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06/11/2000 - 21h37

Para analistas, vitória de Bush favorece a América Latina

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da Reuters
em Washington

As perspectivas comerciais da América Latina no mercado dos Estados Unidos serão boas se o republicano George W. Bush derrotar o democrata Al Gore na eleição presidencial de amanhã, segundo opiniões de analistas.

A polêmica política de apoio militar à luta contra o narcotráfico e seus aliados guerrilheiros na Colômbia não mudará, ainda que Bush seja menos disposto a enviar tropas.

As mudanças na política em relação a Cuba são mais prováveis com Bush, já que Gore teria um vice muito ligado aos exilados cubanos em Miami.

Seja quem for o sucessor de Bill Clinton, as relações entre o México e os Estados Unidos continuariam estreitando-se, ainda que o presidente eleito do país, Vicente Fox, seja mais simpático a Bush.

A abertura do livre comércio com a América Latina diminuiu com Clinton, que não conseguiu autorização do Congresso para negociar produtos por meio da ``via rápida'' (fast track). Até membros de seu próprio partido votaram contra.

Os republicanos acusam os democratas de desperdiçar boas oportunidades na região por não cumprir as promessas de livre comércio, como foi o caso do Chile.

Como resultado, o Brasil preencheu o vazio de liderança deixado por Washington e a América do Sul voltou seus olhos para a Europa.

Se vencer, Gore terá dívidas políticas com sindicatos, o que dificultaria a obtenção de aval do Congresso para acordos comerciais.

Além disso, é favorável à inclusão de cláusulas sobre defesa do meio ambiente e de direitos trabalhistas nos acordos. Isso só serviria para atrapalhar mais ainda as estancadas negociações da Alca (Área de Livre Comércio da América).

Bush prometeu revitalizar as negociações e pedir o ``fast track'' ao Congresso de imediato, antes da próxima reunião presidencial das Américas, no mês de abril, em Quebec.

``Bush disse que a América Latina e a Alca serão prioridades em seu governo. Não há razão para acreditar que Gore também agiria assim'', disse Normal Bailey, especialista sobre a região.

Muita coisa depende do Congresso. Se os republicanos mantiverem o controle das duas câmaras, o panorama para a Alca ficará melhor.

A decisão de aumentar dramaticamente a ajuda militar para a Colômbia não mudará, apesar da rejeição dos países da América Latina que temem herdar o narcotráfico e refugiados.

O plano tem apoio de republicanos e democratas. Os primeiros pediram a ajuda. Clinton ativou na prática.

Ao mesmo tempo em que promete reconstruir o poderio militar dos Estados Unidos, Bush quer retirar dos Bálcãs os 11,4 mil soldados norte-americanos que estão na Bósnia e em Kosovo.

Na campanha, e durante o drama do menino cubano Elián González, Gore adotou posições duras contra Cuba, rompendo com a política de Clinton de fomentar uma aproximação gradual.

Se ganhar, seu vice-presidente, Joseph Lieberman, senador judeu que recebeu importantes doações da Fundação Nacional Cubano Americana, reforçará essa linha.

``Lieberman votou repetidas vezes a favor de endurecer o embargo comercial contra Cuba'', disse Pamela Falk, especialista em assuntos latino-americanos da City University, de Nova York.

O irmão de Bush, Jeb, é governador da Flórida, Estado com ampla população oriunda de Cuba. Falk sustenta que os republicanos são mais capazes de conseguir mudanças no embargo e o companheiro de chapa de Bush, Dick Cheney, foi favorável ao aumento do comércio com Cuba.

Ambos analistas disseram que Bush, governador do Texas por quase seis anos, será mais sensível aos problemas de fronteira que complicam as relações entre o México e os Estados Unidos.

O fato de falar melhor o espanhol, ter uma cunhada mexicana (Columba, esposa de Jeb) e conhecer o México facilitariam a relação entre Bush e o presidente eleito Fox.

O republicano estaria mais disposto a cooperar na luta contra o narcotráfico na fronteira, disse Falk.

Também apoia os programas de trabalho temporário para imigrantes no setor agrícola. Devido aos laços com sindicatos, Gore se opõe.

``Não me resta a menor dúvida de que Bush dará mais prioridade à América Latina'', disse Falk, uma democrata, ao lembrar que ele foi o único candidato que dedicou um discurso inteiro a sua eventual política para ao continente.

``Para Bush, Estados Unidos e América Latina são um par na pista de dança'', disse.

  • Leia mais no especial Eleições nos EUA.
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