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10/11/2000
-
08h05
da Reuters
Como intitular-se o país líder do mundo livre se seu sistema eleitoral está um fiasco? Acostumadas a receber aulas de democracia dos norte-americanos, vozes de outros países afirmam que os EUA deveriam remodelar sua constituição política. E não deixaram de rir do impasse eleitoral.
Políticos, especialistas e jornais do mundo inteiro dizem que o sistema pelo qual um candidato pode ganhar a maioria dos votos populares, enquanto outro ganha a eleição é algo completamente inadequado para o século 21.
"É muito estúpido. O sistema eleitoral norte-americano precisa modernizar-se", disse Boris Nemtsov, líder do Partido Liberal russo e ex-vice-premiê do país, homem que já recebeu muitos conselhos dos EUA sobre a construção democrática.
"Acredito que os norte-americanos serão forçados a aprovar melhorias no Congresso para mudar o Colégio Eleitoral e construir um sistema que permita eleições diretas. Aí eles poderão alcançar a Rússia, onde o sistema eleitoral é muito melhor nesse aspecto", disse Nemtsov.
O próprio presidente do país, Vladimir Putin, não resistiu à tentação de dar uma lição de democracia nos EUA e enviou ao país o presidente de sua Comissão Eleitoral Central, Alexandr Veshniakov, "para que ajude seus colegas norte-americanos a atuar na difícil posição em que se encontram".
Veshniakov observou o processo de recontagem de votos e declarou: "Nossas eleições presidenciais se desenvolvem de forma mais democrática e são mais fáceis de serem entendidas".
"República de Bananas" foi o título do editorial do jornal cubano "Granma", que ridiculariza a confusão gerada nas eleições. O diário italiano "La Repubblica" dá um título similar: "Um Dia Como Uma República de Bananas".
O ditador Fidel Castro não deu muita atenção às eleições e disse na terça-feira: "Farei hoje o que a maioria dos norte-americanos faz no dia de suas eleições presidenciais: irei à praia".
O presidente da Comissão Européia, Romano Prodi, disse em uma conferência que realizava em Kiev: "É quase inacreditável. São cerca de 200 milhões de eleitores e a decisão acaba sendo tomada por poucas centenas de pessoas. A vida é realmente complicada".
Um sistema criado em 1787 deu início ao Colégio Eleitoral, formado por representantes de cada Estado da Federação norte-americana que elegem o presidente. O candidato vencedor de um Estado leva todos os votos do Estado, menos em Maine e Nebraska, onde os votos são divididos.
"Graças a Deus não temos um sistema desses na Rússia! Por sermos uma democracia pouco madura, ele seria completamente improdutivo e poderia causar verdadeiros desastres", disse Sergei Karaganov, do Instituto da Europa.
"Dois dias após a votação, a mais poderosa nação do mundo não é capaz de dizer aos seus cidadãos quem será seu próximo presidente", resumiu o jornal italiano "Il Messaggero".
Franco Modigliani, italiano prêmio Nobel da economia, afirmou que os norte-americanos "têm a grande oportunidade, que não deveria ser perdida, de finalmente abolir o Colégio Eleitoral".
Um experiente diplomata ocidental disse que o sistema eleitoral dos EUA "poderia provavelmente ser classificado em algum lugar após o do Azerbaijão".
Wichard Woyke, um cientista político da Universidade alemã de Muenster disse: "Os EUA deveriam estar acostumados com esses impasses eleitorais, foram dois no último século e, em ambos os casos, o candidato foi aceito pelo povo e fez um bom governo".
"Os limites da democracia devem ser aceitos, mas pequenas mudanças podem ser feitas", disse Dominique Moisi, do Instituto Francês de Relações Exteriores.
Leia mais no especial Eleições nos EUA.
Resto do mundo satiriza eleição dos EUA
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Como intitular-se o país líder do mundo livre se seu sistema eleitoral está um fiasco? Acostumadas a receber aulas de democracia dos norte-americanos, vozes de outros países afirmam que os EUA deveriam remodelar sua constituição política. E não deixaram de rir do impasse eleitoral.
Políticos, especialistas e jornais do mundo inteiro dizem que o sistema pelo qual um candidato pode ganhar a maioria dos votos populares, enquanto outro ganha a eleição é algo completamente inadequado para o século 21.
"É muito estúpido. O sistema eleitoral norte-americano precisa modernizar-se", disse Boris Nemtsov, líder do Partido Liberal russo e ex-vice-premiê do país, homem que já recebeu muitos conselhos dos EUA sobre a construção democrática.
"Acredito que os norte-americanos serão forçados a aprovar melhorias no Congresso para mudar o Colégio Eleitoral e construir um sistema que permita eleições diretas. Aí eles poderão alcançar a Rússia, onde o sistema eleitoral é muito melhor nesse aspecto", disse Nemtsov.
O próprio presidente do país, Vladimir Putin, não resistiu à tentação de dar uma lição de democracia nos EUA e enviou ao país o presidente de sua Comissão Eleitoral Central, Alexandr Veshniakov, "para que ajude seus colegas norte-americanos a atuar na difícil posição em que se encontram".
Veshniakov observou o processo de recontagem de votos e declarou: "Nossas eleições presidenciais se desenvolvem de forma mais democrática e são mais fáceis de serem entendidas".
"República de Bananas" foi o título do editorial do jornal cubano "Granma", que ridiculariza a confusão gerada nas eleições. O diário italiano "La Repubblica" dá um título similar: "Um Dia Como Uma República de Bananas".
O ditador Fidel Castro não deu muita atenção às eleições e disse na terça-feira: "Farei hoje o que a maioria dos norte-americanos faz no dia de suas eleições presidenciais: irei à praia".
O presidente da Comissão Européia, Romano Prodi, disse em uma conferência que realizava em Kiev: "É quase inacreditável. São cerca de 200 milhões de eleitores e a decisão acaba sendo tomada por poucas centenas de pessoas. A vida é realmente complicada".
Um sistema criado em 1787 deu início ao Colégio Eleitoral, formado por representantes de cada Estado da Federação norte-americana que elegem o presidente. O candidato vencedor de um Estado leva todos os votos do Estado, menos em Maine e Nebraska, onde os votos são divididos.
"Graças a Deus não temos um sistema desses na Rússia! Por sermos uma democracia pouco madura, ele seria completamente improdutivo e poderia causar verdadeiros desastres", disse Sergei Karaganov, do Instituto da Europa.
"Dois dias após a votação, a mais poderosa nação do mundo não é capaz de dizer aos seus cidadãos quem será seu próximo presidente", resumiu o jornal italiano "Il Messaggero".
Franco Modigliani, italiano prêmio Nobel da economia, afirmou que os norte-americanos "têm a grande oportunidade, que não deveria ser perdida, de finalmente abolir o Colégio Eleitoral".
Um experiente diplomata ocidental disse que o sistema eleitoral dos EUA "poderia provavelmente ser classificado em algum lugar após o do Azerbaijão".
Wichard Woyke, um cientista político da Universidade alemã de Muenster disse: "Os EUA deveriam estar acostumados com esses impasses eleitorais, foram dois no último século e, em ambos os casos, o candidato foi aceito pelo povo e fez um bom governo".
"Os limites da democracia devem ser aceitos, mas pequenas mudanças podem ser feitas", disse Dominique Moisi, do Instituto Francês de Relações Exteriores.
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