Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
24/05/2007 - 08h29

Líbano promete erradicar terrorismo; Exército cerca grupo radical

Publicidade

da Folha Online

O premiê libanês, Fouad Siniora, afirmou nesta quinta-feira que irá erradicar o terrorismo, enquanto confrontos continuam no campo de refugiados de Nahr el Bared, em Trípoli (norte), onde o grupo radical Fatah al Islam está cercado e se recusa a se render.

Integrantes do grupo extremista, que é acusado de manter ligações com a Al Qaeda, rejeitaram ontem um ultimato do ministro da Defesa do Líbano e prometeram resistir a qualquer ataque do Exército, elevando temores de que a violência se intensifique no país.

O campo é o principal palco dos combates com o grupo radical, que já deixaram mais de 80 mortos desde o último domingo (20).

Em discurso exibido na TV libanesa, Siniora afirmou que o Fatah al Islam é uma "organização terrorista, e acusou o grupo de tentar usar o "sofrimento e a luta do povo palestino".

Hussein Malla/AP
Exército libanês faz entrega de medicamentos a civis em campo de refugiados no norte
Exército libanês faz entrega de medicamentos a civis em campo de refugiados no norte
"Nós trabalharemos para erradicar e derrotar o terrorismo, mas protegeremos nossos irmãos nos campos", afirmou Siniora, reforçando que os combates não se dirigem aos cerca de 400 mil palestinos que vivem em campos de refugiados em todo o Líbano.

Suas declarações ocorrem um dia depois que o ministro da Defesa libanês, Elias Murr, fez um ultimato ao Fatah al Islam, dizendo que eles deveriam se render ao Exército .

"Preparações estão sendo feitas com seriedade para pôr um fim a esta situação", disse Murr nesta quarta-feira. "O Exército não vai negociar um grupo de terroristas e criminosos. Seu destino é a prisão ou, se eles resistirem, a morte", completou.

Membros do Fatah al Islam dizem estar "prontos para o combate". "Nós não deixaremos estes porcos nos derrotarem", disse um dos combatentes, que carregava granadas e se identificou com o pseudônimo Abu Jaafar, à agência de notícias Associated Press.

Outro membro do grupo disse que os radicais tentavam negociar um cessar-fogo com o Exército. Não se sabe ao certo quantos integrantes do Fatah al Islam estão no campo de refugiados, mas alguns líderes da organização calculam em cerca de 500 homens.

Vítimas

Segundo Murr, ao menos 30 soldados libaneses morreram nos confrontos, além de cerca de 60 radicais --entre eles, combatentes do Líbano, da Jordânia, da Síria e da Arábia Saudita. Um líder do Fatah al Islam afirmou, no entanto, que apenas cerca de dez homens morreram.

Agências de ajuda da ONU disseram ao menos 20 corpos de civis foram retirados do campo.

O Conselho de Segurança da ONU condenou os ataques do Fatah al Islam, dizendo que eles são uma tentativa de "minar a estabilidade, a segurança e a soberania" do Líbano.

A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, também demonstrou apoio ao governo libanês, dizendo que "com a determinação que vem mostrando, saberão resolver a situação".

O Líbano possui 12 campos de refugiados, onde vivem milhares de palestinos que enfrentam problemas como a pobreza e a superlotação.

O Exército libanês não tem permissão para entrar nos campos, segundo um acordo com a Autoridade Nacional Palestina (ANP) que data de 1969.

Explosões

No último sinal de que a luta pode se estender para fora das fronteiras de Nahr el Bared, uma bomba atingiu nesta quarta-feira a vila drusa de Aley, ao leste de Beirute. De acordo com os serviços de segurança locais, ao menos cinco pessoas ficaram feridas na explosão, que danificou lojas e casas próximas.

Mahmoud Tawil/AP
Libanês observa estrago em sua casa após explosão na cidade drusa de Aley (sul)
Libanês observa estrago em sua casa após explosão na cidade drusa de Aley (sul)
Policiais no local afirmaram que a bomba estava escondida em uma mala na entrada de um prédio a 200 metros do principal prédio governamental da cidade. Carros estacionados, cabos elétricos e paredes de construções foram arrasados na explosão.

A explosão sacudiu Aley por volta das 21h (15h de Brasília), e foi ouvida até a costa mediterrânea de Beirute, segundo a TV local. A autoria do ataque ainda não é conhecida.

Duas explosões, domingo e segunda-feira (21), mataram uma mulher e deixaram mais de 20 feridos em dois bairros diferentes de Beirute. A autoria das explosões não foi reivindicada por nenhum grupo, apesar dos contínuos confrontos.

Fuga

Apesar do sucesso parcial de um cessar-fogo que acalmou os enfrentamentos entre as duas partes nesta quarta-feira, parte dos 40 mil palestinos que vivem no campo de refugiados de Nahr el Bared, em Trípoli (norte do Líbano), deixaram o local.

Hussein Malla/AP
Civis palestinos deixam campo de refugiados em caminhão para fugir de violência no Líbano
Civis palestinos deixam campo de refugiados em caminhão para fugir de violência no Líbano
A violência diminuiu após um cessar-fogo informal decretado na tarde de ontem. Os confrontos, os piores enfrentamentos internos desde o final da Guerra Civil (1975-1990), mataram ao menos 81 pessoas-- 22 membros do grupo radical, 32 soldados e 27 civis--, de acordo com a agência de notícias Reuters.

Os palestinos que deixaram suas casas nesta quarta-feira descreveram cenas de violência. "Todas as casas foram destruídas. Estamos indo embora e não sabemos o que será de nós", disse Nizar Sharaf, 35, à agência Reuters. Ele carregava no colo o filho de quatro anos.

"Estou assustado, sinto como se estivesse morrendo", disse Radi Rabbani, 55, que recebia alimentos distribuídos por equipes humanitárias no campo de Beddawi, onde muitos moradores de Nahr el Bared procuraram abrigo.

Com France Presse, Reuters, Efe e Associated Press

Leia mais
  • Radicais rejeitam rendição e medo de ataques cresce no Líbano
  • Saiba mais sobre o grupo radical islâmico Fatah al Islam
  • Síria nega ligação com grupo radical islâmico no Líbano
  • EUA apóiam ataque a campo de refugiados no Líbano
  • Confrontos entre Exército e rebeldes matam 8 civis no Líbano
  • Entenda a crise do Líbano

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o Líbano
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página