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05/11/2000
-
12h01
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Folha de S.Paulo
Muita gente pode ainda achar que não há grandes diferenças entre George W. Bush e Al Gore. Mas ninguém duvida que Laura Bush e Tipper Gore sejam duas espécies completamente distintas de possíveis primeiras-damas.
A função pode não ser politicamente relevante. Na verdade, nem existe sob a lei do país. Mas a primeira-dama tem sido objeto da curiosidade e da crítica públicas, ainda mais depois da passagem de Hillary Clinton pela Casa Branca, desde 1992.
Hillary, que na terça-feira enfrenta as urnas como candidata ao Senado por Nova York, não foi apenas a primeira mulher de presidente a concorrer a um cargo público na história do país.
Foi também a primeira a desempenhar funções políticas e até administrativas de forma ostensiva (outras antes fizeram o mesmo, mas de maneira discreta).
Laura Bush, com certeza, não seguirá esse modelo. Poucas mulheres de políticos de projeção nacional têm sido tão discretas como ela. Mas Tipper Gore é capaz de atuar como Hillary. Voluntariosa, idiossincrática, ela já esteve em alguns momentos da vida do casal sob publicidade mais intensa do que o marido.
Foi nos anos 80, quando Al era senador e ela liderava uma campanha nacional contra a pornografia nas letras de músicas, o que lhe rendeu a ira de roqueiros do porte de Frank Zappa.
Depois da repercussão intensa de sua cruzada (que não produziu resultado nenhum além de transformá-la em personagem nacional), Tipper recuou.
Nos últimos anos, tem sido famosa apenas pelas fotografias que faz durante as viagens ou campanhas do marido e pelas festas de Halloween que promovia (este ano, não o fez) na mansão do vice-presidente, na avenida Massachusetts, em Washington.
Laura Bush, bibliotecária, não tem perfil público. Faz questão de se manter à margem do jogo político. Criou suas filhas, gêmeas (agora com 18 anos), sem que os meios de comunicação as perseguissem. Se chegar à Casa Branca, deve imitar a sogra, Barbara Bush, até hoje a mais admirada primeira-dama do país.
No entanto, a vitória de Bush não livrará os Estados Unidos de mulheres polêmicas nas cercanias do poder. Lyne Chenney, a mulher de Dick Chenney, candidato à Vice-Presidência de Bush, é do tipo Hillary. Só que pela direita.
Uma das mais ardorosas conservadoras do cenário público atual, no governo de George Bush (1989-1993) foi presidente do National Endownment for the Arts, uma espécie de comissão de cultura, que tem poder para dar verbas federais a projetos artísticos.
Causou celeuma com suas decisões que, com frequência, chegaram muito próximo da fronteira da censura. Com certeza, vai querer algum cargo na administração do jovem Bush.
Hadassah Lieberman, a mulher do senador Joseph Lieberman, companheiro de chapa de Gore, segue a linha discreta.
Carlos Eduardo Lins da Silva é diretor-adjunto de Redação do jornal "Valor"
Leia mais no especial Eleições nos EUA.
Leia mais notícias internacionais na Folha Online
Mulher de Gore é atuante, e a de Bush é discreta como a sogra
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Muita gente pode ainda achar que não há grandes diferenças entre George W. Bush e Al Gore. Mas ninguém duvida que Laura Bush e Tipper Gore sejam duas espécies completamente distintas de possíveis primeiras-damas.
A função pode não ser politicamente relevante. Na verdade, nem existe sob a lei do país. Mas a primeira-dama tem sido objeto da curiosidade e da crítica públicas, ainda mais depois da passagem de Hillary Clinton pela Casa Branca, desde 1992.
Hillary, que na terça-feira enfrenta as urnas como candidata ao Senado por Nova York, não foi apenas a primeira mulher de presidente a concorrer a um cargo público na história do país.
Foi também a primeira a desempenhar funções políticas e até administrativas de forma ostensiva (outras antes fizeram o mesmo, mas de maneira discreta).
Laura Bush, com certeza, não seguirá esse modelo. Poucas mulheres de políticos de projeção nacional têm sido tão discretas como ela. Mas Tipper Gore é capaz de atuar como Hillary. Voluntariosa, idiossincrática, ela já esteve em alguns momentos da vida do casal sob publicidade mais intensa do que o marido.
Foi nos anos 80, quando Al era senador e ela liderava uma campanha nacional contra a pornografia nas letras de músicas, o que lhe rendeu a ira de roqueiros do porte de Frank Zappa.
Depois da repercussão intensa de sua cruzada (que não produziu resultado nenhum além de transformá-la em personagem nacional), Tipper recuou.
Nos últimos anos, tem sido famosa apenas pelas fotografias que faz durante as viagens ou campanhas do marido e pelas festas de Halloween que promovia (este ano, não o fez) na mansão do vice-presidente, na avenida Massachusetts, em Washington.
Laura Bush, bibliotecária, não tem perfil público. Faz questão de se manter à margem do jogo político. Criou suas filhas, gêmeas (agora com 18 anos), sem que os meios de comunicação as perseguissem. Se chegar à Casa Branca, deve imitar a sogra, Barbara Bush, até hoje a mais admirada primeira-dama do país.
No entanto, a vitória de Bush não livrará os Estados Unidos de mulheres polêmicas nas cercanias do poder. Lyne Chenney, a mulher de Dick Chenney, candidato à Vice-Presidência de Bush, é do tipo Hillary. Só que pela direita.
Uma das mais ardorosas conservadoras do cenário público atual, no governo de George Bush (1989-1993) foi presidente do National Endownment for the Arts, uma espécie de comissão de cultura, que tem poder para dar verbas federais a projetos artísticos.
Causou celeuma com suas decisões que, com frequência, chegaram muito próximo da fronteira da censura. Com certeza, vai querer algum cargo na administração do jovem Bush.
Hadassah Lieberman, a mulher do senador Joseph Lieberman, companheiro de chapa de Gore, segue a linha discreta.
Carlos Eduardo Lins da Silva é diretor-adjunto de Redação do jornal "Valor"
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