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14/11/2000 - 09h37

Desnutrição mata 200 mil crianças por ano na América Latina

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da France Presse
em Washington

A cada ano, mais de 200 mil crianças morrem antes dos cinco anos nas Américas por causa da desnutrição e doenças que poderiam ser facilmente prevenidas ou tratadas, segundo estatísticas da Organização Pan-americana da Saúde (OPS), com sede em Washington.

Esta situação será o ponto crucial na 10ª Cúpula Ibero-americana que se reúne nos dias 17 e 18 deste mês no Panamá para tratar dos problemas da infância e da juventude no continente.

As infecções respiratórias agudas, as diarréias e a baixa resistência provocada por carências alimentares são as três principais causas dessas mortes e 96% delas se concentram em cerca de 15 países, onde a taxa de mortalidade é superior a 30 por mil nascidos vivos.

Nos países mais ricos, Estados Unidos e Canadá, a taxa de mortalidade entre menores de cinco anos é de 8,8 e 7 por mil, respectivamente. O diretor da OPS, George Alleyne, destacou, em 12 de outubro passado, que a pobreza persistente "é o maior problema, que em muitos casos determina o fracasso na conquista dessas metas de saúde".

Em discurso na reunião de ministros da saúde da região, na Jamaica, Alleyne frisou que 40% da população da América Latina e Caribe sobrevivem com rendas de dois dólares por dia ou menos, e a pobreza é o maior impedimento para o acesso aos serviços de saúde.

Ainda mais chocante, relatou, é a desigualdade crescente em matéria de saúde entre os ricos e os pobres da região.

"Um problema quase tão pernicioso quanto a pobreza é a disparidade que consideramos socialmente injustificada e, portanto, a identificamos como injusta", disse o diretor da OPS.

Frisou que há 30 anos o país que estava em pior situação perdia sete crianças para cada uma que morria antes dos cinco anos no país mais avançado, enquanto que hoje em dia a relação é de 14 para uma.

Mas, mesmo essa enorme brecha é mínima frente a uma diferença de cem vezes entre a maior e a menor taxa de mortalidade infantil, acrescenta Alleyne. "A prevalência de doenças infantis é maior entre os pobres, as pessoas com baixo nível de educação, os camponeses e os indígenas, e essas diferenças, que não são determinadas pela biologia, mas sim pelas condições sociais, não deveriam existir", enfatizou Alleyne.

Ainda que a mortalidade infantil tenha diminuido em todos os países da região nas últimas décadas, a OPS acredita que o número de mortes poderia ser reduzido pela metade em quatro anos se melhorasse as condições de nutrição e as medidas preventivas contra doenças transmissíveis.

Com esse objetivo, a OPS, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lançaram um plano de Atenção Integrada às Enfermidades Infantis (AIEPI, sigla em espanhol), conduzido pelos Ministérios da Saúde.

Um dos elementos básicos do plano é difundir a necessidade da alimentação exclusiva de leite materno no mínimo nos primeiros quatro a seis meses de vida, a qual segundo OPS aumenta muito suas possibilidades de sobrevivência, resistência às enfermidades, e de crescimento normal.

Alleyne destacou, no entanto, que poucos países americanos não conseguiram cumprir as metas de redução da mortalidade infantil, e disse que o último caso de poliomielite aconteceu em 1991, o tétano neonatal está confinado a poucos municípios isolados e a região esta em curso para declarar a eliminação do sarampo para o final deste ano.

Os níveis de vacinação contra difteria, tosse comprida e tétano chegaram aos 95%, e as mortes por diarréia e pneumonia continuam baixando graças ao funcionamento de uma estratégia de cuidados integrados para as crianças doentes, indicou.

 

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