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07/11/2000 - 08h54

Democrata foi programado para ocupar a Presidência dos EUA

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PATRICE DE BEER
do "LE MONDE"
da Folha de S.Paulo

Al Gore, 52, o candidato democrata à Presidência dos EUA, foi programado para ocupar o posto mais alto da Casa Branca desde seu nascimento.

Estudante regular, Gore sempre se orientou pelo sentido de dever familiar (seu pai, Albert Gore, foi deputado e senador) e por sua própria ambição. Gore "pai" e Pauline LaFon, sua mãe, encarregaram-se de sua educação.

O pai apresentou-o ao mundo do poder (Washington) e o fez trabalhar na fazenda familiar em Carthage, no Estado do Tennessee. Sua mãe lhe ensinou as virtudes da persuasão e da paciência.

Uma única vez, Gore foi obrigado a enfrentar seus pais: quando se uniu a Tipper, uma ex-colega de colegial - com quem se casou depois de fazer seus estudos na Universidade Harvard (nordeste dos EUA). Eles têm três filhas e um filho, Albert 3º. Karenna, a mais velha, trabalha com ele.

Gore conquistou autonomia nos anos 70. Porém, para ajudar seu pai, que enfrentava dificuldades para se reeleger em 1970, ele se alistou. Assim, passou alguns meses no Vietnã, como correspondente de guerra.

Essa experiência marcaria o futuro de Gore. Desanimado com a política durante algum tempo, tornou-se repórter do jornal "The Nashville Tennessean". Depois, em 1976, deixou-se contaminar pelo "vírus familiar" e foi eleito deputado pelo Tennessee.

Tendo aprendido com os erros de seu pai, Gore soube evitar posições políticas que pudessem prejudicá-lo em eleições futuras e cuidou de sua imagem junto à imprensa norte-americana.

O jovem deputado sulista soube, portanto, moderar seu discurso sobre a regulamentação de armas de fogo, tornar-se mais tolerante em relação ao aborto, romper com o lobby da indústria do tabaco e juntar-se ao campo dos novos democratas. Ganhou notoriedade graças a sua atuação em defesa do ambiente e do controle da proliferação internacional de armamentos.

Em 1982, foi eleito senador. "É apenas o começo", declarou a seu mentor em Harvard, Martin Peretz, à época. E, desde 1987, lançou-se na corrida pela indicação do Partido Democrata à Presidência. Assim, conseguiu tornar-se vice de Bill Clinton em 1992.

Quantos norte-americanos, no entanto, associam-no à prosperidade dos anos de Clinton na Casa Branca? Os eleitores dos EUA conhecem Gore como um bom debatedor e apreciam seu respeito aos valores familiares e religiosos.

Também gostam de outras idéias que o atual vice defende: maior proteção social para crianças, doentes e velhos, maior controle de venda e posse de armas de fogo etc.

Entretanto o programa democrata parece bem mais popular que o candidato do partido, que, apesar de conhecer os temas importantes, tem pouco carisma.

Durante o governo de George Bush (1989-1993), Gore se distanciou da maioria de seu partido e votou a favor da Guerra do Golfo (1991). Afinal, Gore, além de ser especialista em política externa, é contrário ao isolacionismo.

Em 1992, Clinton o escolheu para sua chapa. Gore tornou-se, então, o vice mais ativo da história dos Estados Unidos.

Encarregou-se das relações com Moscou, da "diminuição" dos quadros governamentais e do ambiente. Os dois foram reeleitos sem dificuldades em 1996, e Gore transformou-se no provável "herdeiro" de Clinton.

Chocado e magoado com Clinton em razão do caso Monica Lewinsky, o atual vice não escondeu sua decepção, apesar de ter apoiado até o fim aquele que chamou de "um dos maiores presidentes da história dos EUA".

Afinal, Gore utiliza o triunfo econômico alcançado pela administração de Clinton para prometer aos eleitores dos EUA que o milagre norte-americano terá continuidade, caso ele seja eleito presidente do país.


  • Leia mais no especial Eleições nos EUA.
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