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22/05/2007 - 16h30

Líbano pede ajuda aos EUA; comboio da ONU sofre ataque

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da Folha Online

Apesar de uma trégua organizada para permitir o acesso de organizações de ajuda humanitária aos civis no campo de refugiados palestinos Nahr el Bared, no norte do Líbano, um comboio da ONU carregado de suprimentos foi atingido por tiros quando tentava entrar no local nesta terça-feira. Ao menos 15 civis foram atingidos, mas não há informações oficiais sobre o número de mortos.

Mohamed Azakir/Reuters
Comboio da ONU entra no campo de refugiados de Nahr el Bared, no norte do Líbano
Comboio da ONU entra no campo de refugiados de Nahr el Bared, no norte do Líbano
De acordo com a agência France Presse, dois civis morreram; a rede de TV Al Arabiya estimou o número em quatro mortos. Um oficial da ONU afirmou que duas picapes e um caminhão de transporte de água ficaram cercados durante um tiroteio entre militantes islâmicos do grupo radical Fatah al Islam e o Exército libanês, que já estão no terceiro dia de confrontos na região do campo de refugiados.

Um alto oficial do Exército negou ter aberto fogo contra o comboio da ONU e disse que, se o "incidente" aconteceu, a culpa era dos radicais islâmicos. "Nós permitimos que o comboio entrasse no campo. Não atiramos contra eles", disse o oficial, que não quis se identificar.

No entanto, um funcionário da ONU afirmou ter visto militares libaneses atirando contra o caminhão de água. Ele disse que o episódio possivelmente aconteceu por falta de coordenação da operação.

Fuga

Em meio à tensão, milhares de pessoas tentaram fugir hoje do campo Nahr el Bared durante uma pausa nos confrontos.

Nabil Mounzer/Efe
Soldados libaneses aguardam em veículo blindado ao lado de ambulância perto do campo
Soldados libaneses aguardam em veículo blindado ao lado de ambulância perto do campo
A agência Associated Press informou que uma fuga em massa do campo começou por volta das 21h.

Oficiais de ajuda humanitária da ONU que estavam em outro campo ao sul de Trípoli (onde fica Nahr el Bared) estimaram que cerca de 10 mil refugiados palestinos chegarão ao local na noite de hoje.

Em imagens de TVs locais, refugiados foram vistos agitando toalhas brancas de janelas ou mesmo sacos plásticos brancos, sinalizando que não são combatentes.

Ajuda militar

Ainda hoje, o Líbano pediu mais ajuda militar aos Estados Unidos, informou o Departamento de Estado americano. "Neste momento estamos considerando um pedido de mais assistência feito pelo governo libanês. As Forças Armadas do Líbano estão envolvidas em uma luta dura contra um grupo brutal de extremistas violentos", disse o porta-voz do departamento, Sean McCormack.

Nabil Mounzer/Efe
Soldados do Líbano passam por posto de controle na entrada do campo de Nahr el Bared
Soldados do Líbano passam por posto de controle na entrada do campo de Nahr el Bared
Ele não informou o valor da ajuda pedida, mas disse que a requisição foi feita nos últimos dias. No último ano, os EUA forneceram cerca de US$ 40 milhões em assistência militar ao Líbano, segundo a Reuters. Os fundos seriam utilizados para a compra de armas, munição, veículos e equipamento militar, assim como no financiamento de treinamento militar.

McCormack disse ainda que o Fatah al Islam, acusado de ter vínculos com a rede terrorista Al Qaeda, é um grupo "muito brutal", e que as forças de segurança do Líbano estão fazendo um trabalho "valioso" ao lutarem contra ele.

Anteriormente, o governo do presidente dos EUA, George W. Bush, pediu ao Congresso US$ 280 milhões em assistência militar adicional para o Líbano, mas a verba ainda não foi aprovada. O pedido feito nesta semana pelo governo libanês não está ligado aos fundos solicitados ao Congresso por Bush.

Crise

Os combates no campo de refugiados, que já duram três dias, são os piores enfrentamentos internos no Líbano desde o final da guerra civil, em 1990.

Os enfrentamentos são reflexo da determinação do governo do premiê, Fouad Siniora, de deter o grupo radical Fatah al Islam, acusado de realizar diversos ataques contra tropas do Líbano desde domingo (20).

Até a manhã de hoje, a agência de notícias Associated Press estimou que cerca de 50 pessoas --entre soldados e membros do Fatah al Islam-- morreram nos conflitos desde domingo, sem especificar o número de mortes entre civis. A agência Reuters já contabiliza, após os últimos episódios de violência, um total de 79 mortos --vários deles civis.

O mufti Salim Lababidi, líder espiritual sunita de muitos palestinos no Líbano, afirmou que os bombardeios mataram cerca de cem civis. "Havia milhares de maneiras de deter o Fatah al Islam (...). Há outras maneiras que não essa", disse ele à rede de TV Al Jazira.

Moradores

Mais de 30 mil palestinos vivem em Nahr el Bared, um dos mais de 12 campos de refugiados que abrigam 215 mil pessoas de um total de 400 mil palestinos que vivem no Líbano.

AP
Membros da Cruz Vermelha libanesa socorrem palestino ferido em confronto
Membros da Cruz Vermelha libanesa socorrem palestino ferido em confronto
Autoridades libaneses não têm permissão para entrar nos campos, segundo um acordo com o governo da Autoridade Nacional Palestinas (ANP), que data de mais de 40 anos.

Moradores saíram às ruas para checar os estragos causados pela violência.

"O que eles [o Exército] pensa que está fazendo? Eles acham que estão lutando contra o Exército de Israel?", questionou o morador Mahmoud Tayyar.

"Nós já vimos muitas guerras, mas nunca bombardeios como esses. Áreas inteiras foram destruídas", disse Jamal Laila, 40, por telefone à agência Reuters.

"Crianças estão sem água e sem leite. Por causa de dez ou 20 pessoas, um campo inteiro está sendo massacrado", disse ela aos prantos à Reuters.

Ameaças

Um porta-voz do Fatah al Islam, Abu Salim, alertou que caso o Exército não cesse os ataques, membros do grupo poderão lançar foguetes e realizar ataques com artilharia, levando os confrontos para "outras regiões fora de Trípoli".

"É uma batalha de vida ou morte. O objetivo [do Exército] é destruir o Fatah al Islam. Nós responderemos, e sabemos como fazer isso", disse Salim à Associated Press.

O grupo radical nega manter relações com a rede Al Qaeda. Em coletiva de imprensa em março último, o líder do grupo, Shakir al Absi, negou que a organização envie combatentes ao Iraque. "Lutar em nossa terra natal [territórios palestinos] é mais importante", afirmou.

No entanto, no passado, foram apontadas ligações entre Al Absi e Abu Musab al Zarqawi, líder da rede Al Qaeda no Iraque morto em um bombardeio dos EUA em junho de 2006.

Al Absi foi condenado à morte em revelia na Jordânia, ao lado de Al Zarqawi, pelo assassinato de um diplomata americano em Amã, ocorrido em 2002.

Com France Presse, Reuters e Associated Press

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