de fumaça cobriu a área do campo de refugiados. O novo episódio de violência eclodiu depois que foi estabelecido um cessar-fogo para retirar feridos e levar medicamentos à região, segundo a rede de TV Al Jazeera [Qatar].
Hussein Malla/AP |
Soldado libanês atravessa rua perto da entrada principal de campo de refugiados palestinos |
Tanques cercaram Nahr al Bared, onde vivem cerca de 40 mil refugiados palestinos, enquanto membros do Fatah al Islam, que é acusado de ligação com a rede terrorista Al Qaeda, lançavam granadas e disparavam com armas automáticas, segundo testemunhas.
A violência aponta a fragilidade da segurança no Líbano, ameaçada por tensões políticas e sectárias desde a guerra entre Israel e a milícia xiita Hizbollah, em julho do ano passado.
O governo libanês deveria se reunir nesta segunda-feira para discutir a crise na segurança.
Ameaças
Um porta-voz do Fatah al Islam, Abu Salim, alertou que caso o Exército não cesse os ataques, membros do grupo poderão lançar foguetes e realizar ataques com artilharia, levando os confrontos para "outras regiões fora de Trípoli".
"É uma batalha de vida ou morte. O objetivo [do Exército] é destruir o Fatah al Islam. Nós responderemos, e sabemos como fazer isso", disse Salim à Associated Press.
O grupo radical nega manter relações com a rede Al Qaeda. Em coletiva de imprensa em março último, o líder do grupo, Shakir al Absi, negou que a organização envie combatentes ao Iraque. "Lutar em nossa terra natal [territórios palestinos] é mais importante", afirmou.
No entanto, no passado, foram apontadas ligações entre Al Absi e Abu Musab al Zarqawi, líder da rede Al Qaeda no Iraque morto em um bombardeio dos EUA em junho de 2006.
Al Absi foi condenado à morte em revelia na Jordânia, ao lado de Al Zarqawi, pelo assassinato de um diplomata americano em Amã, ocorrido em 2002.
Síria
A Síria rejeitou nesta segunda-feira as acusações feitas pelo Líbano de que Damasco mantém ligações com membros do grupo extremista Fatah al Islam.
Mohamed Azakir/Reuters |
Membro da força de segurança observa fumaça que cobre campo de refugiados |
O Líbano acusa o Fatah al Islam de ser utilizado pela Síria para criar instabilidade no Líbano, em um esforço para impedir que o Conselho de Segurança (CS) da ONU estabeleça uma corte internacional para julgar os suspeitos pela morte do premiê libanês Rafik al Hariri.
O grupo Fatah al Islam foi formado em novembro de 2006, depois de se separar do Fatah al Intifada, um grupo palestino apoiado pela Síria.
EUA
Também nesta segunda-feira, os EUA expressaram preocupação com os confrontos no norte do Líbano, mas afirmaram que o ataque das forças de segurança são "justificados".
"Aparentemente, as forças de segurança libanesas agem de maneira legítimas para garantir a segurança e estabilizar o país, apesar dos ataques e provocações de extremistas", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado americano, Sean McCormack, aos jornalistas.
Segundo ele, os integrantes do Fatah al Islam, que é acusado de ligação com a rede terrorista Al Qaeda, são comprometidos com a "violência" e o "uso do terror".
"O governo de [Fouad] Siniora já mostrou que é estável e resistente a vários desafios políticos e a provocações violentas daqueles que querem minar a democracia no Líbano. Estamos confiantes de que ele saberá defender os interesses do povo libanês" acrescentou.
"Nós acreditamos na democracia e na soberania do Líbano, e apoiamos o premiê Siniora em seus esforços para defender o país", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Tony Fratto, que está em Crawford, no Texas, ao lado do presidente dos EUA, George W. Bush.
Com Reuters e Associated Press
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