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06/11/2000 - 08h00

Plataforma republicana prioriza Brasil e Alca; a dos democratas, não

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MARCIO AITH
da Folha de S.Paulo

As visões sobre a América Latina dos candidatos democrata, Al Gore, e republicano, George W. Bush, foram construídas ao longo da campanha por interesses comerciais, visões pessoais de assessores e pelo contexto político.

Gore e Bush têm visões distintas sobre a velocidade de implementação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e sugerem abordagens diferentes sobre protecionismo, mas concordam em manter o Plano Colômbia e o embargo à Cuba.

A plataforma democrata não menciona a Alca, o Brasil ou o Mercosul como prioridades, embora pregue o aumento do comércio dos EUA na região.

Gore diz defender a Alca, mas reconhece que a velocidade de sua implementação "depende de um amplo consenso", que terá de ser formado com associações ambientais e sindicatos de trabalhadores -justamente as entidades que formam a base política dos democratas e que rejeitam o avanço da integração econômica.

Seis dos dez maiores financiadores de campanhas de Gore entre 1990 e 1999 foram confederações de trabalhadores que tradicionalmente se opõem ao comércio livre.

Já a plataforma republicana diz que o ritmo político da Alca será definido pelo próprio presidente. Bush promete aprovar o "fast-track" (autorização dos parlamentares para que o presidente negocie acordos comerciais, sem ter de submetê-los à aprovação pontual do Congresso) nos três primeiros meses de governo.

A base de apoio financeiro de Bush é formada por grandes empresas instaladas na América Latina. O maior financiador de toda a carreira política de Bush é a Enron, principal empresa norte-americana nas áreas de transporte e venda de gás natural, com investimentos acumulados no Brasil de cerca de US$ 3 bilhões.

Outro financiador histórico de Bush é o grupo Hicks, Muse, Tate & Furst Incorporated, que comprou o departamento de futebol do Corinthians em 1999 e entrou com força no mercado de publicidade nos estádios brasileiros.

A aprovação do "fast-track" é vista pelos países latino-americanos como requisito para que a Alca seja levada a sério. Governos envolvidos estabeleceram 2005 como prazo final para as negociações da Alca, mas o Brasil e os EUA, que se acusam mutuamente de falta de empenho, admitem que haverá atraso.

Gore propõe ainda a inclusão de padrões ambientais, sociais e de direitos humanos não só como critérios de organismos como a OMC (Organização Mundial do Comércio), mas também como requisitos para que instituições como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Bird (Banco Mundial) forneçam empréstimos. Bush rejeita expressamente a inclusão dessas cláusulas.

Países como Brasil e China temem que cláusulas sociais e ambientais sejam usadas pelos EUA como desculpa protecionista (poderiam barrar produtos alegando violações ambientais nos países de origem) ou como instrumento para vencer disputas comercias com países emergentes.

Os programas indicam métodos diversos para combater o que ambos consideram como uma recaída autoritária na América Latina -que teria sido comprovada por episódios recentes no Peru, Venezuela, Equador e Paraguai.

Bush considera a expansão do comércio como o único instrumento viável para reduzir o risco autoritário. Ele acredita que os EUA devem parar de ser "a polícia global". Já Gore elogia a intervenção dos EUA em Kosovo e sugere ações semelhantes quando e onde forem necessárias.

Os dois condenam o regime de Fidel Castro e condicionam o levantamento do embargo a Cuba ao fim de seu regime. Ambos defendem a ajuda militar e financeira à Colômbia.

Por meio de Thomas McLarty (assessor de Gore para a América Latina) e de Richard Cheney (candidato a vice republicano), os dois candidatos têm conhecimentos específicos sobre o Brasil.

Como assessor empresarial, McLarty representa empresas energéticas e automobilísticas sediadas no Brasil. Ele fez ao menos uma dezena de viagens ao país nos últimos dois anos. Seu filho é empresário em São Paulo.

Já Cheney comandou pessoalmente, quando presidente da Halliburton Company (a maior empresa do mundo em serviços ligados à prospecção de petróleo), as negociações para a conquista de uma licitação de US$ 2,5 bilhões para a exploração de poços de petróleo na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro.


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