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01/09/2001
-
08h18
FERNANDA DA ESCÓSSIA
Enviada especial a Durban
Um acordo de última hora conseguiu incluir a discussão sobre políticas compensatórias na agenda da 3ª Conferência das Nações Unidas contra o Racismo, a Discriminação, a Xenofobia e a Intolerância Correlata iniciada ontem em Durban, na África do Sul.
O grupo de países ocidentais aceitou manter as compensações pelos fatos do passado, como o colonialismo e a escravidão, entre os temas de debate. Exigiu, porém, uma ressalva no texto da agenda explicitando que a discussão não implica a aceitação de indenizações ou reparações.
Países africanos, asiáticos e latino-americanos exigiram a inclusão das compensações na agenda da conferência. O grupo africano é o mais empenhado na proposta de reparações pela escravidão com perdão de dívidas e acordos comerciais.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse que os problemas ligados ao racismo dizem respeito a todos os países e pediu a elaboração de planos nacionais contra a discriminação. Annan afirmou que muitos dos problemas de racismo são legado dos "terríveis erros do passado, como a escravização de povos indígenas por potências coloniais e o tráfico de escravos negros".
Kofi Annan afirmou, porém, que traçar uma conexão direta com o passado pode não ser a maneira mais construtiva de corrigir desigualdades do presente.
O presidente sul-africano, Thabo Mbeki, pediu que seja atacado o legado da escravidão. "É preciso reconhecer o fato de que milhões de pessoas são discriminadas por que não são brancas. Ainda há quem diga de outro: é humano, mas negro".
O ditador de Cuba, Fidel Castro, foi aplaudido no plenário e cercado por jornalistas ao deixar o centro de convenções. Defendeu compensações "por tudo" e disse que os países têm de lutar por seu desenvolvimento.
Cerca de 15 mil ativistas sul-africanos tomaram ontem a frente do centro de convenções, onde acontece a conferência, exigindo reparações pela escravidão e pelo colonialismo. Grupos de sem-terra também protestaram contra o governo da África do Sul.
Os EUA estão participando da conferência contra o racismo com orientação para tentar barrar a linguagem utilizada até agora sobre Israel e sobre o sionismo (movimento político e religioso iniciado no século 19 pela criação do Estado judeu).
A discussão sobre Oriente Médio é um dos pontos mais polêmicos da conferência até agora, porque Israel tem acusado os documentos preliminares de usar linguagem anti-semita.
No discurso de abertura da conferência, Annan disse que o Holocausto jamais será esquecido, mas que é preciso lembrar que os palestinos também não aceitam a ocupação de seus territórios.
"Não podemos esperar que os palestinos aceitem [o Holocausto" como uma razão pela qual os erros cometidos contra eles -deslocamento, ocupação, bloqueios e assassinatos extrajudiciais- deveriam ser ignorados", disse o secretário-geral da ONU.
Estão participando da conferência cerca de 16 mil pessoas de 153 países. Para hoje está prevista nova marcha de ativistas de organizações não-governamentais, na qual são aguardada cerca de 10 mil pessoas.
O chefe da delegação brasileira em Durban, o ministro da Justiça, José Gregori, disse que o Brasil vive hoje o desafio de implementar ações afirmativas contra a desigualdade. "Há muita abertura no Brasil em relação aos problemas que estão sendo focalizados aqui", afirmou.
Gregori disse que não é contra a discussão de políticas afirmativas no campo da educação superior e que já estão sendo tomadas medidas nesse sentido.
"Já houve um apoio importante para os cursinhos pré-vestibulares. Trata-se de dar a todos a mesma possibilidade competitiva", declarou. Gregori vai discursar hoje à noite no plenário da conferência.
Leia mais no especial sobre a conferência da ONU
Reunião sobre racismo vai debater políticas compensatórias
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Enviada especial a Durban
Um acordo de última hora conseguiu incluir a discussão sobre políticas compensatórias na agenda da 3ª Conferência das Nações Unidas contra o Racismo, a Discriminação, a Xenofobia e a Intolerância Correlata iniciada ontem em Durban, na África do Sul.
O grupo de países ocidentais aceitou manter as compensações pelos fatos do passado, como o colonialismo e a escravidão, entre os temas de debate. Exigiu, porém, uma ressalva no texto da agenda explicitando que a discussão não implica a aceitação de indenizações ou reparações.
Países africanos, asiáticos e latino-americanos exigiram a inclusão das compensações na agenda da conferência. O grupo africano é o mais empenhado na proposta de reparações pela escravidão com perdão de dívidas e acordos comerciais.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse que os problemas ligados ao racismo dizem respeito a todos os países e pediu a elaboração de planos nacionais contra a discriminação. Annan afirmou que muitos dos problemas de racismo são legado dos "terríveis erros do passado, como a escravização de povos indígenas por potências coloniais e o tráfico de escravos negros".
Kofi Annan afirmou, porém, que traçar uma conexão direta com o passado pode não ser a maneira mais construtiva de corrigir desigualdades do presente.
O presidente sul-africano, Thabo Mbeki, pediu que seja atacado o legado da escravidão. "É preciso reconhecer o fato de que milhões de pessoas são discriminadas por que não são brancas. Ainda há quem diga de outro: é humano, mas negro".
O ditador de Cuba, Fidel Castro, foi aplaudido no plenário e cercado por jornalistas ao deixar o centro de convenções. Defendeu compensações "por tudo" e disse que os países têm de lutar por seu desenvolvimento.
Cerca de 15 mil ativistas sul-africanos tomaram ontem a frente do centro de convenções, onde acontece a conferência, exigindo reparações pela escravidão e pelo colonialismo. Grupos de sem-terra também protestaram contra o governo da África do Sul.
Os EUA estão participando da conferência contra o racismo com orientação para tentar barrar a linguagem utilizada até agora sobre Israel e sobre o sionismo (movimento político e religioso iniciado no século 19 pela criação do Estado judeu).
A discussão sobre Oriente Médio é um dos pontos mais polêmicos da conferência até agora, porque Israel tem acusado os documentos preliminares de usar linguagem anti-semita.
No discurso de abertura da conferência, Annan disse que o Holocausto jamais será esquecido, mas que é preciso lembrar que os palestinos também não aceitam a ocupação de seus territórios.
"Não podemos esperar que os palestinos aceitem [o Holocausto" como uma razão pela qual os erros cometidos contra eles -deslocamento, ocupação, bloqueios e assassinatos extrajudiciais- deveriam ser ignorados", disse o secretário-geral da ONU.
Estão participando da conferência cerca de 16 mil pessoas de 153 países. Para hoje está prevista nova marcha de ativistas de organizações não-governamentais, na qual são aguardada cerca de 10 mil pessoas.
O chefe da delegação brasileira em Durban, o ministro da Justiça, José Gregori, disse que o Brasil vive hoje o desafio de implementar ações afirmativas contra a desigualdade. "Há muita abertura no Brasil em relação aos problemas que estão sendo focalizados aqui", afirmou.
Gregori disse que não é contra a discussão de políticas afirmativas no campo da educação superior e que já estão sendo tomadas medidas nesse sentido.
"Já houve um apoio importante para os cursinhos pré-vestibulares. Trata-se de dar a todos a mesma possibilidade competitiva", declarou. Gregori vai discursar hoje à noite no plenário da conferência.
Leia mais no especial sobre a conferência da ONU
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