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05/11/2000 - 11h43

Economia dos EUA vai bem, mas não ajuda Gore

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MARCIO AITH
da Folha de S.Paulo

No ano passado, o vice-presidente dos EUA, Al Gore, entrou na campanha eleitoral à sucessão de Bill Clinton como o subcomandante político do maior período de expansão econômica da história do país.

O candidato democrata esperava que a menor taxa de desemprego dos últimos 20 anos, a revolução da Internet e o boom recorde das Bolsas o elegessem sem maiores turbulências.

A história também contava a seu favor. Na única vez em que um candidato governista perdeu a Casa Branca num período de expansão econômica (Hubert Humphrey para Richard Nixon, em 1968), o assunto que monopolizou a campanha foi a Guerra do Vietnã, não a economia.

No entanto o caminho não foi suave para Gore. Pesquisas e análises mostram que ele não conseguiu se beneficiar eleitoralmente da prosperidade.

A dois dias das eleições, ele corre o risco de perdê-la para o governador republicano do Texas, George W. Bush, numa campanha que, ao contrário da de 1968, não teve temas suficientemente fortes para ofuscar a bandeira da prosperidade.

Personalidade
As razões para o aparente fracasso de Gore ainda são incertas. Sabe-se que, para parte da população, não foi o Executivo, mas sim o presidente do Fed (banco central norte-americano), Alan Greenspan, quem produziu a prosperidade.

Para outros, a prosperidade é importante, mas a personalidade do candidato é mais importante na hora do voto. E eles preferem a de Bush.
As pesquisas indicam que, embora vejam Gore como mais preparado intelectualmente, os eleitores norte-americanos acham Bush mais autêntico e confiam mais no candidato republicano.

"Frases infelizes de Gore, como aquela em que disse ter inventado a Internet, firmaram sua imagem como a de alguém querendo ser o que não é", disse Charles Jones, pesquisador do Instituto Brookings, em Washington, e professor de ciência política da Universidade de Wisconsin.

"Além disso, não estamos mais vivendo nas cavernas. As pessoas sabem que o governo não foi o único responsável pela prosperidade", afirmou ele.

"A TV e a Internet revelaram a existência de pessoas como Greenspan, que tem a chave do dinheiro no Fed, e Bill Gates (da Microsoft), que simboliza a tecnologia e a produtividade. Por que, na cabeça dos eleitores, Gore e Clinton seriam os únicos pais da prosperidade?", indagou ele.

Bush como ameaça
Ao longo dos 18 meses de campanha, Gore manteve o discurso, mas mudou ligeiramente sua tática eleitoral ao constatar que a prosperidade não lhe trazia benefícios automáticos. Junto com outros democratas notórios, passou a dizer que, independentemente dos responsáveis pela prosperidade, Bush a destruirá se eleito.

"Vocês se lembram dos tempos de déficits orçamentários e de desemprego alto da década de 80? Pois é isso o que Bush trará de volta para vocês", disse Gore em um comício no Estado de Missouri.

"O momento de prosperidade não seria possível sem a responsabilidade política ou a disciplina fiscal que perseguimos nos últimos sete anos e meio", afirmou o secretário do Tesouro dos EUA, Lawrence Summers, na Universidade de Chicago.

Segundo os democratas, as propostas de Bush para privatizar parcialmente o Seguro Social e cortar impostos destruiriam a prosperidade porque desajustariam as contas públicas.

Robert Zoelick, assessor de Bush, disse à Folha que a nova tática de Gore não irá alterar o voto do eleitor. "Não há nada no programa de Bush que coloque em risco a prosperidade."



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