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24/12/2000 - 09h45

Virada do ano traz troca de poderes entre Bill e Hillary Clinton

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da France Presse
em Washington

Depois de estar no centro do cenário mundial durante oito anos, Bill Clinton terá de aprender a desempenhar papéis secundários por trás de sua esposa Hillary, que desde já se vislumbra como uma grande diva no Senado, onde representará o Estado de Nova York.

Hillary Clinton já tem garantido um lugar na história dos Estados Unidos, ao converter-se na primeira dama a utilizar o trampolim da Casa Branca para dinamizar uma carreira política nacional.

Adulada pelos liberais e pelas minorias, satanizada pelos conservadores republicanos, a esposa do presidente norte-americano percorreu muito caminho desde seus primeiros passos na política em 1994, quando Clinton lhe confiou a árdua tarefa de liderar uma ambiciosa reforma no sistema de saúde.

O fracasso desse plano foi tão rotundo que nem sequer foi submetido a votação no Congresso. Depois desse revés, Hillary retomou o papel tradicional de primeira dama, dedicando-se às causas caritativas.

Mas a paixão compartilhada pela política que une há um quarto de século os Clinton não a abandonou jamais. E se as possibilidades de levar uma mulher para o Senado pelo Estado de Nova York pareciam incertas no começo do ano, Hillary demonstrou em sete meses de uma esgotante campanha eleitoral que estava pronta para tornar-se uma formidável figura política.

Para isso, dispõe de vantagens consideráveis: classificada como uma das cem melhores advogadas do país, quando exercia a profissão no Arkansas, enquanto seu marido prosseguia sua ascensão política em seu Estado natal, Hillary se revelou como uma intelectual impressionante.

Metodista praticante, é uma trabalhadora empedernida e, o que não é pouca coisa para sua futura carreira de senadora, se beneficiará dos conselhos de um marido considerado como o político norte-americano mais competente de sua geração, embora seu mandato duplo deva ficar marcado pelo selo infamante de um processo de "impeachment".

Para Bill Clinton, que se mostrou sempre como um político hiperativo, o retorno aos 54 anos ao anonimato dos ex-presidentes se torna um passo difícil.

Em recentes entrevistas, deixou claro que continuará defendendo as causas que foram prioritárias em seu programa presidencial de oito anos. "Mas o farei de uma forma que não crie sombra ao próximo presidente, pois o país só pode ter um presidente de cada vez", disse recentemente em uma entrevista muito reveladora à revista "Rolling Stone".

Não escondeu que se inspirará no exemplo de seu último antecessor democrata, Jimmy Carter, escutado pelos norte-americanos mais por sua carreira pós-presidencial de peregrino da paz e pelas grandes causas humanitárias do que pelos quatro anos que passou na Casa Branca.

Mas de imediato, a senadora Clinton e seu marido Bill terão preocupações mais cotidianas.

Embora ninguém possa dizer que são pobres, disporão de uma renda relativamente modesta para os Estados Unidos, somando um salário de parlamentar e outro de aposentadoria de ex-presidente, insuficientes para cobrir vários milhões de dólares de débitos com advogados, em consequência dos casos judiciais que se acumularam ao longo da Presidência (Whitewater, Travelgate, Paula Jones, Monica Lewinsky).

Os dois deram a entender que têm a intenção de escrever livros de memórias, o que pode resolver seus problemas, graças aos suculentos adiantamentos das editoras.

Clinton corre também o risco de continuar com os problemas judiciais. Ainda está pendente sobre ele a ameaça do promotor independente Robert Ray, que tomou a seu cargo os casos deixados pelo famoso promotor especial Kenneth Starr, incluindo uma nova acusação contra ele na questão Monica Lewinsky logo que deixe a Casa Branca.



 

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