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21/05/2007
-
18h10
da Folha Online
Uma bomba atingiu um estacionamento no distrito de maioria muçulmana de Verdun, em Beirute, na noite desta segunda-feira, deixando ao menos sete pessoas feridas, segundo relatos de testemunhas e informações de oficiais de segurança. O Líbano enfrenta uma onda de violência devido a confrontos entre o Exército e o grupo radical islâmico Fatah al Islam, que supostamente possui vínculos com a rede terrorista Al Qaeda.
A explosão incendiou carros e quebrou janelas em diversos edifícios próximos. Uma fonte do Exército libanês informou que a bomba foi colocada sob um carro no estacionamento. Para a rede de TV americana CNN, a explosão foi planejada para provocar medo e não para causar grande número de mortes.
Em um incidente similar neste domingo (20), uma mulher morreu quando uma bomba explodiu sob um carro estacionado perto de um shopping na região leste da capital, habitada principalmente por cristãos. Ao menos dez pessoas ficaram feridas.
A explosão de hoje ocorreu após renovados e violentos confrontos entre tropas libanesas e militantes islâmicos no campo de refugiados palestinos Nahr el Bared, em Trípoli (norte). Os confrontos representam a pior luta interna do Líbano desde o fim da guerra civil, em 1990.
Confrontos
Três militares libaneses morreram e vários ficaram feridos mais cedo nesta segunda-feira num ataque do Fatah al Islam a uma posição do Exército ao norte de Nahr al Bared, segundo fontes da segurança.
Antes deste ataque, a agência de notícias Associated Press estimou que cerca de 50 pessoas --entre soldados e integrantes do Fatah al Islam-- haviam morrido nos conflitos desde domingo, sem especificar o número de mortes entre civis. A agência Reuters já contabiliza, após os últimos episódios de violência, um total de 79 mortos --varios deles civis.
Fontes palestinas no campo de refugiados relataram oito mortes entre civis nos combates desta segunda-feira. O número não pode ser confirmado oficialmente porque os serviços de emergência não têm permissão para entrar em Nahr al Bared.
Apoio à população
Segundo Virginia de la Guardia, porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), a violência incessante dificulta o atendimento. "Ontem, o Crescente Vermelho palestino conseguiu entrar duas vezes no campo de refugiados e resgatar seis feridos, mas tiveram de parar por causa dos confrontos", disse ela por telefone de Beirute à Folha Online.
Ela conta que, na manhã desta segunda-feira, outras 18 pessoas feridas foram resgatadas. "Pedimos a todas as partes envolvidas que parem os conflitos e facilitem o acesso aos feridos, que estão precisando muito de ajuda. A luta está muito intensa. A mensagem principal é que facilitem o acesso, pois a violência nos impede de entrar", disse La Guardia.
Segundo ela, o CICV não possui uma estimativa sobre o número exato de mortos nos confrontos. "Além dos feridos, queremos remover os corpos, mas ainda não conseguimos. Eles estão sendo deixados no local dos confrontos, ninguém os retira", afirma a porta-voz.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha no Líbano coordena a ação com o Crescente Vermelho palestino do lado de fora do campo de refugiados. O grupo ajuda a transportar os feridos até o hospital depois que o CV palestino busca as pessoas dentro de Nahr al Bared.
"Nós também distribuímos kits de suprimentos médicos para os hospitais. Hoje, fomos até a fronteira do campo com três carros, entramos em contato com associações locais e eles buscaram os kits médicos na entrada. Nós não fomos até o interior devido à continuidade dos confrontos. É muito difícil entrar por causa da segurança", acrescentou.
Violência sem precedentes
Após o ataque do Exército libanês, uma coluna de fumaça cobriu a área do campo de refugiados. O novo episódio de violência eclodiu depois que foi estabelecido um cessar-fogo para retirar feridos e levar medicamentos à região, segundo a rede de TV Al Jazeera [Qatar].
A violência entre tropas libanesas e membros do Fatah al Islam não tem precedentes no campo de refugiados, onde vivem milhares de palestinos, e onde o Exército não pode entrar.
Tanques cercaram Nahr al Bared, onde vivem cerca de 40 mil refugiados palestinos, enquanto membros do Fatah al Islam, que é acusado de ligação com a rede terrorista Al Qaeda, lançavam granadas e disparavam com armas automáticas, segundo testemunhas.
A violência aponta a fragilidade da segurança no Líbano, ameaçada por tensões políticas e sectárias desde a guerra entre Israel e a milícia xiita Hizbollah, em julho do ano passado.
O governo libanês deveria se reunir nesta segunda-feira para discutir a crise na segurança.
Ameaças
Um porta-voz do Fatah al Islam, Abu Salim, alertou que caso o Exército não cesse os ataques, membros do grupo poderão lançar foguetes e realizar ataques com artilharia, levando os confrontos para "outras regiões fora de Trípoli".
"É uma batalha de vida ou morte. O objetivo [do Exército] é destruir o Fatah al Islam. Nós responderemos, e sabemos como fazer isso", disse Salim à Associated Press.
O grupo radical nega manter relações com a rede Al Qaeda. Em coletiva de imprensa em março último, o líder do grupo, Shakir al Absi, negou que a organização envie combatentes ao Iraque. "Lutar em nossa terra natal [territórios palestinos] é mais importante", afirmou.
No entanto, no passado, foram apontadas ligações entre Al Absi e Abu Musab al Zarqawi, líder da rede Al Qaeda no Iraque morto em um bombardeio dos EUA em junho de 2006.
Al Absi foi condenado à morte em revelia na Jordânia, ao lado de Al Zarqawi, pelo assassinato de um diplomata americano em Amã, ocorrido em 2002.
Com France Presse, CNN, Reuters e Associated Press
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Explosão deixa sete feridos em distrito muçulmano de Beirute
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Uma bomba atingiu um estacionamento no distrito de maioria muçulmana de Verdun, em Beirute, na noite desta segunda-feira, deixando ao menos sete pessoas feridas, segundo relatos de testemunhas e informações de oficiais de segurança. O Líbano enfrenta uma onda de violência devido a confrontos entre o Exército e o grupo radical islâmico Fatah al Islam, que supostamente possui vínculos com a rede terrorista Al Qaeda.
Jamal Saidi/Reuters |
Policiais retiram moradores de rua onde ocorreu explosão de bomba em Beirute |
Em um incidente similar neste domingo (20), uma mulher morreu quando uma bomba explodiu sob um carro estacionado perto de um shopping na região leste da capital, habitada principalmente por cristãos. Ao menos dez pessoas ficaram feridas.
A explosão de hoje ocorreu após renovados e violentos confrontos entre tropas libanesas e militantes islâmicos no campo de refugiados palestinos Nahr el Bared, em Trípoli (norte). Os confrontos representam a pior luta interna do Líbano desde o fim da guerra civil, em 1990.
Confrontos
Três militares libaneses morreram e vários ficaram feridos mais cedo nesta segunda-feira num ataque do Fatah al Islam a uma posição do Exército ao norte de Nahr al Bared, segundo fontes da segurança.
Antes deste ataque, a agência de notícias Associated Press estimou que cerca de 50 pessoas --entre soldados e integrantes do Fatah al Islam-- haviam morrido nos conflitos desde domingo, sem especificar o número de mortes entre civis. A agência Reuters já contabiliza, após os últimos episódios de violência, um total de 79 mortos --varios deles civis.
Fontes palestinas no campo de refugiados relataram oito mortes entre civis nos combates desta segunda-feira. O número não pode ser confirmado oficialmente porque os serviços de emergência não têm permissão para entrar em Nahr al Bared.
Apoio à população
Segundo Virginia de la Guardia, porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), a violência incessante dificulta o atendimento. "Ontem, o Crescente Vermelho palestino conseguiu entrar duas vezes no campo de refugiados e resgatar seis feridos, mas tiveram de parar por causa dos confrontos", disse ela por telefone de Beirute à Folha Online.
Mohamed Azakir/Reuters |
Membros da Cruz Vermelha atendem ferido após ataque contra campo de refugiados |
Segundo ela, o CICV não possui uma estimativa sobre o número exato de mortos nos confrontos. "Além dos feridos, queremos remover os corpos, mas ainda não conseguimos. Eles estão sendo deixados no local dos confrontos, ninguém os retira", afirma a porta-voz.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha no Líbano coordena a ação com o Crescente Vermelho palestino do lado de fora do campo de refugiados. O grupo ajuda a transportar os feridos até o hospital depois que o CV palestino busca as pessoas dentro de Nahr al Bared.
"Nós também distribuímos kits de suprimentos médicos para os hospitais. Hoje, fomos até a fronteira do campo com três carros, entramos em contato com associações locais e eles buscaram os kits médicos na entrada. Nós não fomos até o interior devido à continuidade dos confrontos. É muito difícil entrar por causa da segurança", acrescentou.
Violência sem precedentes
Após o ataque do Exército libanês, uma coluna de fumaça cobriu a área do campo de refugiados. O novo episódio de violência eclodiu depois que foi estabelecido um cessar-fogo para retirar feridos e levar medicamentos à região, segundo a rede de TV Al Jazeera [Qatar].
Hussein Malla/AP |
Soldado libanês atravessa rua perto da entrada principal de campo de refugiados palestinos |
Tanques cercaram Nahr al Bared, onde vivem cerca de 40 mil refugiados palestinos, enquanto membros do Fatah al Islam, que é acusado de ligação com a rede terrorista Al Qaeda, lançavam granadas e disparavam com armas automáticas, segundo testemunhas.
A violência aponta a fragilidade da segurança no Líbano, ameaçada por tensões políticas e sectárias desde a guerra entre Israel e a milícia xiita Hizbollah, em julho do ano passado.
O governo libanês deveria se reunir nesta segunda-feira para discutir a crise na segurança.
Ameaças
Um porta-voz do Fatah al Islam, Abu Salim, alertou que caso o Exército não cesse os ataques, membros do grupo poderão lançar foguetes e realizar ataques com artilharia, levando os confrontos para "outras regiões fora de Trípoli".
Mohamed Azakir/Reuters |
Membro da força de segurança observa fumaça que cobre campo de refugiados |
O grupo radical nega manter relações com a rede Al Qaeda. Em coletiva de imprensa em março último, o líder do grupo, Shakir al Absi, negou que a organização envie combatentes ao Iraque. "Lutar em nossa terra natal [territórios palestinos] é mais importante", afirmou.
No entanto, no passado, foram apontadas ligações entre Al Absi e Abu Musab al Zarqawi, líder da rede Al Qaeda no Iraque morto em um bombardeio dos EUA em junho de 2006.
Al Absi foi condenado à morte em revelia na Jordânia, ao lado de Al Zarqawi, pelo assassinato de um diplomata americano em Amã, ocorrido em 2002.
Com France Presse, CNN, Reuters e Associated Press
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